Quinta-feira, 2 de outubro de 2008 - 19h27
Stênio Ribeiro
Agência Brasil
Brasília - O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, afirma que o governo vai anunciar, em breve, novas medidas para facilitar mais o financiamento imobiliário. Isso porque, segundo ele, ainda tem muita gente que não pode financiar um imóvel.
O Brasil, destacou o ministro, tem um sistema imobiliário completamente diferente do norte-americano, onde começou a crise financeira que se espalha pelo mundo. Ele disse que os bancos brasileiros têm muita capacidade de investir e de financiar, além de existir demanda.
O que precisamos, disse ele, é compatibilizar os juros, as prestações e condições de financiamento com a renda das pessoas. Em especial das famílias de menor poder aquisitivo. Paulo Bernardo afirmou que o governo quer ampliar o acesso e não vê nenhum problema com o crescimento de crédito imobiliário no país.
Muito pelo contrário, acrescentou o ministro. De acordo com ele, o financiamento imobiliário no Brasil tem crescido de forma sustentável, saudável, e está alimentando a indústria de material de construção. É uma coisa positiva, que tem que ser mantida, enfatizou. O mercado imobiliário brasileiro não tem nenhum tipo de problema, segundo Paulo Bernardo.
O que aconteceu no mercado americano foi que primeiro os imóveis se valorizaram excessivamente. Depois houve um movimento muito grande para financiar e refinanciar. Então, quando veio o problema, verificou-se que o sistema estava todo bichado.
No Brasil, o setor funciona de forma diferente, com foco maior nos financiamentos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que têm regras próprias para a concessão de créditos para a aquisição de imóveis.
Por causa disso e em razão da grande demanda por casa própria, o aumento dos níveis de empregos e da renda familiar estimulou a recuperação do mercado de imóveis, com crescimento constante nos últimos quatro anos, de acordo com relatório da Companhia Brasileira da Indústria de Construção (CBIC).
A expansão tem-se verificado de forma mais forte ainda neste ano, com ritmo de contratações acima das expectativas dos agentes financeiros. Números da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostram que o setor cresceu 92,5%, de janeiro a agosto, em relação a igual período do ano passado.
Nesses oito meses, as operações com dinheiro das cadernetas de poupança para financiar 197.820 moradias somaram R$ 19,876 bilhões. A expectativa da Abecip é de que o volume de recursos chegue a R$ 30 bilhões no final do ano, e o número de unidades financiadas alcance 300 mil, superando o recorde de 1981, quando foram financiados 267 mil imóveis.
Computados, porém, os financiamentos da Caixa Econômica Federal com recursos do FGTS, o número de moradias financiadas ultrapassa 336 mil unidades até agora, com destaque para o crescimento de aquisições pelas populações de menor renda. Estatística da Caixa constatou que a faixa de renda familiar até cinco salários mínimos responde por quase metade (48%) das operações de crédito imobiliário. A Caixa deve divulgar os números de setembro na próxima semana.
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