Sábado, 18 de novembro de 2023 - 12h06
Como dizia Silvio Santos quando à época comandava
os domingos televisivos pelo Brasil “EU SÓ ACREDITO VENDO!!!”. Não que eu tenha
mania de duvidar de tudo, mas isso é da minha profissão. Sou uma espécie de São
Tomé, aquele que queria enfiar a mão na ferida de Jesus pra ver se era verdade.
Se Tomé que era “assim” com Jesus fez, imagine eu, pobre descrente de quase tudo,
para acreditar em palavra de político que não vale “nem um quilo da (*)erda de
raposa numa casca de cana piojota”, como cantou Zé Limeira, o Poeta do Absurdo.
Seguindo a tradição do santo desconfiado fui a Guajará Mirim para ver e sentir “in
loco” a história de ponte binacional, coisa mais falsa que retrato da
Independência pintado por Pedro Américo e choro de carpideira. Senti-me na
obrigação de ir. Tinha que ir, depois de anúncios, planilhas eletrônicas, fotos,
rapapés e promessas nunca dantes feitas no país. A coisa é antiga e mais
esquecida que nome de ministro da Dona Dilma. Eu precisava saber – in loco – de
alguma titicazinha que fosse de verdade sobre a monumental ponte binacional que
dizem será a redenção das duas cidades gêmeas. Deixo claro e reconheço que em
matéria de pontes avançamos muito por aquelas bandas esquecidas. Um exemplo são
as duas pontes sobre dois riachos, rios, ou coisa que o valha na antiga BR-425,
com previsão para entrega algum dia desses por aí, talvez do ano vindouro e
talvez antes daquele Hospital de Guajará Mirim que tem a incrível capacidade de
desmoralizar todo e qualquer governador que se meta a concluir a obra. Mas não
vamos perder o foco, ou melhor a ponte. O hospital pode esperar.
Há muito tempo estive com alguns jornalistas num
evento no Hotel Pakaas do querido Paulo Saldanha quando nos foi apresentada uma
coisa espetacular, nova e que pouca gente tinha visto ou ouvido falar: era uma
planilha eletrônica mostrando como seria a ponte binacional. Um e s p e t
á c u l o! O computador mostrava segredos desvendados de como seriam as
duas alfândegas, os carros passando, tudo como se fosse ocorrer naquele mesmo
ano. Coisa que nem chinês saba fazer. E lá estava Sêo Waldir Raupp explicando
como se daria a interação com a proto-quase-recém-futura ZLC que estava
aprovada para iniciar suas atividades dentro em breve, os queijos, vinhos,
uísque e perfumes de La Banda e Saltenhas e fortes Paceñas do lado de cá, em
terras brazukas.
Depois disso, um mutismo ensurdecedor por vários
anos. E olha que tínhamos gente forte no DNIT, Ministério dos Transportes etc.,
etc., etc. Nada disso ou desses foram suficientes para avançar um metro de
ponte ou da ZLC. Agora estão aí os batedores de bumbo outra vez. O DNIT no dia
14 lançou o edital de construção da ponte como parte de outro “caô” que é o Novo
PAC na região Norte. No evento, o ministro dos Transportes, Sêo Renan Filho,
Sêo George Santoro, Dona Viviane Esse, Sêo João Marcelo Galvão de Queiroz, Sêo Marcos
Rocha, Sêo Édgar Montaño, Dona Raissa Paes, e Sêo Angel Freddy Maimura Reina.
Com tanta gente garantindo que agora a ponte agora vai sair, abandonei por dois
dias a minha preguiça queimei duas maratonas Netflix e fui conversar com o povo
de Guajará Mirim e o que vi, ouvi e senti não foi legal não meu sinhô e minha
senhora. O povão, os taxistas, os piloteiros de barco, os comerciantes dos dois
lados estão mais preocupados com os seus próprios umbigos e tocando a vidinha
de fronteira. Em La Banda, do lado de lá tudo parado, mas do lado de cá em
Guajará também. Por coincidência o Duelo da Fronteira está de volta e para quem
gosta de ver festa de boi a cidade espera. Sobre ponte porém a coisa é tipo conversa
mole pra boi dormir. E a ponte vai sair do papel? Será véi?
2-O
ÚLTIMO PINGO
Enquanto o povo do PAC Brazuka
bate bumbo para fazer a ponte em Guajará o Senado adiou a entrada da Bolívia no
Mercosul. Talvez porisso mesmo a “latinidad” via Colômbia – será que existe
algo que baixou nos “hermanos? - deu um cacete na Seleção canarinho que jogou
de arara azul. Para o Senado ainda que a Bolívia não seja tida como uma
ditadura, o país tem presos políticos e dentre eles Jeanine Anez, a
ex-presidente condenada a dez anos de prisão sob a acusação de dar um golpe de
Estado contra Evo Morales. Do lado brazuka temos o 8 de janeiro e assim caminha
a América Latina. É sempre uma no cravo e outra na ferradura. Mas que a Colômbia
mereceu ganhar da “selecinha” mereceu. Já sobre Mercosul deixa quieto...
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