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Gente de Opinião

Silvio Santos

Zekatraca - Lenha na Fogueira 07/10/09



CÂMARA

Sessão solene
para Porto Velho


Mariana Carvalho foi elogiada por todos os oradores pela iniciativa

Os 95 anos do município de Porto Velho que aconteceu no dia 2 passado, foi alvo de homenagens durante sessão solene realizada na tarde da última segunda feira 5, na Câmara de Vereadores. 

A sessão especial atendeu o requerimento da vereadora Mariana Carvalho (PSDB) com objetivo de mostrar aos novos habitantes e a juventude da capital de Rondônia a história da cidade que nasceu durante a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. “Muita gente não sabe sequer o porquê da nossa cidade receber o nome de Porto Velho”, lembrou a vereadora. O plenário da câmara ficou lotado com alunos do colégio Paulo Leal e populares interessados na história de Porto Velho. Entre os convidados especiais destacamos o autor do hino de Porto Velho Cláudio Batista Feitosa, professora Yedda Bozarcov. Aparício Carvalho, secretário da Semfaz Wilson Correia representando o prefeito Roberto Sobrinho, secretário de obras Marcelo Fernandes, o agitador cultural João Carlos Alves Maracanã, o colunista cultural Silvio Santos Zekatraca, advogada representante da OAB Elizabeth Oliveira e a Bailarina da Praça entre outros. O presidente José Hermínio (PT), abriu à sessão franqueando à palavra a vereadora Mariana Carvalho autora do requerimento, que falou da satisfação em poder homenagear o município em que nasceu. “Nossa história precisa ser contada aos jovens e a todos que adotam Porto Velho como suas cidades, como é o caso do meu pai Aparício Carvalho que veio do Rio de Janeiro e da minha mãe Maria Silvia que veio de São Paulo”, disse Mariana. 

Entre os oradores o vereador Marcelo Reis (PV) que também é portovelhense lembrou sua infância no bairro Tucumanzal e fez várias referências ao colunista Zekatraca do Diário da Amazônia; Yedda Bozarvov retratou o município lembrando numa espécie de poema pessoas consideradas pioneiras que viveram e vivem na cidade. O vereador Zequinha Araújo também portovelhense também falou da sua infância contando histórias da cidade. José Wildes (PT), falou da Porto Velho dos dias de hoje assim como o vereador Cláudio Carvalho (PT), Cláudio da Padaria disse que certa vez saiu de um show da dupla Bruno e Marrone com raiva porque eles não deixaram a Bailarina da Praça subir ao palco para dançar. Ellis Regina, (PC do B), também filha das barrancas do Madeira, vizinha do Hotel Floresta, emocionada confessou que também “comia as mangas do cemitério”. E relatou: “vim ao mundo pelas mãos da parteira Zoraide”, Minha mãe era lavadeira, hoje ta perto de se aposentar por essa Casa”. Aparício Carvalho disse do orgulho de ser pai da vereadora Mariana Carvalho e disse do seu amor pela cidade de Porto Velho. 

Entre tantos discurso o que mais emocionou a todos os presentes na câmara municipal naquela tarde/noite foi o depoimento da senhora Bailarina da Praça. Ela levou o presidente Hermínio a assumir o compromisso de encontrar uma fórmula para ajudá-la no desenvolvimento do seu trabalho de levar alegria ao povo e à cidade. Mãe de três adolescentes de 17, 19 e 21 anos ela desabafou; “Nunca ninguém me ajudou, nunca ninguém perguntou como é que eu vivo nunca ninguém foi na minha casa ver como eu moro. Já fui humilhada, discriminada, empurrada. Já enfrentei muito segurança. Tudo isso por querer fazer o meu trabalho, levar alegria para todo mundo com a minha dança, minhas fantasias e meu sorriso”. Nas minhas apresentações, prosseguiu a Bailarina “sempre peço para os estudantes não se envolverem com drogas e nunca venderem o seu corpo”, finalizou sendo calorosamente aplaudida. 

Por fim Silvio Santos disse que Porto Velho, é uma cidade estado pela sua dimensão geográfica e após lembrar sua infância “amocegando” trem na Madeira Mamoré, cantou a canção de sua autoria Porto, Velho Porto. 

 




A sessão especial solicitada pela vereadora Mariana Carvalho que aconteceu na tarde de segunda feira na Câmara Municipal de Porto Velho, foi bastante concorrida.

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Ali vimos portovelhense de nascimento e por adoção dizendo o quanto amam essa terra da antiga Madeira Mamoré e das atuais Usinas do Madeira.

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Emocionados, os oradores que usaram a tribuna, contaram histórias de suas vivências em Porto Velho.

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Zequinha Araújo foi buscar o tempo do Café Santos.

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Enquanto o secretário Wilson Correia lembrou o tempo que ia comprar pão na padaria do Reski.

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A vereadora Elis Regina disse que cansou de pegar “carão” de sua mãe por insistir em comer manga do cemitério dos Inocentes.

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A advogada Elisabete Oliveira a Bebete Leite , representante da OAB no evento, aposentada pela Casa, chorou muito.

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Teve dificuldade para falar.


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Acabou pedindo ajuda a Mariana, alvo de sua emoção e há quem muito homenageou. Lembrou sua infância, a luta de professora que teve o vereador Ramiro Negreiros como aluno, sua atividade na Câmara.

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O presidente Hermínio anunciou uma sessão especial no dia 5 de novembro. “Ocasião que vamos homenagear o escritor Cláudio Feitosa, autor do hino de Porto Velho, com a comenda do Marechal Rondon” recém criada na Câmara do município.

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E afirmou: “Vou encontrar um meio, junto com vocês – os vereadores -, de ajudar a Bailarina da Praça. Juntos, podemos mudar muita coisa em favor dos mais pobres”.

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Foi emocionante a fala da Bailarina da Praça.


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A menina moça da Câmara (como disse Zequinha Araújo), Mariana Carvalho marcou grande ponto ao solicitar via requerimento a sessão especial em homenagem aos 95 anos do município de Porto Velho. Obrigado!

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A esposa do compositor e cavaquinista Audízio enviou o seguinte e-mail:

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Caro colunista Zé Catraca, realmente foi um momento de disputa, onde meu esposo concorreu e sendo principiante como compositor, por que o forte dele é mesmo o cavaquinho. Ele formou uma dupla com Jorge Makumba, amigo de longas datas e vizinhos desde sua infância. O Jair somente foi o interprete, já que meu irmão, nada tem a ver com a composição do samba. Foi momento muito difícil concluir o samba, pois a mãe do Audízio teve 3 paradas cardíacas e problemas sérios nos pulmões, arritmia, foi muito sério o estado de saúde, que chegou a ficar em coma induzido por uma semana, por isso um pedacinho da letra diz assim " a minha alma é livre prá sonhar e voar, e voar pelo espaço sideral... pensando na mãe que estava sedada com ajuda de aparelhos. Posso garantir, que o Jair Monteiro nada tem a ver com qualquer verso do samba. Quanto aos batuqueiros não posso afirmar o que combinaram.

Atenciosamente, Alda

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Taí o desabafo da dona Aldinha. Valeu!

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Outro e-mail que recebemos:

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Caro Silvio, ontem li aqui na minha casa em Belém - Para, no caderno Cultura C-3, coluna Zekatraca, do jornal Diário da Amazônia de 07 e 08 de setembro de 2009, uma matéria sobre a entrevista feita com o senhor Francisco Araújo da Silva, intitulada: A foto do Balneário Municipal.


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Confesso, gostei deveras do conteúdo a respeito, que me fez até resgatar parte da história do referido senhor, pois apesar de ser nordestino (de Areia Branca-RN), hoje ele é considerado membro da família rondoniense, por acha-se aí há 49 anos.

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Acredito ser o colunista o Silvio Macedo dos Santos, pessoa para mim conhecida desde os anos 60, tempo da nossa juventude aí em Porto Velho, onde vivi 19 anos de minha vida.


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Recordo-me que fomos até vizinhos quando morei na avenida Farquar em frente da antiga feira/mercado, próximo dos centenários galpões da saudosa Estrada de Ferro Madeira Mamoré.

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A finalidade desta minha mensagem é para agradecer-lhe em nome do meu irmão “Chico Paraíba”, pela oportunidade em que lhe foi dada a publicar passagens da sua vida.


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Pois é Silvio, sou o velho Toinho que até futebol jogou aí, nos bons tempos de sua mocidade (Flamengo, Moto e Ferroviário). Hoje resido aqui em Belém há mais de 21 anos.

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Finalizando, informo que o exemplar do referido jornal foi-me enviado pelo mano Chico e vou guardá-lo como uma agradável recordação.


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Cordiais saudações – Antônio Araújo da Silva (Toninho).

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Isso é que nos deixa feliz. Obrigado Toinho sou o Silvio da feira mesmo! 





 Bubu nunca cantou num teatro


por Antônio Serpa do Amaral Filho

Ao se apresentar na Quinta Cultural patrocinada pelo Banco da Amazônia S/A, o intérprete Jesuá Johnson, filho de uma das mais tradicionais famílias de Porto Velho, confessou em público: “Eu estou muito feliz de estar aqui com vocês; eu nunca cantei num teatro”. E riu, e rir, e ria da sua radical e genuína declaração. E o povo sacou muito bem que o papo era de coração pra coração. Por isso, o público gostou e aplaudiu a sinceridade do artista, exposta a queima-roupa, sem os arranjos do racionalismo. Até porque era mesmo a primeira vez que ele pisava no palco de um teatro, o Teatro Banzeiros, recentemente inaugurado pela prefeitura municipal de Porto Velho. Bubu já passou dos 50 e deve estar próximo aos 60 anos de vida. Criador do lendário Projeto Cinco e Meia e produtor cultural por mais de três décadas, ele agora resolveu ser cantador. 

Prisma Luminoso é o nome do seu espetáculo - uma homenagem, supõe-se, ao mestre Paulinho da Viola, que tem um disco com o mesmo nome, conforme sacou o jornalista Zola Xavier da Silveira, em conversa de bastidores, enquanto gravava todo o show para um documentário. Quando sobe ao palco ele se faz acompanhar de Norman Júnior, no violão de seis cordas; Nicodemo, no violão de sete; Genésio, no cavaquinho; e Júnior Lopes, na bateria. Foi com esse time de bambas que ele, dia 24 de setembro passado, como se grego fosse e saltasse do mito para o logus, apresentou-se para uma casa cheia, cheia de gente, cheia de luz e sensibilidade, cheia, enfim, de pessoas felizes por vê-lo ali no palco, reluzindo como uma pérola negra a serviço do belo, da inteligência e da criatividade brasileira. Ana Aranda, sua mulher, Mayela e Verinha, seus rebentos, de certo foram, no seu íntimo, os homenageados daquela noite. 

Como se fosse um babalorixá do terreiro do Samburucu ou Santa Bárbara, entoando canto inicial da ritualística de umbanda, ele homenageou seus antepassados e todos os mortos representados em cada dormente da Ferrovia do Diabo, e cantou pausada, solenemente e em capela: Você Precisa Ver/Para Saber Como É/Que andava o Trem na Madeira-Mamoré! Conquistado o coração da platéia com essa abertura, ele saltou do trem e correu trecho até chegar ao bairro do areal para contar um pouco das travessuras de um certo “moleque atrevido, pior que bandido, que se criou no areal”. Desfolhando os versos do poeta Dadá, ele confessou à galera que “assistiu a destruição da Baixa da União pelos Generais”, entrelaçando aos acordes as sacadas críticas e a visão histórica do autor de A Sobra das Noites. Do passeio pelo samba crítico dos compositores Guaporés ele foi ter com os grandes mestres da chamada música popular brasileira. Cantou Noel, Paulinho da Viola e Chico Buarque. Cantou Elton Medeiros, Ney Lopes, Cartola e Nelson Cavaquinho, e tantas outras páginas antológicas da musicalidade tupiniquim. 

Bubu, o Cristo Negro, cujo nome de batismo “Jesuá” deriva, segundo alguns pesquisadores, da forma “Yeshua”, em aramaico, e quer dizer Jesus, realmente nunca foi cantor de teatro. Ele sempre foi cantador de boteco, puxador de samba de botequim, sussurrador de bossa-nova em clubes da esquina e contador de prosa em mesa de bar, lugar onde o homem é mais sincero, no dizer do jornalista e aprendiz de filósofo Paulo Queiroz. Como homem negro e descendente direto de barbadianos, nascido da união de Norman e Elvira Johnson, ele deve ter ouvido suas primeiras cantorias de ninar na língua de William Shakespeare. Teria nascido para ser jogador de basquete – sua grande prática esportiva quando moço -, mas um anjo safado, um chato de um querubim sussurrou no seu ouvido coisas que ele só entenderia mais tarde, tomando a saideira com Dadá e Flávio Carneiro no oitavo botequim. Ouvidor de Milton Nascimento e James Brow, Paulinho da Viola e Cartola, teve sua musicalidade forjada e construída nos bares da vida. Quando adquiriu consciência política da problemática social da gente de Zumbi, fez sua própria cabeça de negro e foi à luta, militar nos movimentos da causa da raça negra. De bar em bar, na convivência com notívagos, com poetas e com a música jorrando ao vivo, nua crua, sem efeitos de estúdio nem reverberações acústicas e tecnológicas, Bubu fez escola de canto na boêmia e foi nela que aprendeu a modular a voz, a imprimir ritmo e movimento ao frasal cantado; a conceber emoção, admiração e fantasia ao mais simples enunciado de um samba acompanhado em caixa de fósforo. A noite lhe serviu de conservatório. Aprendeu com Noel que o samba não vem do morro nem lá da cidade. Da Bossa-Nova ele incorporou a malícia de fazer de conta que está cantando, quando na verdade está apenas confidenciando baixinho, em sussurro, suas mágoas de amor. Tomando uma aqui, outra ali no bar da esquina, ele entregou seu coração à arte do canto, que construiu ninho em sua alma e impregnou todo seu ser, transformando-o num cantante nada técnico, nada convencional, mas extremamente sensível, intuitivo e bêbado de paixão por um lugar ao sol à mesa do melhor da música popular brasileira. 

Bubu definitivamente não nasceu para cantar. Mas ao entregar sua alma aos rituais de magia em noites de lua cheia, em meio aos homens vazios que enchem os bares do mundo de vida e espiritualidade, quando a cidade dorme, passou a cantar como quem precisa respirar para viver. Elegeu o coração, e não a boca seu principal instrumento vocal. Luminosa fez-se sua alma. Sedento de verdade é seu espírito, na canção. Cantou e encantou a todos, sem nunca ter cantando num teatro. É messiânico ao cantar, lançando bênçãos de bem-aventurança sobre si e para os que o ouvem. Cantando, o Cristo Negro, por sessenta minutos, tem o dom de perdoar todos os pecados do mundo. O único pecado original permitido é o de invocar os deuses brancos e negros da poesia. Por isso essa sua força estranha.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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