Quinta-feira, 6 de dezembro de 2018 - 13h47
Pérola Juraszek encerrou a carreira com um dos maiores índices
de produtividade no Poder Judiciário de Rondônia. A servidora convivia com
esclerose lateral amiotrófica, uma doença rara que limitava os movimentos.
Apesar das dificuldades, ela batalhou para ser a única servidora com
autorização para trabalhar em casa e nunca cogitou se aposentar. Pérola morreu
na quarta (5). Ela tinha 48 anos.
Conhecida
principalmente por sua inteligência, marcou todos que a conheceram. Com
capacidade de terminar uma minuta de sentença em 50 minutos, iniciou a carreira
no Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO) como assessora comissionada na 5ª
Vara Cível da comarca de Porto Velho, em 2002. Ali, conheceu o juiz Ilisir
Bueno, uma parceria que duraria anos.
Foi
o próprio magistrado que a incentivou a prestar concurso para o Tribunal de
Justiça de Rondônia (TJRO). Ela passou em 2º lugar, no ano de 2005. “Pérola
sempre foi muito produtiva e responsável. Exemplo de dedicação e superação.
Diante de todas as dificuldades, nunca deixou de sorrir e valorizar as coisas
boas. Sempre transmitiu seus conhecimentos a todos que a procuravam. Era uma
pessoa muito especial”, contou o magistrado.
Assim que passou no concurso, a servidora foi lotada na 5ª Vara
Cível, à época titularizada pelo magistrado José Jorge Ribeiro da Luz, atual
corregedor-geral da Justiça. Ela ficou três meses na unidade, antes de voltar a
trabalhar com o doutor Ilisir Bueno, que havia sido promovido a titular da 7ª
Vara Cível.
“A
Pérola foi uma das melhores alunas que eu tive na faculdade. Brilhante mãe,
exemplo para todos. Mesmo doente era a melhor assessora do Fórum Cível,
produzia mais do que os outros assessores. Só trabalhou comigo por pouco tempo
porque Ilisir não abriu mão dela”, contou o magistrado.
Pérola
foi para a 7ª Vara Cível em agosto de 2005. A doença já começava a demonstrar
sinais. Uma estagiária chamada Aline Guterrez foi a pessoa designada para
auxiliar a assessora no manuseio dos processos, livros e digitação. Atualmente
assessora jurídica na Corregedoria, Aline lembra da amiga com emoção. “Ela era
minha amiga. Ela me ajudava, eu a ajudava. Ela me ensinou tudo o que eu sei.
Era um ser humano maravilhoso, profissional fora da média, excelente”, contou a
servidora.
Aline chegou a acompanhar o processo de Pérola em conseguir trabalhar em casa, na modalidade home-office. Com estágio avançado da esclerose, Pérola não conseguia falar ou se movimentar, mas trabalhava utilizando um equipamento que permitia escrever com o movimento dos olhos. Jamais cogitou se aposentar.
“Ela conseguiu autorização mostrando determinação, vontade e,
acima de tudo, a capacidade de trabalhar. Ela lutou muito e mostrou que podia
usufruir desse direito sem prejuízo para os trabalhos da Vara. E honrou isso
até o fim”, contou Aline Guterrez.
Pérola teve deferimento de home-office em maio do ano passado.
Foi designado um grupo de trabalho para avaliar a capacidade laborativa e
condições da servidora. Ela tinha carga de quatro horas diárias e era
reavaliada a cada 30 dias, por meio de relatórios emitidos pelo juiz
responsável pela Vara. Pérola cumpriu todas as metas.
O filho dela, Lucas Juraszek, conta que a mãe manteve a rotina
de ir ao trabalho na 7ª Cível até o momento que não pode mais conseguir
respirar sem auxílio de aparelhos. Chegou a fazer um curso de francês para
aprender a falar o idioma do país onde a irmã reside, Suíça e ficava
“extremamente estressada” quando a família não podia levá-la ao trabalho. Após
um procedimento de traqueostomia, os médicos chegaram a dizer que não
resistiria. Semanas depois, Pérola melhorou e retornou para casa e a família.
“Imediatamente ela procurou meios para trabalhar novamente, se
atualizar com o novo Código de Processo Civil. E ainda conseguia cuidar de
todos na casa, mesmo deitada em uma cama. Sabia onde precisava limpar a casa,
pois as funcionárias tiravam fotos para ela verificar. Apontava o que precisa
ser substituído, comprado, decorado. Todos os dias queria saber como estava o
neto e se eu viria almoçar em casa. A única diferença dela para as demais
pessoas, era simplesmente a capacidade física de se locomover, se alimentar e
respirar. Mas era extremamente dedicada ao lar e família”, lembrou Lucas
Juraszek.
O vice-presidente da Escola da Magistratura de Rondônia,
Guilherme Baldan, também lamentou o ocorrido. “Trabalhei com ela durante dois
anos, enquanto substituí na 7ª Vara Cível. Ela ensinou a todos nós com
simplicidade, sorriso estampado e extrema inteligência”, disse.
O
assessor de desembargador, Kleber Gonçalves, também homenageou a servidora. Ele
foi amigo de Pérola na época em que trabalhava na 4ª Vara Cível. “Ela sempre
foi muito prestativa. Três características muito marcantes: inteligência,
dedicação ao trabalho e família e bom humor. Pérola, você marcou a todos nós.
Não te esqueceremos”, finalizou.
O
servidor Carlos Henrique Capelasso conviveu com Pérola desde 2009 e acredita
que ela representava um mix de lições e aprendizados. Ele tinha 19 anos quando
começou a trabalhar na 7ª Vara e diz que ganhou uma professora particular da
matéria “Como viver a vida e elaborar decisões sobre a vida das pessoas”.
“Ela chegou a iniciar uma cartilha para portadores da esclerose, informando os direitos de que dispunham. Eu a ajudei em muitas coisas pequenas do cotidiano e acompanhei muitos dos processos que a doença impunha. Mas também perdi as contas de quantas vezes rachamos de rir por conta das situações, processos, piadas. Com toda a rigidez e foco na produtividade que ela tinha, posso dizer que os anos que passei na 7ª Vara construíram quem sou hoje. Ela moldou minha organização pessoal, redação, modo de encarar e analisar os processos”, contou. Carlos foi amigo de Pérola até os últimos dias. Mesmo após a servidora começar a trabalhar em casa, ele a visitava sempre que podia.
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