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'CONFÚCIO MENTIU PARA OS SERVIDORES E PASSOU 171', DIZ SINDICALISTA


 

Gente de Opinião“O Governador Confúcio Moura mentiu para a classe de servidores públicos, passando o que chamamos de verdadeiro 171”. A declaração é do administrador e sindicalista, Paulo Cesar Durand (diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Executivo do Estado de Rondônia - Sintraer, e representante de Rondônia no Conselho Federal de Administração - CFA.

Paulo Durand, que é filiado ao PMDB de Rondônia, se envolveu diretamente, em 2010, na campanha de Confúcio Moura ao Governo do Estado. Ele, inclusive, teria fornecido dados relativos à situação dos servidores públicos na gestão Cassol, para servir de base para as propostas do então-candidato Peemedebista.

Na entrevista a seguir, Durand se diz decepcionado com o governo Confúcio, e chega a pedir desculpas às pessoas que ele teria pedido voto. O sindicalista diz ainda que o governador nunca se sentou com os sindicatos dos servidores Poder Executivo, e acusa Confúcio de privilegiar servidores de outros Poderes.

Folha do Servidor – Por que o Senhor diz que o governador Confúcio Moura “mentiu para os servidores públicos”?
Paulo Durand - Porque, quando ele era candidato, o Dr. Confúcio sabia das dificuldades dos servidores públicos, que, no linguajar popular, estão totalmente falidos e literalmente na UTI, enquanto os cofres do Estado estão de vento em popa. Entretanto, o que aconteceu? O Dr. Confúcio se comprometeu durante a campanha eleitoral em encaminhar os PCCS’s (Planos de Carreira, Cargos e Salários) como primeiro ato como governador, afirmando que, após eleito, já nos 100 primeiros dias do mandato implantaria os Planos, visando recuperar partes das perdas que os servidores vinham acumulando ao longo dos anos, nos governos passados. Foi então que, para ganhar a eleição, o Governador Confúcio iludiu a todos com essa promessa.

Folha do Servidor – Qual a posição do governador a respeito dos PCCS’s?
Paulo Durand – Na verdade não há posição, só enrolação! Ontem, por exemplo, nós da diretoria do Sintaer participamos de uma Reunião com o secretário de Administração Sr. Rui Vieira, com a expectativa de ouvir uma resposta a respeito da nossa proposta em relação aos salários, até a efetiva implantação dos PCCS, mas apenas o que foi dito coisas como, que o Governo editou um Decreto de um fluxograma detalhando como vai caminhar as tramitações dos PCCS; que estão trabalhando e querem a participação dos sindicatos; que vai fazer a progressão dos servidores, bem como liberar a insalubridade com pagamento dos retroativos... E acabamos saindo da reunião sem resposta.

 
Folha do Servidor – Pode explicar melhor a respeito da referida proposta que o sindicato apresentou?
Paulo Durand – Apresentamos uma proposta em relação aos salários, até a efetiva implantação dos PCCS, buscando uma igualdade salarial dos servidores, com base na Lei Complementar nº 580 (SEJUS) que está em vigor e o Governo não quer implantar, ou seja, estamos pedindo, nesse momento, o que está na Lei, nenhum centavo acima do que consta na Lei. Estamos pedindo apenas a Isonomia dentro do próprio Poder Executivo, bem como o reajuste de 40% na GAE, assim como foi dado para os servidores da Educação. No entanto, pelo que ficou demonstrado, nem sequer se preocuparam em verificar a nossa proposta, ou fazer qualquer tipo de contraproposta. Já na hora de conceder benefícios para os Procuradores do Estado - só a título de exemplo -, que hoje ganham salários iguais a de Ministros do STJ, a coisa é diferente!
 
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Folha do Servidor – Por que “é diferente”?
Paulo Durand - O Governo não tem coragem de bater de frente com os Poderes (TJ-RO, TCE-RO, MP-RO e ALE-RO) que ultrapassam os limites orçamentários, ignorando completamente a Lei de Responsabilidade Fiscal. Ficando portanto constatado o fato de que é merecido melhorar os salários de quem já ganha muito bem.

Sabemos que existe caixa (financeiro e orçamentário) para o Estado atender as necessidades dos servidores, sobretudo para aqueles que estão passando literalmente fome, como é o caso do pessoal da área administrativa, onde muitos ganham apenas um salário mínimo para tentar alimentar a família, quando cada ano que se passa a arrecadação aumenta substancialmente.
Gostaria que o governador, secretários, desembargadores, juízes, promotores e procuradores e deputados estaduais fosse passar apenas um mês como os míseros salários que esses servidores sobrevivem, para sentir na pele o sofrimento que esse povo esta passando, inclusive com as condições de trabalho totalmente precárias, diferentemente dos espaços nos luxuosos gabinetes com toda infra-estrutura. Faço um desafio a qualquer um deles a passar por esta situação de ter de trabalhar sob as mesmas condições e ainda continuar feliz.

Tem uma pergunta que não quer calar: não é estranho o governador do Estado sair do Palácio para ir ao Tribunal de Justiça se reunir com o Presidente daquela Corte e com os dirigentes do sindicato dos servidores da Justiça, para atender os reclames dos servidores do Judiciário (até onde temos informações). Ainda ocorrendo, posteriormente, a visita do secretário da pasta responsável pelo Orçamento e Finanças do Estado, que compareceu no Tribunal de Justiça na para finalizar os acordos iniciados pelo Governador do Estado, o qual foi ladeado pelo Chefe da Casa Civil. Isso é muito estranho, visto que o Judiciário limita o número de percentual para a Greve na área da Saúde em 80% para inviabilizar a mesma. E ainda neste ano impõem multa pessoal aos professores que permanecessem em greve. Somente eles e Deus sabem dos acordos firmados.

 

Folha do Servidor – A diretoria do Sintraer já se reuniu como governador?
Paulo Durand - Desde o inicio deste Governo, o Sintraer já protocolou cinco solicitando audiência para discutir os assuntos dos interesses dos servidores públicos, e não tivemos nenhuma resposta, enquanto que com o Sindicato do Judiciário é atendido imediatamente. Sequer o Dr. Confúcio sentou com os Sindicatos do Poder Executivo, nem nesta fase de greve no setor da saúde.

Folha do Servidor - E qual é sua posição a respeito dessa greve?
Paulo Durand – Minha opinião é que todos os servidores do Poder Executivo deveriam apoiar maciçamente essa greve, pois nenhuma autoridade está preocupada com a nossa situação. Eles estão tranqüilos com seus salários polpudos, e utilizando aquele famoso ditado: “Farinha pouca? Meu pirão primeiro!”.
Qualquer projeto que é enviado para a Assembléia é votado imediatamente, se aprovam tudo o que o Governo encaminha, quase que de forma unanime, literalmente. Então fica a pergunta: Todos os deputados (ou quase todos) têm alguma preocupação em ajudar, pressionar o Governo para resolver a situação dos servidores públicos? O que se vê é a preocupação dos deputados em resolver seus próprios interesses pessoais. Infelizmente, é isso o que acontece! E como diria Boris Casol “isso é uma vergonha”.
 
Folha do Servidor – Pelo que transmitiu, o Senhor está bastante revoltado
Paulo Durand – Sim, com certeza! Pois como sindicalista e filiado ao PMDB, acreditei na pessoa do Dr. Confúcio, hoje Governador, que o mesmo seria capaz de fazer um excelente trabalho à frente do Poder Executivo do Estado. Mas, posso dizer que estou decepcionado. Quero ainda pedir desculpa aos eleitores e aos servidores para os quais pedi voto, engajado na campanha para eleger Confúcio Moura governador. Confesso que também fui enganado.
 
Fonte : Folhadoservidor.com

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