Domingo, 29 de maio de 2011 - 17h05
Manaus - O professor Manuel Cardoso, uma das maiores autoridades do Amazonas em temas como tecnologia e inovação, não acredita no volume de investimento que vem sendo divulgado pela Foxconn para instalação de sua fábrica de tablets em Jundiaí, São Paulo.
Para ele, um aporte de US$ 12 bilhões é simplesmente desproporcional. Nesta entrevista ele explica os motivos de sua descrença. Por outro lado, Cardoso admite que, se a Zona Franca perder os tablets - o que parece um fato já irreversível - o caminho estará aberto para o desmonte do polo de eletroeletrônicos, um dos principais pilares da indústria amazonense.
O que o senhor acha do investimento da Foxconn na produção de tablets?
Um investimento de US$ 12 bilhões, com geração de 100 mil empregos é pouco acreditável. Dizer que ali vão produzir o iPad, da Apple, é duvidar de nossa inteligência. Seria para atender quem? O mercado americano é atendido por fábricas na fronteira com o México, por questões como proximidade e logística. Outra questão é que o preço do tablet está em queda, já tem modelos custando US$ 600. Como investir todo esse montante em um produto com o preço em queda?
Ainda assim, o anúncio do investimento foi endossado pelo Governo. Qual seria o fundamento desse aporte?
Eu gostaria de saber que fundamento têm esses US$ 12 bilhões. A menos que a fábrica seja uma réplica do palácio de Versailles (na França, um dos maiores palácios do mundo).
De qualquer forma, em que medida a inviabilidade de se produzir tablets na Zona Franca representa uma perda para o modelo?
Perder os tablets preocupa, e muito, a Zona Franca. A indústria eletroeletrônica é um dos pilares do modelo. O nível de competência de algumas de nossas fábricas é de referência mundial. É algo que foi construído ao longo de 40 anos. No entanto, em 1998, com a Lei de Informática, perdemos a produção de computadores e celulares. Hoje, temos em torno de 7% da produção de computadores do Brasil.
Mas no segmento de celulares, a Nokia ficou.
Se analisarmos, perdemos os celulares também. A Nokia foi mantida a pão de ló, já que não contribui com quase nada para o Estado. Empresas como a CCE e como a Moto Honda, que geram milhares de empregos não têm toda essa deferência. Nós, que somos cidadãos, não podemos aceitar que os impostos que pagamos sejam aplicados dessa forma.
O senhor diria que a convergência tecnológica está ocorrendo a uma velocidade maior do que nossa indústria consegue acompanhar?
Os computadores são substituídos com uma dinâmica muito rápida. O telefone deixa de ser um simples aparelho de comunicação e torna-se smartphone. Já existe em funcionamento, em laboratório, telas de LED que se dobram, são flexíveis. Se abrimos mão dos tablets, no médio prazo, poderemos perder o polo de eletroeletrônicos.
Como o senhor acha que será a TV do futuro?
Em minha opinião, as TVs do futuro - daqui a uns 30 ou 40 anos - serão óculos com computadores. Os usuários terão a sensação de ter diante de si uma tela de 40 polegadas. Haverá softwares sofisticados e computadores mais poderosos. Até lá, o Governo do Estado tem que cumprir algumas metas importantes, como investimentos pesados em capital intelectual.
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