Terça-feira, 30 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Cultura

Cinema brasileiro sofre com falta de distribuição


Mariana Tokarnia

Agência Brasil, Olinda (PE) – Produzir um filme hoje no Brasil é difícil, fazer com que ele chegue às salas de cinema, à programação das TVs, é quase impossível até mesmo para os melhores filme do Brasil, o diretor de cinema Cláudio Assis fala com propriedade. Seus longa-metragens: Amarelo Manga (2002), Baixio das Bestas (2006) e Febre do Rato (2011) foram todos premiados nos principais festivais de cinema do país e todos receberam o título de melhor filme por um ou mais júris. Em debate na 8ª Bienal de Arte e Cultura da União Nacional dos Estudantes, Assis compartilha as dificuldade em ser cineasta e discute o cenário com especialistas e estudantes.

“Trabalhamos, lutamos, fizemos o melhor filme [Febre do Rato], mas ele não está nas salas do país. Circulou inclusive pela Europa, mas chegou a poucos cinemas brasileiros. A produção audiovisual brasileira não pode ficar só nos festivais. Temos que ocupar as salas, temos que melhorar a distribuição”, diz Cláudio.

O cineasta foi rebatido pelo diretor-presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Manoel Rangel, também presente no debate. Ele afirmou que o cinema ainda tem muitas falhas, mas avançou muito ao longo dos últimos anos. Segundo ele, em 2003 o setor recebeu R$ 40 milhões do governo federal e R$ 100 milhões em leis de incentivo. Em 2012, houve um crescimento de mais de seis vezes, o investimento do governo passou para R$ 300 milhões e os incentivos mais que dobraram, alcançando R$ 250 milhões.

Os valores são destinados à produção audiovisual. A dificuldade maior está na hora de exibir as obras. São hoje 2,5 mil salas em todo o país, o que equivale a uma sala para cada 79 mil habitantes, de acordo com a Ancine. Rangel é otimista. “Em 2002, tínhamos uma sala para cada 95 mil habitantes. Uma pequena mudança, mas não podemos deixar de reconhecê-la”.

Além de não chegar aos espectadores, os filmes não seriam acessíveis. O cineasta amazonense Júnior Rodrigues faz parte do projeto Uayná Lágrimas, que viaja o país exibindo filmes com audiodescrição (para surdos) e videodescrição (para cegos e pessoas de baixa visão). “Hoje não existem nem dados de quantos filmes acessíveis são produzidos, nem de quantos são exibidos. Viajamos a capitais e encontramos pessoas com deficiência que nunca tiveram acesso ao cinema”.

Cabe à Ancine a fiscalização de empresas produtoras, programadoras, distribuidoras e exibidoras, bem como aquelas que comercializam produtos e conteúdos audiovisuais. Rangel reconheceu que há falhas. “Existem brasileiros que nunca entraram numa sala de cinema”.

A 8ª Bienal de Arte e Cultura da UNE é considerada o maior evento estudantil da América Latina. As atividades vão até o este sábado (26) e incluem mostras de teatro, música e cinema, seminários de esportes, além de apresentações de trabalhos acadêmicos e de extensão. O tema desta edição é A Volta da Asa Branca, uma Homenagem ao Sanfoneiro Luiz Gonzaga, cujo centenário foi comemorado em 2012. As atividades são gratuitas e abertas à comunidade. A programação completa pode ser consultada no site da bienal
 

Gente de OpiniãoTerça-feira, 30 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Documentário sobre a Festa do Divino na Comunidade Quilombola de Santa Cruz é exibido para alunos do EJA em Cerejeiras

Documentário sobre a Festa do Divino na Comunidade Quilombola de Santa Cruz é exibido para alunos do EJA em Cerejeiras

O curta-metragem documental “Vozes do Divino: Tradição e Cultura na Comunidade Quilombola de Santa Cruz” foi exibido no dia 29 de outubro para aluno

Quando o clima muda, o rio Madeira fala através do cinema

Quando o clima muda, o rio Madeira fala através do cinema

Se o mundo está à beira do colapso climático, o curta-metragem CL[y]MATICS, do Coletivo Madeirista de Rondônia, preferiu falar uma linguagem que qua

Con(cs)erto de Ferro e Flor” estreia em Ji-Paraná com exibição gratuita, acessível e debate sobre violência de gênero

Con(cs)erto de Ferro e Flor” estreia em Ji-Paraná com exibição gratuita, acessível e debate sobre violência de gênero

O documentário “Con(cs)erto de Ferro e Flor”, dirigido e roteirizado por Rafaela Oliveira, será lançado no próximo dia 29 de dezembro, às 19h30, na

Escola Barão do Solimões marca presença na Coletânea Porto Velho em Poesia

Escola Barão do Solimões marca presença na Coletânea Porto Velho em Poesia

A Coletânea Porto Velho em Poesia, lançada recentemente  na Assembleia Legislativa de Rondônia, reúnem mulheres escritoras que transformam memória,

Gente de Opinião Terça-feira, 30 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)