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Panobianco: Seca no Rio Negro perto de ser a maior da história do Amazonas


 
O nível do Rio Negro caiu 18 centímetros desta quinta-feira (14) para esta sexta-feira (15), atingindo a marca de 15,13 metros – índice que já está a 38 centímetros da seca histórica de 2005, quando o nível do Rio Negro chegou 14,75 metros.

De acordo com dados do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), apesar do processo de cheia já ter começado nas imediações do município de Tabatinga (distante 1.105 quilômetros da capital), a possibilidade de que o Rio Negro, na área da cidade de Manaus, supere a marca de 2005 é de mais de 70%.

O superintendente do CPRM no Amazonas, Marco Antônio Oliveira, diz que a possibilidade de novo recorde histórico acontece devido ao baixo índice de chuvas registradas no último ano na região amazônica, o que aconteceu, de acordo com ele, em função do fenômeno "El Niño" – caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano pacífico. "Esse fenômeno aconteceu de julho de 2009 até praticamente julho deste ano, e isso teve reflexos diretos no nível do Rio Negro", explica.

Como o processo de cheia acontece, primeiramente, no município de Tabatinga, onde o CPRM mantém uma estação de monitoramento por ser a entrada do Rio Solimões no Estado do Amazonas, a expectativa é que nos próximos 20 dias, de acordo com Marco Antônio Oliveira, já possa ser possível saber se a vazante atual vai ou não atingir a marca de 2005. "Tudo o que acontece na estação de Tabatinga acontece em Manaus, entre 15 e 20 dias depois.

Hoje a situação em Tabatinga já de subida do rio, ele já atingiu um nível recorde essa semana. Antes, o rio desceu a menos 80 centímetros, então esse efeito vai se repetir um pouco mais para baixo, até passar por Fonte Boa, Tefé, Manacapuru e Manaus. O percurso dessa onda de vazante também é longo. E a gente vai sentir se o nível dessa vazante será recorde daqui a 15 ou 20 dias", avisa.

Outro dado que serve de fator para aumentar as chances de novo recorde de seca, para o superintendente do CPRM no Amazonas, é a superação da média histórica de cheias e vazantes, que é de 13 metros. "Em média, o Rio Negro varia em torno de 13 metros, entre cheia e vazante. Alguns anos mais, outros menos. Se compararmos a data de hoje com julho do ano passado, o rio já desceu 15 metros", afirma. Ao contrário dos níveis de cheia, a vazante é mais imprevisível de se prever, de acordo com Marco Antônio Oliveira.

O cientista explica que a seca é influenciada por outros fatores além da chuva, como as chamadas "águas subterrâneas". "Os rios são afloramentos das águas subterrâneas", diz ele. Para ilustrar o que acontece na Amazônia, Oliveira compara a área da Amazônia à região do Nordeste. "No Nordeste não chove, há muito tempo. Há milhares de anos vem chovendo muito pouco. Então as águas subterrâneas ficam em quantidade insuficiente armazenada no solo e quando chega um período de estiagem prolongado, os rios simplesmente secam, simplesmente desaparecem", afirma. O fenômeno, segundo ele, é diferente no caso da Amazônia. "Na Amazônia, como chove há muito tempo, há milhares de anos, existe um reservatório de água subterrânea muito grande. No entanto, se tivermos uma sequência de alguns anos chovendo abaixo da média, isso tem reflexo no período de vazante. O nível das águas subterrâneas é menor, e a quantidade de água que é descarregada para os rios também é menor. E é isso o que está acontecendo este ano", alerta.

O superintendente do CPRM no Amazonas, Marco Antônio Oliveira, não descarta a possibilidade da ocorrência de novos fenômenos de grandes proporções de seca e cheia. "Existe a possibilidade de que aconteça. As dez maiores vazantes registradas ocorreram antes do ano de 1963, enquanto as outras três aconteceram depois dessa data. Se realmente o clima do mundo estiver mudando, podem ocorrer fatores extremos com maior frequência", alerta.

(Fonte: De olho no tempo, com informações D24AM)

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