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Leo Ladeia

POLÍTICA & MURUPI - Para o Brasil o cenário visível é o confronto direto


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POLÍTICA & MURUPI
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1-O establishment dá as cartas    

No livro “Como morrem as democracias” um dos contextos revela a atual bagunça brazuca com os atores e players dos Três Poderes, partidos, empresas, imprensa, universidades, Ongs e caciques regionais com peso político e econômico atuando para evitar qualquer mudança do status quo político nacional usando as armas do institucionalismo, nome dado por experts e que faz opção pelas normas legais e arranjos pré-existentes para explicar e manter o comportamento do ente político, inclusive adotando regras informais estabelecidas e plenamente aceitas. Prefiro, contudo, o termo establishment que é mais antigo e que pode ser entendido como sendo a estrutura ideológica, econômica e política que é a base da formação do estado. Aqui e alhures.

        2-Quem dá forma ao establishment                 

O establishment não tem estatuto, CNPJ, endereço ou empregados. Você não o vê, mas ele é real e opera no dia a dia. É o “centrão” do Congresso Nacional, a Fiesp, o político de família ou aquele conhecido, porém invisível “sistema”, que reina até nas estruturas sindicais ora operando à direita, ora reinando à esquerda. 

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Renan, Temer, Gilmar e Sarney são muitos nomes que o personificam. Eles é que escolhem jóqueis e cavalos colocando-os na raia para a corrida, com regras e travas definidas e por vezes modificadas durante o páreo por eles mesmos. Às vezes a estratégia é aumentar o número de cavalos e noutras é reduzir. Nesta eleição para o establishment a disputa ideal deve se dar com dois cavalos pois qualquer que seja o vencedor o prêmio será alto e já precificado. “Com o coração sangrando e a alma leve” Dória escafedeu-se e bem antes o Moro, depois a Simone. Ficarão os azarões como o Ciro, Emayel, etc. Afinal tem o fundo eleitoral em jogo. 

3-Eliminando os azarões      

Para o establishment outsider é palavrão, ponto fora da curva e séria ameaça ao status quo a ser eliminada. A fala antissistema e anticorrupção fisga o eleitor e se o pregador é eleito debilita o establishment. É o caso do Bolsonaro, o outsider de 2018, que hoje vive às turras com o STF, imprensa, Ongs, etc e quem mais vier.  

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Para não ser apeado do cargo Bolsonaro entregou-se ao “centrão” abdicando da aura purista, mas ainda é visto com desconfiança e para abatê-lo o establishment fez a roda da justiça girar ao contrário mudando processos e como diria a presidente Dilma, “fazendo o diabo” para Lula entrar no circuito como única força política em condições de enfrenta-lo nas urnas. Mas o confronto tem que ser direto, sem azarões, vez que o risco eleger o azarão é tão sinistro quanto escolher um outsider. É esse o caso do Dória que morreu no ninho.   

4-A lógica da não mudança   

Numa metáfora futebolística, “por que mexer em time que está ganhando”? Para o establishment as regras são bloqueios, valas e pesos postos contra qualquer tentativa de mudança obedecendo a uma lógica. É que

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toda mudança exige esforço e inevitavelmente leva ao desconhecido. Foi assim em 1964 contra a esquerda que pregava a mudança radical do regime e ocorre o de novo agora contra as forças direitistas pregando um “novo ordenamento”. Luta inglória. Mudanças ainda que necessárias, esbarram no muro cultural. O discurso de quem as propõe será sempre o mesmo, o “anti alguma coisa” e para ocorrer é preciso aguardar e maturar. Para o establishment e mesmo com todos partidos, o Brasil deve ter apenas um menu: esquerda e direita.  

         5-Por que mudanças são necessárias    

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O Brasil carece da reforma tributária e administrativa para reduzir impostos e devolvê-los ao cidadão em forma de bons serviços, atendimento de demandas e obras a partir de prioridades planejadas e essenciais e da transparência, moralidade e economicidade que reduzem desperdício e corrupção. Parece algo fácil mas está arraigado na nossa sociedade o contrário. E esta é uma realidade latino americana. Vejamos o exemplo do Chile que promoveu a “concertacion” e vê hoje como o establishment lutou e reverteu os ganhos obtidos. Associar a ideia com a Operação Lavajato não é mera coincidência. O acirramento de espíritos não é obra de Bolsonaro ou Lula que são só as vozes do establishment. Na dúvida relembro o Temer indo ao STF para reduzir danos com Bolsonaro com o ministro Moraes ou Alckmin abraçado a Lula para garantir sua aceitação pelo mercado. O pacto federativo? Como? Ele se dá a partir do Congresso e não do Executivo. É como penso!

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