Sábado, 26 de dezembro de 2009 - 10h30
Bruno Peron Loureiro
Desventurada hora em que queremos escutar uma boa música na rádio e, depois de percorrer exaustivamente várias estações, tudo o que conseguimos sintonizar são aquelas dez melhores canções que tocam todos os dias ou uma voz que estimula incansavelmente a que compremos tal produto e tenhamos qual serviço que vai eliminar nossas pretensas frustrações materiais e deixar-nos mais felizes, bonitos e satisfeitos.
Em horário comercial, é o que se encontra na maioria das estações de rádio. Os idealizadores desta tecnologia no século XIX não imaginavam o alcance que esta invenção teria, que já foi usada para fazer propaganda política em tempos de guerra. É mister destacar que a finalidade da rádio não é só tocar música como se poderia esperar, uma vez que este meio de comunicação serve até de forma de contato no transporte aéreo e marítimo.
Enquanto ao conteúdo musical, o repertório de uma rádio é escolhido em função do segmento de audiência que ela quer alcançar e das diretrizes da indústria de fonogramas que determina quais canções devem compor a lista das mais tocadas. O espectador é cúmplice de uma trama comercial quando pede uma canção pelo telefone. A música é apenas um aspecto, que me parece fator de isca criado por algumas emissoras para outros fins.
Entendo a liberdade de empreendimento e expressão como importante e necessária para o desenvolvimento do país e de uma cidadania global, mas lamento que os que mais deveriam ouvir e apreciar os programas educativos da rádio, quando e onde os tenha de qualidade, são os que menos o fazem por cair na trama publicitária e das “10 mais ouvidas” que eles mesmos solicitam por telefone.
As finalidades da rádio são tão diversas, porém, que, enquanto um número de emissoras depende de propaganda e outras formas de incentivo privado para divulgar, lucrar e sobreviver, há também as que dedicam seu tempo para o jornalismo responsável e a programação de melhor qualidade educativa. Dependendo de sua fonte de financiamento e orientação ideológica, algumas dedicam também minutos a conselhos religiosos e preces.
A famosa Voz do Brasil por muito tempo ofereceu alternativa compulsória ao avanço da rádio privada e tentou aproximar o cidadão brasileiro da política, embora sofresse resistência de alguns setores. Trata-se do programa de rádio mais antigo do país e que informa sobre as atividades dos poderes federais. Aproveito a oportunidade para recordar a função social de rádios comunitárias, que sofrem de travas burocráticas para licença de emissão.
Seja na rádio AM, cujo sinal chega mais longe e de qualidade inferior por ser modulado por amplitude, ou na FM, cujo sinal tem menor alcance e qualidade superior devido à modulação por frequência, as opiniões e propostas críticas de intervenção na sociedade são escassas, a menos que alguma rádio comunitária dê voz aos excluídos. Antes que se reprima a falta de papéis pela burocracia que poucas vezes lhes dá o direito de falar.
Bruno Peron Loureiro é analista de relações internacionais
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