Quinta-feira, 23 de outubro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Tecnologia

Temos que usar a IA para nos tornarmos mais humanos, diz juiz federal durante palestra no MPRO


Temos que usar a IA para nos tornarmos mais humanos, diz juiz federal durante palestra no MPRO - Gente de Opinião

O Ministério Público de Rondônia (MPRO) promoveu nesta quarta-feira (22/10), no auditório do prédio-sede da instituição em Porto Velho, palestra sobre escrita jurídica e transformação digital com inteligência artificial, em continuidade à programação do Mês do Servidor. A atividade foi conduzida pelo juiz federal George Marmelstein Lima, referência nacional na aplicação de modelos de linguagem ao processo judicial, e reuniu mais de trezentos participantes, entre servidores e membros, também acompanhada de forma online.

O Procurador-Geral de Justiça, Alexandre Jésus de Queiroz Santiago, destacou a relevância do tema e o compromisso do MPRO em se preparar para os desafios trazidos pela transformação digital.

“O Ministério Público de Rondônia tem investido bastante nessa área, com ferramentas contratadas e outras em desenvolvimento. É essencial termos essa compreensão para fazermos o melhor uso dessas tecnologias em nosso dia a dia.”, afirmou.

Temos que usar a IA para nos tornarmos mais humanos, diz juiz federal durante palestra no MPRO - Gente de Opinião

A revolução cognitiva

Juiz Federal desde 2001, doutor em filosofia do direito pela Universidade de Coimbra e mestre em direito constitucional pela Universidade Federal do Ceará. O palestrante iniciou sua fala situando a inteligência artificial (IA) como parte de uma revolução cognitiva em curso, comparando-a a outras “próteses cognitivas” criadas ao longo da história — como a escrita, o livro e o computador.

Segundo ele, a IA generativa é uma nova extensão do pensamento humano e passará a integrar todas as atividades. “Em pouco tempo, todas as tarefas jurídicas — análise, escrita, pesquisa, decisão e criação — serão realizadas com a colaboração da inteligência artificial. Ela estará presente no nosso ambiente como a eletricidade ou a internet”, afirmou.

George Marmelstein explicou que, no campo jurídico, essas ferramentas já melhoram a eficiência de audiências, análises processuais e produção de peças. “Quase todos aqui já utilizam a inteligência artificial no trabalho, e essa é uma tendência sem volta. O importante é usar de forma ética, consciente e segura”, ressaltou.

Durante a palestra, Marmelstein apresentou a tese de que alguns modelos de IA já alcançaram a chamada singularidade jurídica — momento em que as máquinas executam tarefas cognitivas com desempenho igual ou superior ao humano. “Os modelos mais robustos já são capazes de analisar processos complexos, interpretar provas, argumentar e redigir decisões com qualidade superior à de juristas experientes. Isso nos leva a repensar nosso papel”, 

Temos que usar a IA para nos tornarmos mais humanos, diz juiz federal durante palestra no MPRO - Gente de Opinião

Evolução dos usuários

O palestrante apresentou uma linha do tempo da evolução dos modelos de linguagem — desde as primeiras versões, em 2021, até os sistemas avançados atuais — e destacou que 2024 e 2025 marcaram uma virada na forma como usuários interagem com a IA.

“Os modelos deixaram de ser estagiários limitados e se tornaram sistemas altamente competentes, capazes de processar centenas de páginas de informação. Mas o salto mais importante foi do lado do usuário, que passou a dominar técnicas deengenharia de prompt, como a cadeia de pensamento e o RAG, para orientar as máquinas com precisão”, explicou.

Mais humanos

Ao encerrar a palestra, Marmelstein reforçou que o maior desafio atual não é tecnológico, mas humano. “Temos que usar a IA para nos tornarmos mais humanos”, disse ao explicar que usar a ferramenta para analisar dados sobre uma futura audiência oferece tempo para conversar com as partes, para ser mais empático e mais tranquilo. “É muito mais humano esse modo de conduzir uma audiência com inteligência artificial do que simplesmente você ficar naquele modo alienado, trabalhando mecanicamente, sem saber o que está acontecendo”.

A palestra faz parte da programação do Mês do Servidor do Ministério Público de Rondônia, iniciativa voltada a valorizar o trabalho dos integrantes da instituição e oferecer oportunidades de formação e atualização em temas que dialogam com o futuro da atuação ministerial.

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 23 de outubro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Anatel endurece regras de cibersegurança para equipamentos de telecom; exigência passa a valer em 26 de novembro de 2025

Anatel endurece regras de cibersegurança para equipamentos de telecom; exigência passa a valer em 26 de novembro de 2025

A Anatel tornou obrigatória a comprovação de segurança cibernética para equipamentos usados por operadoras e provedores de internet. A partir de 26/

Maratona de inovação movimenta o IFRO e cria soluções para os desafios de Porto Velho

Maratona de inovação movimenta o IFRO e cria soluções para os desafios de Porto Velho

De 17 a 19 de outubro, a Biblioteca do IFRO – Campus Calama foi transformado em um verdadeiro laboratório de futuro. Entre post-its, laptops e ideia

Estudantes de Ji-Paraná representam Rondônia em Mostra Nacional de Robótica, no Espírito Santo

Estudantes de Ji-Paraná representam Rondônia em Mostra Nacional de Robótica, no Espírito Santo

O projeto “Robótica em Sala de Aula: Ultrapassando fronteiras com o Sbotics” de autoria de quatro estudantes da escola Beatriz Ferreira da Silva, d

Uso excessivo de telas na infância acende alerta sobre impactos no desenvolvimento

Uso excessivo de telas na infância acende alerta sobre impactos no desenvolvimento

A rotina cada vez mais digital tem transformado o modo como crianças se relacionam com o mundo e também como se desenvolvem. O aumento do tempo dian

Gente de Opinião Quinta-feira, 23 de outubro de 2025 | Porto Velho (RO)