Quinta-feira, 27 de janeiro de 2011 - 15h32
Alana Gandra
Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os preços dos alimentos, que foram o grande vilão da inflação de 5,9%, registrada no ano passado, devem ter recuo ao longo de 2011. É o que indica a primeira edição do boletim Conjuntura em Foco, divulgada hoje (27) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no Rio de Janeiro. Os alimentos respondem por quase 60% da variação da inflação.
O diretor adjunto de Estudos e Políticas Macroeconômicas do instituto, Renaut Michel, afirmou que há possibilidade de queda de preços dos alimentos este ano, “em função da própria safra e do desempenho macroeconômico também. O ritmo de crescimento do Brasil vai reduzir em 2011. E isso tem aspecto positivo no que se refere à inflação”.
Além disso, o aumento real menor do salário mínimo, que tinha forte impacto na demanda até o ano passado, deve ser reduzido. “Isso também vai contribuir em relação à queda de preços, em particular de alimentos”, disse Michel. Ele acredita que o movimento deve ocorrer tanto no varejo como no atacado.
Michel confirmou que as recentes enchentes que assolaram o Brasil em vários pontos do país terão impacto na inflação. Acrescentou, contudo, que como se trata de um efeito sazonal, a expectativa é que isso se dilua ao longo do ano, não comprometendo a trajetória geral da inflação. “Mas, sem dúvida, no curto prazo, a gente já está vendo na oferta. Há um impacto negativo no que se refere, especificamente, a hortaliças”.
A estimativa, porém, é que a inflação em 2011 se mantenha dentro da meta de 4,5% fixada pelo governo, considerando a margem de tolerância de dois pontos percentuais para cima e para baixo. “O modelo reconhece essas bandas de mais dois e menos dois como sendo também a meta. Então, eu não vejo grandes sustos para a inflação ficar muito além da meta, não”, avaliou o diretor do Ipea.
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