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Meio Ambiente

População ribeirinha apreensiva, após leilão de usinas


 Luana Lourenço
Agência Brasil

Porto Velho (Rondônia) - Depois de um ano marcado por protestos, moradores das margens do Rio Madeira (RO) que serão atingidos quando a água for represada para formação das barragens das usinas de Santo Antônio e Jirau estão ainda mais apreensivos com a perspectiva do início das obras, após o leilão que definiu o consórcio executor das usinas, em dezembro.

O começo das obras depende da licença de instalação, concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Em entrevista à Agência Brasil no início de janeiro, o diretor de Licenciamento Ambiental do órgão, Roberto Messias Franco, afirmou que a autorização para as obras deverá sair entre o fim de 2008 e o começo do próximo ano. O complexo é um dos principais empreendimentos energéticos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que completa um ano hoje (22).

“Quando eles anunciarem que vão fechar as comportas, se não tiverem retirado a gente de lá, vamos ter de sair, porque ninguém é peixe para viver na água”, desabafa o agricultor José Ferreira da Silva, ribeirinho da comunidade de Joana D'Arc, próxima à futura hidrelétrica de Santo Antônio.

Assim como a família de Silva, outras 2,5 mil terão de deixar a área próxima às hidrelétricas – segundo cálculo das empresas Furnas e Odebrecht, responsáveis pela obra. De acordo com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no estado, esse número pode chegar a 10 mil.

Antes do início das obras, as famílias deverão ser reassentadas em outras regiões. No entanto, grande parte dos ribeirinhos não acredita que a mudança será positiva, de acordo com um dos representantes do MAB, José de Oliveira Paes. “Não queremos que a situação da usina de Samuel se repita. Até hoje, há famílias não indenizadas”, afirmou, em referência aos atingidos pela barragem da hidrelétrica de Samuel, construída a 50 quilômetros de Porto Velho na década de 1980.

De acordo com o MAB, os moradores ainda não têm data ou previsão de quando serão transferidos, o que aumenta a preocupação das comunidades ribeirinhas. “Isso é que eu estou matutando. Só sei que, mais cedo ou mais tarde, vou ter de sair. A minha idéia é sair por morte. Nasci e me criei lá. Jamais quero sair”, conta o pescador José Maria Silva Mendes, morador de uma comunidade próxima à Cachoeira de Teotônio, que ficará submersa com a construção da primeira usina.

O complexo hidrelétrico do Madeira produzirá 6.450 megawatts – aproximadamente metade da potência de Itaipu, usina mais potente do país. Segundo o governo, as duas usinas deverão suprir 8% da demanda energética do país, por meio da integração ao Sistema Interligado Nacional. De acordo com o consórcio Furnas–Odebrecht, a energia produzida pelas turbinas atenderá primeiramente o estado de Rondônia, ainda abastecido por termelétricas. O excedente será exportado para outros estados.

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