Patricia Duarte - Agência O Globo
O interesse dos investidores diretos estrangeiros no Brasil continua crescendo. Do início de março até esta sexta-feira, somam US$ 950 milhões. As informações são do chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes. O técnico prevê um fluxo de US$ 1,2 bilhão para o mês inteiro.
Em função do fluxo expressivo de investimento nos primeiros meses do ano, o BC elevou sua previsão de ingressos em 2007 de US$ 18 bilhões para US$ 20 bilhões. Segundo Lopes, essa nova estimativa leva em conta, além do volume já ingressado, sondagens da autoridade monetária que sinalizam tendência de crescimento dos investimentos. Se confirmados esses US$ 20 bilhões, será o maior volume de investimentos externos diretos a entrar no país em um ano sem privatizações.
Sobre investimento brasileiro no exterior, o BC também revisou suas projeções para 2007, que passaram de déficit de US$ 4 bilhões para US$ 5,5 bilhões. Na avaliação de Lopes, esse movimento é positivo porque mostra que as empresas nacionais estão estendendo suas atividades no mercado internacional.
Títulos públicos
Em títulos públicos brasileiros, os investimentos estrangeiros somaram US$ 1,199 bilhão em fevereiro, uma redução ante os US$ 1,811 bilhão registrados no mesmo mês do ano passado, quando entrou em vigor a desoneração tributária sobre os ganhos obtidos pelos não-residentes nessas aplicações.
Em 2006, os investimentos em renda fixa por estrangeiros somaram um total de US$ 11,042 bilhões, número que não deve se repetir este ano, segundo Lopes. No primeiro bimestre deste ano, eles somaram US$ 1,387 bilhão, contra US$ 1,934 bilhão em igual período de 2006.
Transações correntes
O saldo das transações correntes brasileiras, que são as operações que o Brasil realiza com o exterior, como pagamento de juros, envio de lucros e dividendos, ficou positivo em US$ 593 milhões em fevereiro. No entanto, o número ficou abaixo da estimativa do Banco Central para o período (US$ 850 milhões) e do resultado de fevereiro de 2006, que atingiu US$ 647 milhões.
A conta corrente é formada por três itens: a balança comercial resultante de exportações e importações; a conta de serviços e rendas, que une fluxos de entradas nas diversas modalidades de empréstimos externos e de saídas para o pagamento de juros, remessas de lucros e de serviços em geral (como viagens e transportes); e as transferências unilaterais correntes, que são recursos enviados por brasileiros que moram no exterior.
Dívida externa
De acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira pela autoridade monetária, a dívida externa nacional fechou o ano de 2006 em US$ 172,459 bilhões. Houve uma elevação em relação aos US$ 169,45 bilhões registrados no fim de 2005.
Para fevereiro, a dívida externa é estimada em US$ 170,016 bilhões. A dívida externa de médio e longo prazos ficou em US$ 146,782 bilhões, ante US$ 152,256 bilhões em dezembro de 2006. A dívida de curto prazo era projetada em US$ 23,234 bilhões, abaixo dos US$ 20,192 bilhões de dezembro.
Balanço de Pagamentos
O Balanço de Pagamentos do país, que contabiliza a conta de transações correntes e a conta de capital e financeira, também apresentou resultado positivo em fevereiro deste ano, atingindo US$ 9,264 bilhões. No mês, as transações correntes registraram superávit de US$ 593 milhões, enquanto que a conta de capital e financeira ficou positiva em US$ 8,875 bilhões. A conta de erros e omissões ficou negativa em US$ 205 milhões.
No primeiro bimestre de 2007, o balanço de pagamentos acumula superávit de US$ 14,842 bilhões. O montante é bem superior ao resultado acumulado em igual período do ano passado, que foi positivo em US$ 3,46 bilhões.
Fluxo Cambial
O Banco Central também anunciou que o fluxo cambial, que é a entrada e saída de moeda estrangeira no país, estava positivo em US$ 3,778 bilhões entre os dias 1º e 21 de março. O número mostra que houve uma desaceleração do superávit este mês, já que, em fevereiro, todo ele ficou em US$ 6,977 bilhões. Neste mês, o mercado viveu período de forte turbulência, vinda sobretudo da China, o que deixou os investidores mais cautelosos.
Em março, o saldo da conta comercial estava positivo em US$ 3,127 bilhões, com exportações em US$ 8,511 bilhões e importações de US$ 5,383 bilhões. Ainda segundo o BC, pelo lado financeiro, as compras somaram US$ 16,220 bilhões no período, enquando as vendas ficaram positivas em US$ 15,570 bilhões. No dia 21, a posição vendida dos bancos estava em US$ 8,046 bilhões.
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