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Economia - Nacional

FMI:Brasil tem espaço para manter ciclo de aperto monetário



Alessandra Corrêa

Da BBC Brasil
em Washington

Em um momento em que enfrenta riscos de superaquecimento, o Brasil tem espaço para manter o ciclo de aperto monetário, diz um relatório divulgado nesta segunda-feira pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e elaborado a partir do encontro de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20, encerrado no domingo, em Washington.

"No Brasil, condições fáceis de financiamento externo e o rápido crescimento do crédito estão contribuindo para pressões de superaquecimento", diz o relatório "Global Economic Prospects and Policy Challenges", ao citar problemas como o aumento da inflação e do déficit em conta corrente.

"Há espaço para continuar com o ciclo de aperto da política monetária, enquanto as importantes medidas recentes de consolidação fiscal devem entrar em efeito gradualmente", diz o texto.

No documento, o Brasil é citado como exemplo dos riscos representados pelo rápido aumento de crédito em algumas economias emergentes.

"Exemplos atuais dignos de nota de crescimento especialmente rápido do crédito, interrompido apenas brevemente pela crise financeira mundial, incluem o Brasil, a China (e Hong Kong) e a Turquia", diz o relatório.

Crédito

O G20 reúne as principais economias avançadas e em desenvolvimento, entre elas o Brasil, e a partir da crise mundial se transformou no principal fórum de discussão sobre uma reforma no sistema financeiro internacional.

Segundo o FMI, caso não sejam abordados com "respostas apropriadas", os atuais sinais de crescimento muito rápido do crédito em economias emergentes do G20 podem trazer riscos de novas crises financeiras e ter impacto negativo no crescimento de alguns países.

"Os booms de crédito estiveram relacionados a recentes crises nos sistemas bancários', diz o relatório.

Segundo o FMI, é difícil identificar com precisão e rapidez quando um boom de crédito é bom ou ruim.

O Fundo cita, porém exemplos históricos para afirmar que os booms de crédito geralmente são ruins quando são maiores, mais duradouros e associados à alta na inflação ou rápida elevação dos preços imobiliários, além de virem acompanhados de aumento no déficit em conta corrente - problemas presentes na economia brasileira no momento.

Inflação

A pressão inflacionária já levou o Banco Central a admitir que a inflação ficará fora do centro da meta (de 4,5%) neste ano, chegando a 5,6% (ainda abaixo do teto, de 6,5%). No entanto, essa projeção já é questionada por alguns analistas, que temem um aumento maior da inflação em 2011.

Na última sexta-feira, em um discurso em Washington, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que o Brasil está no meio de um ciclo de aperto monetário e que ainda há "trabalho pela frente" para evitar que o fluxo excessivo de capitais que entra no país e a consequente pressão inflacionária coloquem em risco a estabilidade financeira.

As declarações de Tombini mexeram com os mercados no Brasil, onde foram interpretadas como sinalização de um prolongamento no ciclo de aperto da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 11,75%. Também aumentaram a expectativa para a reunião desta semana do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), em que são decididas possíveis mudanças na Selic.

Segundo o relatório do FMI, para evitar o superaquecimento em meio ao excessivo fluxo de capitais, os emergentes devem buscar "uma combinação de consolidação fiscal e altas taxas de juros".

Câmbio

O Fundo também considera aceitável o uso de controles de capital para conter o riscos de que os problemas causados pelos grandes fluxos de capital nessas economias acabem afetando outros países.

"A apreciação da taxa de câmbio que pode resultar é parte do ajuste desejável, aumenta a renda real, e não deve ser encarada com resistência", diz o documento.

O fluxo excessivo de capitais chega aos emergentes atraído especialmente pelas altas taxas de juros, em comparação com as baixas taxas nas economias avançadas, que enfrentam uma recuperação mais lenta.

Um dos efeitos desse cenário, em países como o Brasil, é a valorização das moedas locais, o que reduz a competitividade das exportações.

Desde o ano passado o governo brasileiro vem adotando medidas para tentar combater a entrada excessiva de capitais e conter a valorização do real frente ao dólar.

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