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Luka Ribeiro

Tango argentino ao som da bigorna



Felipe Azzi
 

                        Era muito afeiçoado a poesias. Recitava com autoridade, de Olavo Bilac a Castro Alves, com pausa estratégica em Fagundes Varela. PASCÔNCIO NATALÊNCIO DOS SANTOS vivia de recitados poéticos e da venda de mel de abelhas, da variedade Jandaíra, que dizia ser especial para abrir os brônquios da gurizada.

                          Era sujeito simplório e de intenções puras. Tirante o cacoete de repuxar a aba da gola do paletó para a direita, com o estiramento do pescoço para a esquerda, defeitismo de que era possuído, no mais, era pessoa confiável e de boa paz. Mas, no ofício poético, sofria muito com os destemperos dos conterrâneos, devido aos exageros de seu poetismo incontrolável.

                           Certa ocasião, num comemorativo municipal, entulhou de versos os ouvidos circunstantes, que o serralheiro AGARTINO CRUZ, já de orelhas crescidas feito abano, vociferou:

                            – Isso é um abuso... Não tem escutador que aguente... Alguém tem que dar cabo a esse despautério... Esse cretino não perde por esperar!

                             E não esperou muito mesmo. Dias depois, passando PASCÔNCIO, entretido com o seu pensar poético, defronte da Serralheria “Boa Sorte”, foi convidado por AGARTINO para apreciar a conformidade do ferro batido na bigorna e, em jeito amistoso, atrelou PASCÔNCIO próximo à bigorna, e danou a malhar o ferro em brasa, resultando num barulho dos capetas. Não bastando, colocou na vitrola um “vinil” de 78 rotações, de conhecido tango argentino, repetindo a mesma canção, vinte vezes, sem intervalo.

                              Findo o suplício, PASCÔNCIO saiu trançando as pernas, meio zonzo, cantarolando o verso que mais calhou no seu mimoso pensar:

                              – Quiero emborachar mi corazon por um amor, tan loco amor... Que más que amor... És um sufrir!...”

                               E, para ser fiel à milonga do tango, foi encharcar a cara com cachaça no Bar de RIOMAR, antigo ponto de encontro para bebericos, da “Pérola do Mamoré”.

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