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Rondoniense engrossa fila de indigentes na Espanha



Crise leva imigrantes a engrossar filas de indigentes na Espanha 


ANELISE INFANTE
da BBC

A crise econômica na Espanha provocou o aumento do número de imigrantes que recorrem a albergues de indigentes. Eles agora representam 70% do grupo --21% a mais que em 2007, segundo relatório da rede católica Cáritas, que apenas em Madri tem 425 albergues.

A brasileira Cristiana Baptista das Neves, 32, é um exemplo dos atingidos pela crise. Morando na Espanha desde 2002, ela passou de uma renda familiar de 3.100 euros mensais (cerca de R$ 9.900) a ser freqüentadora na fila de indigentes do albergue de San Juan de Dios, em Madri, desde novembro passado, sempre com os filhos de 4 e 2 anos.

"Nunca pensei em passar por isso. Meu marido [natural de Rondônia, como ela] ganhava 2.300 mil euros (aproximadamente R$ 7.300) como operário de construção, e agora não acha nada, nem biscate", contou ela à BBC Brasil.

"O meu trabalho de empregada doméstica, que me paga 800 euros [cerca de R$ 2.600] vai todo para as contas do crédito do apartamento. Se não é isso aqui, nem sei", disse Cristiana, que por enquanto não pensa voltar para o Brasil. "Só se não tiver outro jeito, tenho que pensar no futuro dos meus filhos. Lá era auxiliar administrativa e aqui, mesmo como doméstica, eu ganho mais".

Dívidas

Segundo o relatório Foesse sobre Exclusão e Desenvolvimento Social na Espanha, da Cáritas, o novo modelo de indigente tem em média 40 anos, é chefe de família e responsável pela economia da casa, tem formação profissional básica, ficou desempregado e está sufocado pelas dívidas.

"São pessoas que estavam na classe média, tinham uma hipoteca para pagar suas moradias a prazos de 30 anos e viviam com o dinheiro ajustado, sem nenhum recurso para poupar", explicou Victor René, autor do relatório e coordenador de estudos sociológicos da Cáritas na Espanha.

"De repente se viram sem fundos, os apoios familiares acabaram e os seguros-desemprego não cobrem as despesas. São pessoas que jamais haviam entrado em um albergue."

Segundo o relatório, as famílias pobres têm 84,2% de sua renda mensal comprometida com as dívidas, principalmente para pagamento de imóveis. "Isso significa que não sobra para comida ou roupa, e por isso vêm nos pedir ajuda", completou René.

Nos dez primeiros meses de 2008, a demanda por comida e vale-transporte em albergues praticamente dobrou. Já para roupas e calçados, chegou a 43,2%, enquanto pedidos diretos de dinheiro para pagar dívidas cresceram em 55%.

"Envergonhados"

Em Barcelona, a situação é semelhante à de Madri. "Muitos chegam envergonhados. Vêm limpos, bem vestidos, são educados e até pedem para levar a comida para casa porque se sentem mal de comer aqui", disse a freira Soledad Llamas Corrales, madre superiora do albergue San Vicente de Paul, na capital catalã.

O conceito da freira coincide com os dos autores do relatório da Cáritas. Até 2007, os imigrantes eram minoria nos albergues porque tinham facilidade para encontrar trabalho. "Eles se adaptam às circunstâncias mudando de função e região, possuem motivação e normalmente não têm vícios. Mas infelizmente agora demoram mais a achar emprego e isso vira uma carga emocional pesada", descreveu o informe.

Para o sociólogo Jesús Maldonado, da Universidade Complutense de Madri, a Espanha precisa repensar seu sistema de proteção social. "A solução da pobreza é sim um problema do Estado, já que as prestações sociais do país não alcançam 1% do PIB. O futuro, o envelhecimento da sociedade, a entrada de imigrantes... Os novos desafios já chegaram e estão aí nas ruas".

Apesar da crise, brasileiros continuam chegando para ficar na Espanha. Só em Madri entraram em média 4 mil brasileiros em situação legal entre janeiro e outubro de 2008, pelas estimativas do governo municipal.

Trata-se da terceira nacionalidade com maior aumento na capital, atrás apenas de paraguaios e chineses. Segundo estatísticas extra-oficiais de ONGs e associações de imigrantes, já há mais de cem mil brasileiros em toda a Espanha, entre legais e ilegais. 

Fonte: Fonte: Folha de São Paulo com informações do BBC Brasil

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