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Governo pode ficar sem professores em 2012 se carreira não se reinventar


 

Por Marcos Lock

“A Educação brasileira precisa ser demolida e reinventada”. Esta foi um das afirmações proclamadas pelo professor Celso Ferrarezi Jr. diante de uma atenta platéia de professores de primeiro e segundo graus, na abertura do I Fiecs – Fórum Intermunicipal de Educação do Cone Sul de Rondônia, neste dia 16, quarta-feira, à noite, no Salão da Igreja Nossa Senhora Auxiliadora, em Vilhena. Governo pode ficar sem professores em 2012 se carreira não se reinventar - Gente de OpiniãoSegundo ele, a escola deve procurar sua verdadeira missão, que é de provocar a formação integral do cidadão e criar condições para que ele, mais do que um bom profissional, seja feliz. “Isto faz toda a diferença”, disse Ferrarezi, que é docente associado da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e doutor em Linguística-Semântica. Durante sua fala, de cerca de duas horas, ele salientou com ênfase a importância do ambiente escolar como algo que dever ‘beirar o sagrado’ e, principalmente, a valorização indelével do papel de quem detém a responsabilidade de ensinar. 

Sua defesa do professor como o elo central do processo pedagógico foi vigorosa em muitos momentos, provocando aplausos constantes do público presente, integrado por profissionais do ensino em sua maioria. Ferrarezi entende que é o núcleo de sustentação do processo pedagógico deve ser mesmo o professor e não o aluno, fenômeno verificado na esmagadora maioria das escolas que visitou em todo o País. “O aluno passa pela escola, mas quem fica, permanece e zela pelo estabelecimento é o professor e todos aqueles que o apóiam”, frisou. O professor continua sendo uma das maiores referências para a vida de muitas pessoas e portanto, ele deve, mais do que transmitir conhecimentos, adotar uma postura existencial com relação aos seus alunos dentro e fora da sala de aula.

Para formar alguém feliz é preciso que o docente detenha este mesmo estado de espírito e, para tanto, será preciso revalorizar a carreira e recuperar o encanto pela sala de aula. São preocupações iminentes do MEC e que estão orientando providências no sentido de atrair interessados às 700 mil novas vagas a serem criadas no País até 2012. Para o doutor da Unir há o risco destes postos não serem ocupados pela falta de interesse dos jovens pela carreira no magistério. “Técnicos do Ministério com os quais mantive contato há dias atrás afirmam categoricamente que 30% da educação brasileira pode parar”, alerta. O professor, em sua visão, precisa ser inserido definitivamente como alguém que faz parte da rede de interesses da escola e ter suas questões salariais sanadas, com condições de trabalho adequadas quando não está na sala de aula, com a organização de bibliotecas exclusivas para docentes, assinaturas de periódicos e também com computadores para consultas à internet.

NOVA REALIDADE

O enfoque de Ferrarezi agradou em cheio a platéia. Para a gerente de Educação Infantil Roselaine Reis, o palestrante foi muito autêntico. “Ele deu o recado naquilo que diz respeito à qualidade. Abordou de forma corajosa a educação como um todo, falando dos professores e da gestão escolar. E, acima de tudo, esclareceu a possibilidade de que sempre é possível mudar a nossa realidade”. Já para Maria Marta Moreira, professora em Vilhena no Ensino Médio, a abordagem foi muito objetiva e nos mostrou caminhos para superar o lado depreciativo da nossa profissão. A professora Inez Gomes Teixeira, que atua na Educação Infantil, enfatizou que a realidade apresentada na palestra motivou os professores porque “foram ditas algumas verdades que todos nós precisávamos ouvir”.

O professor paulista Roberto Nicolau Schorr, oriundo da cidade de Marília, convidado especial do evento e autor do livro “Gerenciando a Educação Municipal”, ficou surpreso com o grande número de pessoas presentes, mas questiona-se sobre algumas abordagens críticas da palestra. “Será que, mais uma vez, não estamos reforçando um estereótipo negativo do professor?”, interrogou. Alexandre Stella, palestrante motivacional, também paulista, do município de Bragança Paulista, entende que poderiam ser abordados aspectos menos duros da realidade da vida cotidiana do professor. “As pessoas gostaram muito com certeza das propostas do professor Ferrarezi, mas acho que o sonho de dar aulas e atuar no ensino ainda é bastante vivo e continua levando as pessoas a se tornarem professores”.

Na conclusão de sua apresentação, o professor Celso Ferrarezi Júnior alinhavou no final, sendo aplaudido de pé pelo auditório: “Se a escola, de todos os níveis, pública ou privada, não revelar um novo padrão de existência, uma nova visão de mundo e levar os alunos a entender que novas possibilidades podem se abrir para a sua vida, ela não estará cumprindo o seu verdadeiro papel”.· 

Marcos Lock, MTb 17.592/SP
 

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