Seja por suas bombas de araque, por pronunciamentos equivocados, ou até mesmo promessas não cumpridas, o folclore político rondoniense é bastante rico, com fatos curiosos e divertidos que remontam aos idos do Território Federal do Guaporé. Em ocasiões anteriores relatei o caso de uma amante de governador que tinha até poder de Polícia, ou o caso de um outro governador que projetou uma barreira em Vilhena para impedir a chegada de migrantes que chegavam as pencas no final dos anos 70.
Hoje a coisa é com Teixeirão. Com apoio do ministro do Interior Mário David Andreazza, o coronel Jorge Teixeira, prefeito de Manaus, assumiria em 79 o governo de Rondônia com a missão de dotar de infra-estrutura o território para sua transformação em estado.
Logo que chegou Teixeirão criou o governo itinerante como forma de interiorizar as ações governamentais. Com uma energia incomum ele dava um baita cansaço nos políticos, assessores e jornalistas que lhe acompanhavam. Caminhava até 20 quilômetros pelas matas deixando muita gente para trás ou até mesmo desistindo das andanças.
O que mais chamada atenção da imprensa, dos seus assessores e dos políticos era o fato de Teixeirão acordar mais cedo do que tudo mundo e muitas vezes nem tomava café e já chamava todo mundo, ao nascer do sol, para acompanhar suas ações itinerantes, as vezes com gozações, chamando os amigos de “molengas” ou “bananas”. Nomes como Capitão Silvio, Assis Canuto, William Curi, Chiquilito eram presenças constantes, além da imprensa, que tinha o radialista Camata, Amizael (na época ele escrevia para o Guaporé) e outros.
Tanta energia de Teixeirão acabou despertando a curiosidade dos acompanhantes do governador. Se indagava então, se ele tinha superpoderes, pois era o primeiro que acordava, caminhava o dobro que todo mundo, e nem ao menos precisava tomar café da manhã!
Cheia de dúvidas, uma certa noite a comitiva de Teixeirão foi dormir em Ouro Preto do Oste, onde ficava o mais importante projeto de colonização do antigo território. Foi aí que o falecido Amizael resolveu desvendar a coisa: acordou de madrugada e ficou de campana, perto do quarto de Teixeirão. E desvendou o mistério: sem que ninguém soubesse, Teixeirão recebia as cinco da matina, no seu quarto baitas bifes a cavalo, farto café com leite, além de mel e doce de leite em abundância...
Fonte: Carlos Sperança - Gentedeopinião

Sexta-feira, 21 de março de 2025 | Porto Velho (RO)