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Silvio Santos

Santo Ivo Tolentino comemora 75 anos e conta sua história em Porto Velho - Por Zekatraca


 ‘Em cada local da cidade tinha uma parte do OM até construir o BEC. O comando onde atualmente é o Hospital de Guarnição. O Coronel Weber, Major Tibério e seus subordinados. O Hospital do BEC, onde é a Assembléia Legislativa.  Esse foi o começo’

Santo Ivo Tolentino comemora 75 anos e conta sua história em Porto Velho - Por Zekatraca - Gente de Opinião

‘Quando tiraram o Colégio Estudo e Trabalho do Barão do Solimões eu estava fazendo pela segunda vez, o segundo grau e falei com o professor Álvaro que gostaria de dar aula, de ser professor, ele me indicou para o Nossa Senhora das Graças’

Santo Ivo Tolentino comemora 75 anos e conta sua história em Porto Velho - Por Zekatraca - Gente de Opinião

 
Santo Ivo Tolentino


Comemora 75 anos e conta
sua história em Porto Velho


Em 1966 chega a Porto Velho o 5º Batalhão de Engenharia e Construção – 5º BEC precisamente no mês de abril e já no mês de setembro, desembarca no aeroporto do Caiari o hoje 2º Sargento da Reserva Santo Ivo Tolentino que consultado sobre sua especialidade na unidade de origem, terminou por ser designado para servir na Cantina. Santo Ivo gosta de contar histórias vividas no seu tempo de soldado e principalmente de lembrar os amigos de Porto Velho daquele tempo, como Tufi Matny, Cabeça Branca Chico da Coringa, Dr. Mendes e a Carol, Joel e Pedro do BB, Berenice Jonshon, Fernando Sadeck, e tantos outros. Leitor assíduo do Diário da Amazônia do qual é um dos mais antigos assinantes, procurou nossa redação, solicitando que lembrássemos os seus 75 anos, completados no último dia 19 (ontem). Batemos um papo e devido tanta recordação do inicio do 5º BEC em Rondônia, resolvemos festejar seu aniversário, publicando sua história. Parabéns Santo Ivo Tolentino

 

E N T R E V I S T A.
 

Zk – Qual seu nome completo?

Ivo Tolentino
– Meu nome é Santo Ivo Tolentino. Nasci lá no Desengano município de Linhares no estado de Espírito Santo. Trabalhei na lavoura com meu pai até os vinte anos de idade era trabalhando e estudando o primário, naquele tempo existia prova de admissão para o 5º ano,

Zk – Fale sobre seu desejo de servir o exército?

Ivo Tolentino
– Inclusive como no Desengano existia muita mata, os jovens eram dispensados, quer dizer, não precisavam servir o exército, aí um amigo sabendo do meu desejo recomendou: “Fala que você mora em Vitória”. Me apresentei ao Sargento Antenor e dei o endereço da minha irmã que morava na capital, ele então falou “Vem cá moreno, você vai incorporar” era o dia 15 de janeiro de 1963 e entrei no antigo 3º Batalhão de Caçadores – 3º BC, Vila Velha/Vitória,

Zk – O que o senhor fez para conseguir continuar no exército após o tempo obrigatório?

Ivo Tolentino
– O Capitão Pigarrilho perguntou se eu queria engajar e aceitei. Hoje ele é Coronel e nos comunicamos, ele mora no Rio de Janeiro, tenho que falar com ele hoje (dia 18) pra lembrar que o dia da Vitória foi ontem dia 17. Bom, voltando a nossa conversa, resolvi conhecer a tal da fronteira. Fiz o curso de Cabo e fui para a 1ª CIA de fuzileiros em 1964. Falava-se muito na Região Norte, resolvi conhecer a área. Nesse momento surgiu a nova unidade, que seria construída em Porto Velho – Território Federal de Rondônia. Eu, solteiro, fui verificar e solicitei a transferência.

Zk – Lembra o dia que desembarcou em Porto Velho?

Ivo Tolentino – Cheguei ao local desejado, no dia 05 de Setembro de 1966, muita diferença da antiga OM. O 5º BEC havia chegado em abril. Chegou em duas etapas, o Major Rondon chegou primeiro e o Capitão Pastor chegou no mês seguinte (maio), porque teve problemas na estrada.

Zk – O senhor veio pela estrada?

Ivo Tolentino
– Vim de avião e mesmo de avião era muito longe, dois dias de viagem, paramos em Cuiabá e fomos dormir na REC (Residência Especial de Cuiabá), o comandante era o capitão Oto, de lá, Vila Bela, Guajará Mirim e Porto Velho. Desembarcamos no aeroporto Caiari cuja pista começa onde hoje é o Claudio Coutinho e a estação de passageiros em frente ao estádio Aluizio Ferreira.

Zk – Fale mais sobre as instalações do 5º BEC naquele tempo?

Ivo Tolentino
– Nossa Companhia de Comando e Serviços - CCS era atrás do quartel da Guarda Territorial ali no Arigolândia o comandante era o Capitão Mansur. Em cada local da cidade tinha uma parte do OM até construir o BEC. O comando onde atualmente é o Hospital de Guarnição. O Coronel Weber, Major Tibério e seus subordinados. O Hospital do BEC, onde é a Assembléia Legislativa.  Esse foi o começo.

Zk – E o senhor foi para qual unidade do BEC?

Ivo Tolentino
– Fui trabalhar na Cantina, que era próxima ao Mercado Central, com vendas todas no cartão de crédito, balanço todo mês. Aprendi muito, graças a Deus. Conheci muitas pessoas, que conosco viviam trabalhando e fazendo compras. Com o tempo, mudamos a Cantina para o 5º BEC. Ficou melhor. Na primeira a gente despachava muita conserva (boi ralado), mortadela era o que existia, com o tempo instalaram a Distribuidora Coringa do Chico da Coringa e o BEC passou a comprar com ele. Lembro que existia aqueles caminhões FNM – (Fome Necessidade e Miséria) e tinha os motoristas entre eles meu amigo Carolinha que até hoje freqüenta o bar “Amarelinho”. Não quero nem falar do bairro Liberdade.

Zk – Como não! Porque foi criado o bairro da Liberdade?

Ivo Tolentino
– Quando terminaram a construção do quartel o BEC precisa de uma via para se comunicar mais rápido com o centro da cidade. Naquele tempo o acesso era apenas pela rua Prudente de Moraes então, resolveram criar o hoje bairro da Liberdade para alocar os moradores da Baixa da União, Alto do Bode e Morro do Querosene. O BEC construía o alicerce e a frente das casas de alvenaria e entregava para o morador e assim nasceu um dos bairros mais organizados até hoje de Porto Velho.

Zk – O que mais o senhor lembra?

Ivo Tolentino
– O Trem que saia de Porto Velho rumo a Guajará Mirim, de manhã era aquele movimento e nós na cantina, lembro do seu Caldas ao lado, a tipografia do Ratinho na frente, a Fábrica de Gelo, o gelo era em barra e o movimento na feirinha, é uma história longa. O trem de ferro era para estar funcionando ate hoje, evitando essa “Carroagem” batendo um no outro nas estradas.

Zk – Quem era o seu Comandante?

Ivo Tolentino
– Coronel Carlos Aloizio Weber que dizia: “Se tem que chorar, chore andando. Não sente pra chorar, se não o atrasado passa por você”. Na Infantaria: “Quem com o sabre fere, com o sabre será ferido”; “Os melhores, são apenas bons, para a Infantaria”; “Quem obedece ordem, não dar ordem”. O que mais nós temos hoje é de Cem, 20 são mal educado fazendo bobagem ai pela rua. Tem pai e tem mãe pra educar. Hoje chega uma jovem no quartel e diz “Quero falar com o soldado José” o outro responde é do meu pelotão. ”José tem uma mulher te chamando e ele vai lá e às vezes cria caso com a mulher. No nosso tempo existia mais disciplina. Era na ordem de comando: “Soldado José, dê um passo fora do pelotão e vá atender à senhora!”“.

Zk – Voltando a cantina?

Ivo Tolentino
– Existia a granja onde se criava galinha, peru, gado pra tirar leite, porco se fazia linguiça, tinha o carrinho para entregar leite. Hoje em dia, nem a cobra vai lá com medo de entrar no mato.  Nós passamos para o Peg & Pague que foi o primeiro supermercado daqui. Ali vendia de tudo, desde gênero de primeira necessidade até carro e moto. Tinha o dia dos oficiais comprarem, depois sargento e depois o civil era tudo na escala.

Zk – O senhor foi professor da rede pública?

Ivo Tolentino
– Dei aula de OSPB e Moral e Cívica no colégio Nossa Senhora das Graças. Hoje encontro com meus alunos e eles dizem: “Professor o senhor falava a verdade!”. Quando tiraram o Colégio Estudo e Trabalho do Barão do Solimões eu estava fazendo pela segunda vez o segundo grau e falei com o professor Álvaro que gostaria de dar aula, de ser professor ele me indicou para o Nossa Senhora das Graças.

Zk – O senhor gosta de lembrar os professores?

Ivo Tolentino
– Professor Batalha, Orlando Freire, Professora Esmite, Waldir Rodolfo Siqueira: “Substantivo, artigo, numeral, pronome e verbo; Advérbio, interjeição, preposição e conjunção, versificação e pleonasmo. O verbo nesse conjunto é o anacoluto. Dê um exemplo: “Burro rinchou” você não rincha, é anacoluto, tudo isso era para decorar. Hoje a garotada não sabe a tabuada   que é decorativa. Fundamental é aquele que funde a mente total do aluno. Matéria decorativa é pra decorar.

Zk – Família?

Ivo Tolentino
– Eu me casei, com a jovem Amália Frazão Tolentino, tivemos três filhos: Ivanilson, Ivanilda e Ivana, todos trabalham, têm suas formações universitárias, não tinha faculdade aqui, fizeram suas formações fora do estado. Tenho seis netos. Graças a Deus, incentivo para que estudem. Me aposentaram em 1988/89, mas minha vida ativa continua. Gosto de trabalhar e estudar, receber orientações para progredir. Após a aposentadoria, já trabalhei em vários setores até mesmo na construção civil, por cinco anos com carteira assinada.

Zk – E a festa dos 75 anos?

Ivo Tolentino
– Quero agradecer a todos de Porto Velho, onde vivo, por terem me acolhido todo esse tempo, por 52 anos. Minha família, meus amigos e amigas presentes e ausentes. Que sejamos sempre felizes com a benção de Deus e a saúde para os doentes que estejam em seus lares. Muita fé no criador divino. Obrigado por terem lido estas minhas frases, é de coração e felicidades.

Santo Ivo Tolentino comemora 75 anos - Gente de Opinião
Santo Ivo Tolentino comemora 75 anos

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