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Cegos viverão experiência inédita nos estádios brasileiros


Projeto inovador da FIFA no Brasil, narração audiodescritiva levará a emoção das partidas da Copa aos torcedores com comprometimento visual que forem acompanhar os jogos em Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo

Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras. Nesse sentido, o Portal da Copa convida o leitor para uma experiência que dará a ele a noção exata do assunto a ser tratado ao longo desta matéria.

Escolha no Youtube um jogo de futebol de sua preferência. Nossa sugestão é a final da Copa do Mundo de 2002, entre Brasil x Alemanha. Aos 21 minutos do segundo tempo daquela partida, feche os olhos e apenas escute a locução do primeiro dos dois gols de Ronaldo que deram à Seleção seu quinto título mundial.

Então, imagine acompanhar dessa forma toda a Copa do Mundo e ter que usar apenas os ouvidos e a imaginação para sentir a emoção que dezenas de milhões de brasileiros experimentam a cada lance dos duelos do Brasil e, principalmente, todas as vezes que a Seleção marca um gol no Mundial.

Luiz Roberto Magalhães/Portal da Copa

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Pedro Paulo Borges: narração audiodescritiva leverá toda a emoção dos estadios aos torcedores
cegos em Brasília, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro

 

É assim que os cegos ou as pessoas com grande comprometimento visual torcem pelo Brasil durante a Copa. E é por isso que o trabalho de profissionais como o brasiliense Pedro Paulo Borges, 22 anos, é tão importante para essa parcela da população brasileira.

Pedro é um dos 16 voluntários da FIFA que irão narrar os jogos da Copa do Brasil para os cegos ou pessoas com comprometimento visual que forem ao estádio acompanhar as partidas em Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Para esses torcedores especiais, uma frequência exclusiva (que será devidamente informada no estádio) poderá ser acessada por rádios nos celulares ou em aparelhos convencionais. Com isso, os brasileiros cegos poderão acompanhar os duelos nessas arenas tendo um serviço de locução exclusivamente voltado para eles.

Batizado de Narração Audiodescritiva, o projeto é pioneiro no futebol brasileiro e a FIFA espera que ele se torne um dos muitos legados da Copa do mundo do Brasil. “O que todos os envolvidos esperam é que, depois da Copa, as arenas no país possam oferecer este tipo de serviço para que os cegos passem a frequentar mais os estádios”, ressaltou Pedro.

Estudante de jornalismo e atualmente cursando o quinto semestre, Pedro se inscreveu para participar do projeto em fevereiro quando, à época, enviou um vídeo narrando os dois gols de Ronaldo na final da Copa da Alemanha. “No começo de março, recebi um e-mail informando que eu tinha sido selecionado. Fiquei feliz demais”, recordou.

Em cada uma das cidades atendidas pelo projeto quatro narradores trabalharão nos estádios, alternando-se em duplas a cada partida. Em Brasília, os voluntários Ana Freire, Rodrigo Serpa e Patrícia Osandón serão os companheiros de Pedro, que irá narrar cinco jogos.

“Em geral, o que acontece no rádio em partidas de futebol é que muitas vezes os comentários ou os anúncios fazem com que os cegos ou as pessoas com comprometimento visual percam informações dos jogos”, explicou Pedro. “No caso da narração audiodescritiva, a partida é narrada durante os 90 minutos, sem interrupção. E é por isso que são sempre quatro locutores em cada cidade. A cada partida, uma dupla faz a locução e cada locutor da dupla atua durante três ou cinco minutos, sempre se alternando, porque o desgaste na fala é muito grande e não dá para uma pessoa só narrar a partida inteira”.

Clique AQUI e acompanhe um vídeo com o locutor Pedro Paulo Borges narrando, no Estádio Nacional de Brasília, o primeiro gol de Ronaldo na final da Copa do Mundo de 2002 entre Brasil e Alemanha

Curso no Rio de Janeiro

Durante a preparação para o trabalho na Copa, os 16 locutores do projeto Narração Audiodescritiva fizeram um curso especial no Rio de Janeiro, em março. “Durante dois dias, a gente assistiu a uma palestra sobre arbitragem com Arnaldo César Coelho e aprendemos muito com um narrador austríaco chamado Martin Zwischenberger, que tem experiência nesse tipo de narração. Ele deu exemplos de lances de lances de jogos da Itália e da Inglaterra e nós fizemos muitos treinos práticos”, recordou Pedro.

“Durante esse treinamento, fomos acompanhados por deficientes visuais que nos deram um feedback importante na hora das locuções, dizendo o que estava legal e o que poderia ser melhorado”, prosseguiu o narrador.

Desde o curso no Rio de Janeiro, Pedro vem se preparando da melhor forma que pode e treinando intensamente para quando a hora do primeiro desafio chegar, neste domingo (15.06), durante o duelo entre Suíça e Equador, às 13h, a primeira das sete partidas da Copa no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha.

“Em maio, fizemos um teste aqui no estádio em Brasília durante a partida entre Brasília e Sport pela Copa do Brasil. O Martin estava acompanhando todo o teste e gostou do resultado. Além disso, tenho treinado muito em casa. Estudei muito todos os times que vão jogar na capital e decorei os nomes e as posições para facilitar a narração. Também vou prestar muita atenção aos detalhes como cores da chuteira, cortes de cabelo e tudo mais que possa facilitar a identificação dos jogadores na hora das partidas.”

Para os torcedores cegos que forem ao estádio durante a Copa, o mais importante, segundo Pedro, será passar o máximo de detalhes do que acontecer dentro e fora das quatro linhas. “Para mim, essa experiência será muito marcante. A Copa é no Brasil e eu, que sou jornalista esportiva, vou poder participar desse evento histórico narrando os jogos de dentro do estádio para esses torcedores tão especiais. Vou viver a realização de um sonho e só o que eu posso dizer é que vou me empenhar ao máximo para cumprir o meu papel da melhor forma para que os torcedores cegos tenham uma experiência inesquecível dentro do estádio.”

Fonte: Luiz Roberto Magalhães, do Portal da Copa em Brasília

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