Quarta-feira, 14 de abril de 2010 - 10h14
Luana Lourenço
Agência Brasil
Boa Vista - Um ano depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que confirmou a demarcação em área contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR) e da saída dos grandes produtores de arroz da área, os índios ainda estão “arrumando a casa”, uma área de 1,7 milhão de hectares, e preparando projetos para chegar a opções de produção e renda.
“Depois de 35 anos de luta, a reconstrução não é assim rápida. Depois de dez anos vamos poder ver de fato os resultados”, disse o coordenador-geral do Conselho Indígena de Roraima,(CIR), o índio macuxi Dionito José de Souza, em entrevista à Agência Brasil.
“Sofremos este ano por causa da seca. Não tivemos todo o apoio do governo federal para colocar estrutura, projetos. Mas temos esse planejamento para trabalhar com agricultura e pecuária.” A área das antigas fazendas de arroz, por exemplo, até agora só foi ocupada com pastos para criação de gado coletivo.
Apesar das dificuldades, Souza – principal líder em defesa da demarcação contínua – diz que o povo “está mais feliz” e que há mais liberdade para os 19 mil indígenas macuxi, wapixana, patamona, ingaricó e taurepang que vivem na reserva.
Sorridente e muito mais à vontade do que na época do auge do conflito com os arrozeiros, o líder macuxi recebeu a reportagem em uma das sedes do CIR em Boa Vista, pouco antes de seguir para a comunidade do Maturuca, no interior da Raposa Serra do Sol, que vai sediar a Festa da Homologação, entre amanhã (15) e terça-feira (20), e deve receber o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Dia do Índio (19 de abril).
Após a festa simbólica, a prioridade é executar projetos para garantir a produção de alimentos e buscar financiamento – no governo e em instituições “de fora”, segundo Souza. “Não queremos assistencialismo. Não entraremos em projetos a troco de boné. Os povos indígenas não precisam viver de migalhas.”
Há previsão de parcerias com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O líder do CIR aposta na organização coletiva para alavancar a produção, com trabalho e divisão comunitária de alguns bens, numa espécie de socialismo indígena.
Entre os planos do CIR também está a exploração turística do Lago Caracaranã, no interior da Raposa. De acordo com Souza, a ideia é cobrar pela visitação do lago com praia de águas cristalinas, considerado uma das paisagens mais bonitas do estado.
Na prática, a iniciativa contraria a decisão do STF, que proibiu a exploração econômica de áreas da reserva e a cobrança de tarifas ou ingressos para entrada ou permanência na região. O coordenador disse que a proibição deverá ser negociada.
O líder indígena disse que após a saída dos arrozeiros não teve notícia de conflitos entre indígenas e os grandes produtores e evitou comentar a relação com antigos desafetos, como o rizicultor Paulo César Quartiero, líder da resistência à demarcação em área contínua. “Nem escuto mais falar em arrozeiro. Só sei que há muita terra no Brasil onde eles podem plantar arroz”, desconversa.
À frente da Coordenação-Geral do CIR desde 2008, Souza diz que não tem pretensões políticas para a disputa eleitoral de outubro, mas não descartou uma candidatura nas eleições municipais de 2012, provavelmente como candidato à prefeito de Uiramutã, município nos arredores da Raposa.
Até lá, o macuxi disse que pretende descansar e “ficar um pouco em casa”, com os dez filhos. O mais novo, de 9 meses, foi batizado de Dionito Ayres, em homenagem ao ministro do STF Carlos Ayres Britto, que deu parecer favorável à demarcação contínua da Raposa e teve o voto seguido pela maioria do tribunal.
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