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Silvio Santos

Histórias do Carnaval em Porto Velho - IV Origem do Bloco da Cobra - Por Zekatraca


O folião melado de piche é o COBREIRO   Manelão - Gente de Opinião
O folião melado de piche é o COBREIRO Manelão

O Bloco da Cobra que na realidade era nada-mais nada-menos que a Confraria do Bar do Raul, local onde os “Cobreiros”, costumavam se reunir aos finais de semana, para colocar a “agenda” em dia. “Parecia incrível, mas ninguém ousaria negar a existência de uma misteriosa e irresistível atração exercida pelo modesto estabelecimento comercial da Rua José de Alencar sobre os “Cobreiros”, além, evidentemente, das peculiares rabugices do Raul e dos saborosos quibes e bolinhos de bacalhau feitos por Georget, sua esposa, consumidos evidentemente entre copos de cerveja e doses de uísque” (Claudio Feitosa em Gente da Gente pág. 127).

E o que o Bar do Raul tem a ver com a origem do Bloco da Cobra? Tem tudo a ver, se não vejamos. O nome pintado na fachada do estabelecimento era “Kibe Lanche Ministro” e Ministro era o apelido do cunhado do Raul Elias Jouayed dono do sítio Tokilândia que ficava na Estrada 13 de Setembro também conhecida como Estrada dos Japoneses, justamente onde hoje existem os Conjuntos Mamoré/Guaporé e Rio Candeias.

Foi no Tokilândia que em certo domingo de carnaval do inicio dos anos 1950, que Elias Jouayed em parceria com os amigos Durval Gadelha, Olavo, Câmara, Papagaio e Zé Fominha se refugiaram para curar a ressaca da noitada carnavalesca vivida no Bancrévea e Danúbio Azul. Como todo bom bebedor sabe, a melhor maneira de se curar uma ressaca é bebendo mais uma.

Naquele tempo, a bebida preferida nessas ocasiões era a famosa Cachaça Cocal, é claro que em se tratando de “categas” do naipe de um Durval Gadelha não poderia faltar pelo menos uma garrafa de uísque dos bons.

Depois de se instalarem, os amigos cuidaram em começar os trabalhos etílicos. Enquanto os companheiros cuidavam de acender o fogo para o churrasco Elias pegou uma lata para buscar água na Bica que ficava a alguns metros da casa, por um caminho entre muitas fruteiras. Quando estava descendo a escada cujos degraus eram de pau a pique, foi surpreendido com uma pancada tão forte, que se não fosse o corrimão da escada, teria caído no precipício. Elias ainda apavorado com o acontecido, agarrado ou pendurado no corrimão da escada, olhou em direção de onde havia partido a “pancada” e deu de cara com uma cobra Sucuri já se enrolando preparando o próximo bote. A sorte foi que o primeiro bote pegou na lata.

Claudio Feitosa no livro citado, descreve o episódio da seguinte maneira:

“Já refeito do susto Elias olhou pra cobre e bradou – “Vou te matar, filha da puta”.

Correu até a casa pegou uma espingarda 12 e saiu no rumo da Bica. Os amigos estupefatos com a atitude e sem saber o que estava acontecendo indagaram:

- Que foi isso, Ministro? Perguntou Durval, correndo em sua direção, seguido pelos demais.

- Uma cobra quase me pegou meu colega – A filha da puta está lá no pé da escada.

Dizendo isso, saiu apressado na direção da Bica, seguido pelos demais ainda não refeitos da surpresa.

Chegando ao local, com a arma em posição de tiro, percebeu que a cobra já tinha desfeito a rodilha e se encaminhava lentamente em direção ao chavascal que começava ali perto... Alguns metros mais adiante, praticamente lado a lado com a serpente, ele desfechou o primeiro tiro atingindo-lhe a cabeça.

Quando a espoleta rachou, a reação da cobra foi a de voltar no rumo da Bica, onde o desnível mais acentuado do terreno facilitou a ação do vingador, que lhe deu mais dois tiros seguidos e perfeitos, esfacelando-lhe o crânio.

No instante em que viu a grande cobra enrolar-se em convulsões, Ministro bradou a todos os pulmões:

- Pega aí cobra danada – Eu sou é macho, sua filha da puta!

Durval, esquecendo aquela sua pacatez peculiar, deu um salto por sobre os degraus da escada e lá de baixo fez um desafio para o resto da turma:

- Agora, cambada, vamos arrastar esta minhoca até lá em cima e de lá até a cidade, na marra?

Nem mesmo acabou de falar, a turma já estava lá em baixo, com ele, agarrando a cobra que ainda se mexia, resistindo à ação dos primeiros COBREIROS que Porto Velho iria conhecer naquela tarde cinzenta de domingo de carnaval. (Conta Cláudio Feitosa em Gente da Gente no capítulo O Bloco da Cobra pág. 127 a 143).

João de Deus comanda os demais cobreiros   durante desfile do bloco da Cobra - Gente de Opinião
João de Deus comanda os demais cobreiros durante desfile do bloco da Cobra


Festa para o Centenário
de Flodoaldo Pontes Pinto


Por Anísio Gorayeb (*)

Nascido no Estado do Pará no dia 6 de setembro de 1918, Flodoaldo Pontes Pinto desembarcou em Porto Velho no ano de 1952, atendendo convite do amigo e médico Ari Tupinamba Pena Pinheiro, Diretor da Divisão de Saúde do antigo Território Federal do Guaporé, e do Coronel Aluízio Pinheiro Ferreira, Deputado Federal eleito pelo Território.

Os três, Flodoaldo, Ari e Aluizio eram naturais do estado Pará. Quando aqui desembarcou, Flodoaldo já era casado com Dona Balbina e já tinha dois filhos: Flodoaldo Filho e Maria Lídia. Aqui nasceram os outros sete filhos.

Logo que chegou foi nomeado como administrador do antigo Hospital São José, hoje Hospital Tiradentes. Esse antigo hospital foi inaugurado pela congregação salesiana em 1929. Ele permaneceu administrando o hospital por pouco tempo, pois logo em seguida foi convidado para administrar um seringal de borracha na região de Abunã.

Tomou gosto pela atividade no seringal, tanto que, com algumas economias e ajuda do seu pai, o Sr. João Batista Pinto Filho, adquiriu um seringal chamado Seringal Massangana, no final da década de 50. Quis o destino que as terras de seu seringal tivesse uma enorme mina de CASSITERITA (minério de estanho), um minério que por muitas décadas foi a base da economia do nosso território. Desde então Flodoaldo passou a explorar essa nova riqueza e o Garimpo do Massanagana passou a ser o maior produtor de cassiterita do território e Flodoaldo se tornou um dos homens mais ricos da região.

Porém, é importante salientar, que nada disso mudou seus hábitos. Permaneceu a mesma pessoa simples, amigo de todos e passou a ajudar algumas instituições, como o PAMOS (Patronato Agrícola de Menores Osvaldo Sousa), Educandário Belizário Pena, Colônia Jaime Aben Athar, o próprio Hospital São José e muitos outros.

Na década de 60 doou o terreno e ajudou na construção do Colégio Laura Vicuña. Em homenagem a sua esposa, a Escola denominou o ginásio poliesportivo de “Ginásio Tia Balbina”.

Muito amigo de todos, inclusive de meu saudoso pai, Flodoaldo faleceu aos 57 anos, num acidente automobilístico em Minas Gerias, em fevereiro de 1976. Junto com ele faleceu também, um dos filhos, o Francisco Luiz, que era meu colega de escola, chamado carinhosamente de “Patica”. Seis anos após seu falecimento, em 1982, faleceu também sua eterna companheira, Dona Balbina. Tenho certeza, que ambos estão orgulhosos e felizes com o legado que deixaram e com certeza, estão abençoando seus filhos, netos e bisnetos.   

Parabéns a toda família pelo centenário desse grande homem, grande pai, grande esposo e grande benfeitor.

Flodoaldo Pontes Pinto, um home de bem, que fazia o bem sem olhar a quem...

(*) O autor é jornalista e historiador

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