Quarta-feira, 27 de janeiro de 2010 - 08h46
Na contramão de vozes mais radicais do Fórum Social Mundial, o economista Paul Singer disse hoje (26) que o Fórum Econômico Mundial de Davos não é “uma reunião de demônios”.
“Davos também tem diferenças internas. Tem muita gente boa lá no meio, inclusive da economia solidária”, ponderou. "O George Soros, por exemplo, é de esquerda, é um dos maiores críticos do mundo em que vive”, acrescentou.
Em palestra sobre a nova conjuntura econômica, após o auge da crise financeira internacional, Singer defendeu o controle dos bancos para evitar que o mercado financeiro se descole da economia real. O economista, que é Secretário de Economia Solidária do Ministério do Trabalho, disse que essa possibilidade é viável e possível no sistema capitalista vigente.
“No Brasil acabou de acontecer isso. O Brasil foi salvo pelos bancos públicos. É preciso tornar os grande bancos públicos submetidos ao controle da sociedade e sobretudo fomentar o que chamamos de finanças solidárias, da vizinhança, da comunidade”, argumentou.
O controle dos bancos também deve ser um dos temas discutidos no Fórum Econômico de Davos.
A escritora e doutora em política pela Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais de Paris, Susan George, também defendeu maior controle sobre a regulamentação da economia. “Os bancos são nossos, nós pagamos pelos bancos, eles têm que receber ordens políticas. Temos que direcionar o capital para investimentos em energia gratuita e alimentos. O mundo está cheio de dinheiro, dinheiro não é problema, o problema é a política”, argumentou.
Segundo Susan, atualmente o sistema financeiro é colocado na frente da economia real, da sociedade e do meio ambiente, como em um esquema de círculos concêntricos, em que o financeiro é o maior a mais importante.
“Nossa tarefa é inverter a ordem desses círculos. Não podemos vencer a natureza. Se continuarmos como agora teremos aumento da temperatura. Não estamos falando de uma crise ecológica planetária, o planeta vai continuar, pode se sair muito bem sem nós; o que discutimos aqui é a possibilidade de a vida desaparecer”, apontou.
Fonte: Agência Brasil
Luana Lourenço
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