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Silvio Santos

Festa para Mestre Bainha. Zé Pereira da Amazônia - Por Zekatraca


Festa para Mestre Bainha. Zé Pereira da Amazônia - Por Zekatraca - Gente de Opinião

Festa para Mestre Bainha

Zé Pereira da Amazônia

O título de Zé Pereira da Amazônia cai como uma luva, quando nos referimos ao Waldemir Pinheiro da Silva o Mestre Bainha.

Acontece que o samba dominou Porto Velho, antes mesmo de chegar a capital do estado do Amazonas Manaus. Assim sendo, por ter começado a frequentar as rodas de samba ainda muito jovem, levado pelo seu irmão Alípio à Vila Confusão, reduto que viu nascer em 1946, a primeira escola de samba do recém criado Território Federal do Guaporé a “Deixa Falar”, cujo idealizador, Eliezer dos Santos o Bola Sete, por essas coincidências que ninguém sabe explicar, nasceu no mesmo dia que nasceu Bainha, ou seja, 11 de agosto.

Hoje passados 79 anos, Bainha continua com o vigor da juventude, sempre participando das rodas de samba, seja cantando obras de sua autoria, ou os sambas da sua querida Portela.

Para festejar tão importante data, sua família e a família de sambistas de Porto Velho, realizam grande homenagem a partir das 14 horas deste sábado 12, na Tenda do Tigre à rua Jacy Paraná entre a Brasília e a João Goulart. Cantores sambistas como Beto Cezar, Waldison Pinheiro, Mávilo Melo, Sílvio Santos, Oscar, Zé Baixinho, Toninho Tavernard, Makumbinha, Bado, As Pastoras do Asfaltão, Walber do Cavaco, Padoca, Ernesto Melo, Nilson do Cavaco, Danilo e Rud Prado, estarão cantando em homenagem ao Mestre Bainha.

Hoje é o dia do samba para os sambistas de Porto Velho, hoje o Zé Pereira do nosso carnaval completa 79 anos de vida.

Hoje a vida agradece a existência do Mestre Bainha. Parabéns!


Lenha na Fogueira

Era o dia 11 de agosto de 1938, e o soldado Pinheiro foi chamado as pressas à maternidade da unidade militar do Forte Príncipe da Beira pois sua mulher Maria Rodrigues da Silva – Dona Marieta havia dado entrada em trabalho de parto.

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Pinheiro chegou ofegante à maternidade e foi preciso muita conversa para convencê-lo a ficar esperando o resultado do parto na recepção. De repente a enfermeira (parteira) veio avisar que ele podia ir até o quarto ver seu filho que acabara de nascer. “Apenas com um problema”. Que problema minha senhora? “Ele é cambota”. Então vai ser jogador de futebol, disse seu Pinheiro.

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Tirando esse pormenor, antes que o menino completasse um ano de idade, a família veio morar em Porto Velho. Quer dizer, saiu de Mato Grosso direto para a Amazônia. Vale lembrar que o Forte pertencia ao estado de Mato Grosso e Porto Velho ao estado do Amazonas, estou falando de 1938/39.Festa para Mestre Bainha. Zé Pereira da Amazônia - Por Zekatraca - Gente de Opinião

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Ainda garoto Bainha aprendeu a tocar pandeiro. “Lembro que um sanfoneiro (não lembro o nome dele), que segundo me informaram ainda está vivo trabalhando na Linha Triunfo, me convidava pra tocar pandeiro e surdo em suas apresentações no Pimpão Bar que ficava na 7 de Setembro nas proximidades da Marechal Deodoro onde funcionava uma casa de boemia, com uma estância (apartamentos) onde moravam muitas mulheres solteiras” lembra Bainha.

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Daí pra frente aquele menino que o pai sonhava que seria jogador de futebol,por ter nascido com problemas nas pernas, se transformou num sambista de primeira linha e passou a ser chamado pelo Manelão de “Perna de Vírgula”.

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Hoje Bainha festeja seus 79 anos de nascimento e todos nós sambistas da Amazônia estamos felizes, pois o “velinho” continua dando aula, de como se faz e se dança samba, por onde quer que passe.

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Seus filhos, contando com a parceria da turma da escola de samba Asfaltão que na maioria, são sobrinhos e netos do Bainha, realizam a partir das 14 horas, na Tenda do Tigre a festa em comemoração aos 79 anos do Bainha.

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Beto Cezar vai lançar durante o show de hoje, um Partido Alto cujo refrão diz: “O carioca tem Monarco e Porto Velho tem Bainha”. É verdade, podemos bater no peito e dizer em qualquer roda de samba por esse imenso Brasil, que Porto Velho tem Bainha o Mestre do Samba da Amazônia.

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Conheci o Bainha em meados da década de 1950, no Bloco da Dona Jóia e depois como ritmista do Conjunto Bossa Nova. Quando surgiu a Rádio Caiari e eu passei a ser sonoplasta, o Bossa Nova passou a tocar durante os programas de Auditório que no início foram apresentados pelo meu irmão Bianor Santos, depois por Humberto Amorim e Manelito. Nessa época firmamos a amizade que dura até hoje.

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Bainha ajudou a criar a escola de samba Prova de Fogo em 1958 que depois virou Os Diplomatas e eu em 1964, ajudei a criar a Pobres do Caiari. Já em 1974 levei o Banha para a Caiari e passamos a ser passeiro na composição de samba de enredo, em 1975 criamos a escola de samba Mocidade Independente do KM-1 e durante a existência dessa escola, compomos em parceira todos seus sambas.

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Depois a parceria se desfez e Bainha foi campeão do primeiro carnaval de Rondônia Estado com o Samba “Riquezas de Rondônia” pela Diplomatas. Eu e Bainha nos reuníamos para discutir qual samba seria o melhor para o desfile das escolas. O dele para a Diplomatas e o meu para a Caiari. Era uma troca mais que amigável de ideias.

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Tomara que Deus permita que o Bainha viva mais um bocado de anos, para formar mais sambistas. Veremos hoje na Tenda do Tigre a quarta geração do Bainha, cantando samba.

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Parabéns Menestrel do nosso carnaval.

 



BAINHA 7.9

Por Nossa Senhora, Ave Menestrel!

Por Altair Santos (tatá)Festa para Mestre Bainha. Zé Pereira da Amazônia - Por Zekatraca - Gente de Opinião

Salve a sua majestade o samba nosso de todo o sempre e vivas a Waldemir Pinheiro da Silva, um dos seus bambas, porta-voz e defensor inarredável. Vivinho “da Silva” até no sobrenome e ancorado na artística tratativa de Bainha, este admirado, querido e indefectível senhor, entre nós desfila tão honroso e amado em cidadão Waldemir quão serelepe e festivo em consanguíneo folião da pátria de Zé Pereira. É o menestrel do samba, alado como a águia da sua Portela, um nativo pintado de jenipapo e urucum, partideiro de moral sobre os trilhos da adormecida Madeira Mamoré, professor e homem plural do samba e da cultura popular, livre e de peito aberto, ao vento, quase sempre sem camisa, leve e solto em solo karipuna.

Parabéns para o homem que comeu cera, segundo vaticina a amiga Luciana Oliveira quando diz da intangível juventude do Bainha. Cá pra nós o moço parece ter consigo, impregnado na cútis, o DNA da tabatinga terapêutica e miraculosa das barrancas, ele parece emergiu todo besuntado do pré-sal de um raro colágeno in natura.

Então que rufem os tambores de Santa Bárbara em pontos de bons auspícios a esse fervoroso jovem de 7.9. Que se espiche sempre possível à mão de tão obediente devoto, ainda que em suficientes fiapos, o concorrido e sagrado sisal do Círio da Virgem de Nazaré de Belém do Pará, diante de quem o Bainha se curva em reza forte e depois extravasa fogueteiro, feito um menino, a estourar rojões nas ruas da zona sul de Porto Velho.

Hoje o memorial da nossa tradição cultural amazônica e brasileira ecoa hinários boêmios, sambistas e religiosos, sagrados mantras de deferência ao enluarado filho da tacacazeira Marieta, parido ao testemunho da natureza farta e provedora do Forte Príncipe da Beira que, cedo, a mira do seu vento soprou o Bainha, ave e avião, para pousar já rimando e ritmado aqui, na cidade-porto, a sua sempre passarela.

Eia Bainha, que hoje tremulem festeiros e irmanados os estandartes do Asfaltão, Diplomatas do Samba, Pobres do Caiari, Unidos da Castanheira, Mocidade do Km 1, Armário Grande, do Império do Samba, São João Batista, Rádio Farol, Acadêmicos da Zona Leste, Boto Verde Rosa, Triângulo Não Morreu e Unidos do Mato Grosso, enfim, das escolas todas deste solo onde o Bainha sagradamente foi, e é, ilustre visitante, paramentado pela ciência e indumentária de mestre compositor, ritmista, cantor e passista.

Nesse 12 de agosto, com cara de fevereiro, “a gosto de Deus,” e assim seja, que o Galo da Meia Noite, a Banda do Vai Quem Quer, o Até que a Noite Vire Dia, o Pirarucu do Madeira, o Calixto & Cia, o Mistura Fina e os demais cordões de Porto Velho, alegrem-se ao redor do Bainha esse aquinhoado e, graças a Deus, irrequieto letrista que, “mesmo quando não está compondo, está sempre fazendo outra música,” um samba de preferência.

Unem-se familiares, amigos e admiradores do Bainha, em torno do samba e em homenagem, traduzindo o que sempre carinhosamente pensamos e, sobre ele, grafamos:

Bainha, uma pessoa do samba, o samba em pessoa!

[email protected]

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