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Claudio Dantas Sequeira - Revista ISTOÉ

A brasiliense Graciela Falqueto Saraiva cultivava desde menina o sonho de envergar um uniforme militar. Nada mais natural para quem cresceu ouvindo as histórias de guerra contadas pelo avô, o tenente Jairo de Freitas Saraiva, veterano da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. Assim como centenas de militares brasileiros, Jairo foi levado ao teatro de operações europeu, em 1945, a bordo de uma embarcação da U. S. Navy, a Marinha americana. Mais de meio século depois, quis o destino que a neta do herói conseguisse vestir um uniforme justamente da Marinha dos Estados Unidos, país onde ela foi viver ainda criança. Graciela integrou o contingente do destróier USS Donald Cook, de 2008 a 2010, em missões da Otan contra piratas no Golfo de Aden, no norte da África. Foi condecorada e indicada para promoção. Mas terminam aí as coincidências entre as trajetórias do avô e de sua neta, que tem dupla nacionalidade.

Em novembro passado, num julgamento sumário, Graciela, 20 anos, foi expulsa da Marinha americana acusada de abuso de drogas. Um exame de rotina constatou em sua urina a substância codeína, analgésico sintético que copia a morfina. Em entrevista à ISTOÉ, ela garante que nunca usou drogas e o analgésico teria sido prescrito por um dentista de Maryland, após a extração de dois pré-molares. “Houve um profundo mal-entendido. Tenho a receita do médico para provar”, afirma Graciela, que não teve direito de defesa. Devido a uma falha administrativa, o endereço em que a Marinha tentou notificá-la estava incompleto e a correspondência voltou. Quanto tomou conhecimento da notificação, o caso já estava encerrado e o prazo de recurso havia expirado. “Por causa disso, não tive tempo suficiente para produzir as provas de minha inocência.” Em ofício protocolado na Justiça Militar, Graciela pediu a reabertura do processo e anexou carta do dentista, um chinês chamado Kim Hunjin, além da nota fiscal do remédio Tylenol 3, com­prado na famosa rede de drogarias americana CVS. “Não tinha a menor ideia de que se tratava de um narcótico ou teria avisado quando fiz o exame”, acrescentou.

 

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Além de ter a carreira militar interrompida, Graciela foi obrigada a devolver as oito condecorações que recebeu por mérito, entre elas as medalhas de serviços prestados à Defesa Nacional, à Otan e à guerra contra o terrorismo. “Graciela está sendo vítima de uma grande injustiça. Ela é uma garota meiga, extremamente inteligente e obstinada pela carreira militar. Sonha tornar-se médica da Marinha e sempre foi uma aluna exemplar”, afirma o advogado da família, Maurício Gomes. “Inconcebível que alguém como ela venha a ser classificada como usuária de drogas de uma hora para outra.”

Para tentar mudar o destino de Graciela, seu pai, Samuel Saraiva, um dos fundadores do PDT em Rondônia, decidiu recorrer à presidente Dilma Rousseff. No início da semana, ele enviou, por meio da embaixada brasileira nos EUA, uma carta em que narra o drama da filha e faz um apelo para que o tema seja abordado no encontro que Dilma terá em março com o presidente Barack Obama, em Brasília. “A honra é um bem valioso. A recomendação política de Vossa Excelência, uma palavra que seja, restabelecerá a verdade”, escreveu. Uma carta similar foi também encaminhada ao presidente Barack Obama. Samuel alega que, em episódios recentes, como o caso do menino Sean Goldman e o acidente com o Legacy pilotado por dois americanos e que levou à morte de 154 pessoas, “o governo americano interveio agressivamente” para ajudar seus cidadãos. “Esses antecedentes reforçam o direito de Vossa Excelência de intervir em favor da Graciela, que leva a bandeira brasileira até quando vai a celebrações na base americana”, diz Samuel na carta a Dilma. Para o pedetista, que há anos trabalha como jornalista nos EUA, uma ação diplomática do governo seria “condizente com a nova posição do Brasil” no cenário internacional.

Reclusa na casa da família em Washington desde que foi expulsa da Marinha, Graciela está deprimida. Tenta manter o ritmo dos estudos de medicina no Montgomery College e, caso não consiga ser reintegrada a U.S. Navy, deve pedir transferência em 2012 para a Universidade de Maryland, em Baltimore. “Espero que Dilma se sensibilize com meu caso. Ser mulher na vida militar não é fácil. A gente tem que provar nossa competência todos os dias. Acho que é assim na política também”, desabafa. As dificuldades, no entanto, não desanimam a marinheira. “Eu amo essa vida e quero recuperar o futuro que tiraram de mim. Acho que meu avô ficaria muito orgulhoso.” Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da embaixada dos EUA em Brasília informou que ainda não tomou conhecimento do caso de Graciela e não poderia se pronunciar a respeito. Resta à família esperar que o apelo funcione e que a marinheira brasileira tenha ao menos a oportunidade de provar o que diz.

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