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Vinício Carrilho

A Fazenda de Pit Bulls


A Fazenda de Pit Bulls - Gente de Opinião

Em algum momento depois de 1919, após a temida espécie de Pit Bulls – uma mistura de reptlianos vingadores – tomar o poder da Ordem Mundial, os ETs (“Exímios Tolerantes”) resolveram arrumar suas malas e iniciaram a saída da nossa querida Terra Plana. 

Os Pit Bulls, entre latir e morder, punham todos em estado de pânico, o povo ou era comida (feito um gado manso) ou era escravizado nas colônias: algumas produziam plantas nervosas e alucinógenas, outras extraiam carvão. Dizia-se que a energia solar não ajudava a Terra Plana e que a energia eólica provocava poluição.

 Essa era a base da economia política da Terra Plana naquela– e dos carneiros ainda mais dóceis indo ao trabalho escravo (quando saíam do calabouço). Louvando-se a Deux.

Os antigos canais de Telenovela e filmes de faroeste estavam sob a Sharia Neoludita – um misto de crença redentora divina, e que combatia o excesso de inteligência. Assistia-se, obrigatoriamente, cinco minutos de fala monetizada no Disk Top. Era um tipo de missa digital.

Criou-se não apenas um governo central (“Sionista Reunidos”), como também um Império Social que se espalhava feito abelha: era o auge do auge do Movimento Anti Inteligência. 

O Brasil seguia como um forte competidor, inesgotável aliado e fornecedor de matérias primas: tanto natural quanto humana. A cultura nacional emprestava jeitinhos para tudo. Em certos momentos, a anti inteligência ficou tão clara e inquestionável que muitos alegaram ter “avistado” Raul em cima de um disco prateado.

Também por essa época pós-apocalíptica, ápice do encontro entre todos os senhores da guerra e as mil pragas que vinham disfarçadas de vírus, os ETs (“Exímios Tolerantes”) foram perdendo sua graça e, é claro, sua Aura Mágica de Tolerância. Era o segundo Dia D – o primeiro foi numa parada chamada Normandia, o segundo vinha das profundezas da Terra Plana.

O Movimento Anti Inteligência dizia que o núcleo da Terra Plana provocava o aquecimento global e, em outro belo dia, também resolveram agir contra a feroz natureza. Aplicaram a doutrina da Terra Arrasada e puseram em prática a tática do fogo contra fogo. Tocaram queimadas em tudo que era lugar, começando pela Amazônia. O fogo provocado deveria combater o “fogo queimado” (davam esse nome) que vinha do núcleo da Terra Plana.

Nessa época todos e todas estavam plenos de sabedoria anti-ciência. Claro, a Sharia Consumerista não os desapontava. 

Porém, alguns dos parcos e infelizes cientistas desafiam com a pergunta clássica – e pagavam com o desterro: “˂Como é que a Terra Plana gira? ˃”. Desterrados, roucos e quase loucos de tanto falar contra o Movimento Anti Inteligência, juntaram-se aos temíveis Antifas. 

Antifas eram aqueles que sobreviveram ao 1º Dia D, mas que foram derrotados nos séculos seguintes; passando-se da Era do Armagedon ao Redentorismo Pecuniário – ou pentecostalismo de coalisão em resultados. No Brasil Plano eram conhecidos por Centrão. 

Nesse ponto de fadiga de todos os materiais que compunha a sinapse dos Antifas, a Terra Plana parou. O gado mugia, o cão latia, mas os ETs – que já não mais diziam “paz e ciência”, porque a paciência entrou em total colapso nervoso e em extinção – subiram a bordo de suas aeronaves movidas a energia solar e contaram até dez, para ver quem queria partir.

Todo mundo subiu, menos os Pit Bulls. É óbvio. Afinal de contas, o cão latia.

E aí começaram duas novas sagas. A primeira será contada pelos ETs, a segunda é essa que vivemos agora na querida Terra Plana. A primeira saga é precisamente a primeira Utopia Pós-Moderna (embarcar num disco voador e deixar para trás todos os Pit Bulls Sionistas); a segunda é a dialética distopia pré-moderna – em ebulição, nesse exato momento, com o adventismo talibã. 

Nesse dia, entrou em cartaz pelo Youtube a encenação da peça Fazenda Modelo – do Antifa (cringe) Chico Buarque. No primeiro ato via-se um dormente, sem trilhos, e numa cabeça vazia roncava uma dúvida: Era o começo ou o final da Dinastia 01, 02, 03, 04, 05!?

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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