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Fabiano Barros

Recital Mormaço com Elizeu Braga, é um “Poeta beradeiro”


Foto: Raissa Dourado - Gente de Opinião
Foto: Raissa Dourado

Quando analisamos todos os trabalhos artísticos que circularam de 2008 a 2019 pelos estados que compõe o projeto SESC Amazônia das artes, percebemos que há no trabalho da curadoria o cuidado de legitimar uma proposta do processo criativo e coletivo dessa região.

A todo momento, são produzidas ações conceituais, intelectuais e inovadoras na Amazônia, que posteriormente, são codificadas e representadas nas sete linguagens artísticas contempladas no projeto.

Terry Eagleton em Orientalismo (1985), coloca que, a ideia que nós temos do oriente é inventada por nós mesmo. Por exemplo, a ideia de Amazônia é uma invenção e, nós, passamos a nos perceber e aceitar a partir do olhar do outro. É uma Amazônia desconhecida e inventada! Dentro dessa ótica, acabamos fetichizando o conceito de ARTE na Amazônia.

É comum ao pretenso espectador de outras regiões brasileiras, o pensamento de, ao contemplar ou assistir uma obra artística produzida nessa região, irão encontrar elementos totalmente referenciais da cultura nativa ou socioculturais de uma determinada localidade, pois, se espera que tudo que será apresentado terá uma característica totalmente bairrista.

De toda forma, a necessidade de querer encontrar elementos referenciais da Amazônia nas obras de artes não é de todo mal, quando um artista consegue de forma verdadeira legitimar um retrato do real, ai sim, somos contemplados com a verdade que por sua vez, desmitifica o olhar romântico e preconceituoso desse território. Isso é o que acontece no recital poético rondoniense Mormaço de Elizeu Braga.

O Rondoniense Elizeu Braga, é um “Poeta beradeiro” que após experiencias densas em sua vida, resolveu resgatar, o “seu eu menino” que ao se mudar da beira do Rio Madeira para a cidade de Porto Velho, sofria com apelidos pejorativos na escola. Elizeu é autor dos livros Cantigas e Mormaço, além de poemas publicados de formas diversas.

Inspirado na realidade ribeirinha o poeta mostra no espetáculo Mormaço, diversos elementos, resultado de experiências particulares que por meio da oralidade nos coloca em contato com estórias que parecem contados por um pescador.

O tempo, é algo quase visível, é um tic tac desconhecido por quem se acostumou com a ausência de calma do mundo urbano.

Se a expectativa do público ao ir assistir Mormaço é encontrar uma encenação, logo, será surpreendido por uma inquietação ao se deparar com a verdade, pois tudo posto na cena parte de uma realidade desconhecida por muitos, realidade essa, que muitas vezes são retratada em outras obras, de uma forma alegóricas ou caricaturizada. Pois a afirmação dessa verdade, aparece quando o poeta durante o bate papo que acontece após a apresentação, se refere a sua ação como, “dizer poesia”, Elizeu Braga não interpreta, ele simplesmente “Diz poesia”.

Mormaço é um banzeiro forte, criado por uma embarcação carregada de mitos, dores e felicidades de um povo que tem os rios como casa e crença.

Aos poucos esse banzeiro vem se aproximando das grandes cidades, fazendo com que muitos de nós, reflita e construa um novo olhar da realidade vivida pelo homem urbano, que a cada dia se resguarda pelo conceito de necessidade de progresso.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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