Terça-feira, 2 de dezembro de 2025 - 11h30

A exposição “Microcosmos”, do artista plástico Flávio Dutka, com mais de 85 obras a ser realizada na Casa de Cultura Ivan Marrocos, em Porto Velho (RO), se inscreve como um marco na reflexão sobre a arte amazônica contemporânea. Artista com trajetória consolidada no Brasil e no exterior, Dutka propõe uma investigação visual que transcende a representação tradicional da paisagem. Sua obra transforma o detalhe minúsculo em metáfora da totalidade.
A mostra será
inaugurada com um Vernissage no dia 05 de dezembro, às 19h30. Sob
a perspectiva da crítica e da pesquisa em artes visuais, a exposição contribui
de forma significativa para o debate sobre estética, ecologia e circulação
cultural.
Dutka
não se limita ao exotismo ou à paisagem monumental da Amazônia;
em vez disso, ele valoriza o microscópico como um espaço potente de revelação
estética e política. Sua pesquisa se manifesta em uma técnica singular,
onde traços, pontos e linhas criam campos visuais que oscilam com elegância
entre a figuração e a abstração, explorando a
luminosidade e a textura como elementos estruturantes da obra
A Lente que Amplia Universos Invisíveis
A própria noção de
MICROCOSMO remete a antigas tradições filosóficas que veem o fragmento como
reflexo do universo. Na arte, essa ideia encontra ressonância
em práticas que fazem do detalhe um campo de significação.
A obra de Dutka, nesse sentido, dialoga com
pensadores contemporâneos: se a percepção é uma experiência fundamentalmente
fenomenológica, como defendia Maurice Merleau-Ponty, então a forma como o
artista "vê" e nos apresenta o detalhe amazônico é uma experiência singular
e profunda.
Na exposição, cada tela
funciona como uma lente que amplia universos invisíveis ao olhar cotidiano. Essa
ambiguidade formal inerente à técnica do artista permite ao espectador
transitar livremente entre o reconhecimento da flora ou da estrutura da água
amazônica e a contemplação de estruturas plásticas puras e autônomas.
Arte, Ecologia e Ensino Comunitário
A obra de Dutka possui
uma notável dimensão ecológica e social. Ao focar no detalhe, o
artista plástico denuncia a fragilidade ambiental,
transformando o elemento natural microscópico em um símbolo urgente da crise
ecológica.
É
um convite à reflexão sobre o que se perde quando se destrói o que mal se
consegue ver.
Além da dimensão
ambiental, existe uma forte dimensão pedagógica. Como
educador em comunidades ribeirinhas, como na Resex do lago Cuniã,
Dutka articula arte e formação, ampliando o alcance social de sua produção. A exposição reconhece esse trabalho ao incluir uma seção
dedicada às obras de seus alunos no Projeto Percepções Amazônicas,
demonstrando que a arte é também uma ferramenta de transformação comunitária.
Finalmente, a dimensão
[internacional] do trabalho de Dutka é inegável. Suas
exposições atestam a capacidade da arte amazônica de se inserir em circuitos globais,
desmistificando a ideia de que a produção amazônica está isolada.
Arte,
Comunidade e Lançamento de Livro

Além das obras
singulares de Flávio Dutka, a exposição reserva um momento especial para a
apresentação final do projeto “Percepções Amazônicas: A poesia da Amazônia
em formas e cores”, inspirado na obra
poética do cantor e compositor Bado.
Contemplado pela Lei
Paulo Gustavo – Edital nº 10/2024 da SEJUCEL/SIEC, na linha de fomento
às Artes Integradas, o projeto foi desenvolvido na E.M.E.F. Francisco
Braga, com o apoio
fundamental do diretor Fernando Estevão e sua equipe, além da colaboração do
professor Diniz Albuquerque e da Magma Produtora.
As telas produzidas
pelos jovens da RESEX Lago do Cuniã ganham
protagonismo ao traduzir em cores, traços e texturas a força poética da
Amazônia.
Sob a curadoria de Flávio Dutka, cada obra
revela o olhar sensível das comunidades ribeirinhas sobre seu território,
transformando vivências cotidianas em arte contemporânea. Essa mostra evidencia como a criação artística pode ser uma
poderosa ferramenta de transformação social, fruto do intenso trabalho
pedagógico que Dutka desenvolve como educador junto às populações tradicionais.
A noite de vernissage
também será marcada pelo lançamento do livro “Escola das Águas”,
escrito por Elizane Nunes e Miquelly Tito Sanches, e edição da Temática Editora
e Cursos e do livro de poesia “Arte, Amor e
Desventuras” da autora Eva da Silva Alves, ambos com ilustrações
de Flávio Dutka — reforçando o diálogo entre literatura,
artes visuais e memória amazônica.
Logo a Exposição “Microcosmos”
reafirma Flávio Dutka como um dos nomes centrais das artes visuais da
região.
Sua obra articula de maneira coesa estética,
ecologia e pedagogia, oferecendo um vasto e
rico material para a pesquisa e o pensamento sobre a arte contemporânea
produzida a partir da Amazônia. A exposição na Casa
de Cultura Ivan Marrocos não só fortalece o espaço como polo cultural, mas
também intensifica o debate sobre a circulação da arte brasileira em diversos
contextos, provando que, no microcosmo, reside a chave para a compreensão do
macro universo.
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