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Gente de Opinião

Silvio Santos

Fernando Farinas Aldunate


 
A arte de Rondônia no Centro Oeste

Graças a um pergaminho entregue ao então presidente da república João Goulart, o artista plástico Fernando Farinas Aldunate ficou conhecido em vários estados brasileiros e até no exterior. “Os freqüentadores do Hi Fi Juventude Clube que funcionava no Porto Velho Hotel, me incentivaram a fazer o pergaminho homenageando o presidente João Goulart, fiz, o governador Darwiche e todas as autoridades de Porto Velho assinaram e eu fui entregar a arte ao presidente lá em Brasília”. Muito antes do nosso entrevistado ficar famoso como artista plástico, conseguiu destaque em Porto Velho e principalmente entre os adolescentes que moravam no bairro Caiari, por ter  matado um jacaré que impedia o banho dos jovens do bairro dos categas, no lago que ornamentava a praça Aluizio Ferreira. “A turma me instigou, dizendo que eu não tinha coragem de matar o jacaré, então, para provar minha coragem, fui em casa, peguei uma espingarda calibre 12 e quando o “bicho” levantou a cabeça para respirar, apertei mo gatilho, foi só uma”.

Pai de oito filhos João; André Luiz; Marco Aurélio; Valéria; Regina; Ana; Adriana; Katia e avô de 32 netos, Fernando que também é conhecido por “Boliviano”, nasceu em 1944 no seringal Ouro Preto no município de Guajará Mirim, filho de pais bolivianos. “Pouco tempo depois do meu nascimento meu irmão morreu de malária e meus pais, me levaram pra Bolívia onde morei até os dez anos de idade”. Ao vir pára Porto Velho, estudou na Escola Normal Carmela Dutra com a professora Estela Compasso; no Duque de Caxias e no Grupo Escolar Barão do Solimões. Com o Padre Miguel tentou criar o primeiro movimento de escotismo em Porto Velho que por falta de apoio não vingou. “O padre Miguel era muito legal, só que diziam que ele comia carne de gato e era verdade mesmo”. Convidado pelo Capitão Nélio Guimarães ajudou a criar o Hi Fi Juventude Clube de onde saiu para o Brasil. “No Hi Fi moça falada não entrava”.

Fernando há muito tempo, fixou residência em Goiânia mas sempre vem a Porto Velho rever familiares e amigos. “Estou articulando uma exposição na Casa da Cultura Ivan Marrocos com meus trabalhos que estão em Goiânia”. Vamos às histórias do jovem que liberou a piscina da Praça Aluizio Ferreira no inicio da década de sessenta, Fernando Farinas Aldunate.


E N T R E V I S T A

Zk – Você nasceu aonde?
Fernando Farinas – Nasci no seringal Ouro Preto no município de Guajará Mirim, esse seringal meus pais venderam para o seringalista Vassilakis.

Zk – Você disse que é brasileiro de nascimento, então porque esse sotaque boliviano tão acentuado em sua fala?
Fernando Farinas – Acontece que com pouco meses fui para a Bolívia onde fiquei até meus 10 anos de idade. Com dez anos, a Edna Granjeiro, o Adelino e o Jacinto Pimentel foram lá na Bolívia e me trouxeram pra cá. Acontece que meus pais são bolivianos assim como a mãe da Edna Granjeiro que é minha prima, é boliviana.

Zk – Sua família é de qual região da Bolívia?
Fernando Farinas – Meu pai é de Potosi e minha mãe de Riberalta quer dizer, é como se meu pai fosse de São Paulo e minha mãe de Rondônia em se falando de distancia de uma região para outra.

Zk – Com quantos anos você veio para Porto Velho?
Fernando Farinas – Cheguei aqui em 1954, justamente no ano do falecimento do presidente Getúlio Vargas. Quem realmente me trouxe pra cá foi o Jacinto Pimentel aquele que teve uma padaria e ficou famoso por suas ações, tanto que acabou assassinado.

Zk – Porque você afirma que veio com ele para cá?
Fernando Farinas – Não te falei que a Edna Granjeiro foi com uma caravana daqui da qual, faziam parte o Dr. José Adelino e várias outras pessoas, pois então, na volta, não conseguiram vaga no avião comercial e o Jacinto e eu embarcamos num avião de carga. Quer dizer, cheguei em Porto Velho como carga.

Zk – Sabemos que você ao chegar em Porto Velho foi morar no bairro Caiari. Fala da turma com a qual você se identificava no bairro dos categas?
Fernando Farinas – O primeiro que conheci e que sempre brigamos foi o Jorge Canduri. Quando eu passava por onde ele estava ele gritava: Oh boliviano! vem cá, aí começa a implicar comigo e terminava em porrada entre eu e ele. Com o tempo nos tornamos amigos foi então que conheci o Izanor irmão do Jorge e juntos com o Terror Baiano, montamos uma academia de boxe.

Zk – Onde funcionava essa academia?
Fernando Farinas – Então! A primeira academia de boxe que existiu em Porto Velho foi minha e funcionava na casa do Canduri ali no canto da José de Alencar com a Duque de Caxias.

Zk – Você chegou a participar de alguma competição de luta de boxe?
Fernando Farinas – Depois que nossa academia de boxe estava funcionando a todo vapor, fomos testar nossos conhecimentos numa disputa com os boxeadores de Guajará Mirim lá na Pérola do Mamoré. O interessante é que as autoridades, delegado e juiz de direito exigiam que a gente fizesse uma demonstração, antes de subir no ringue, para provar que não usávamos arma branca. Era só frescurinha, eles queriam mesmo era ver a gente em ação com exclusividade.

Zk – Você lutava em qual categoria?
Fernando Farinas – Eu era peso galo. O interessante foi que, quando entrei no ringue eu tremia mais que vara verde e o povo que lotava a quadra do Simão Bolívar gritando pelo lutador de Guajará Mirim. A tremedeira só passou quando o adversário me acertou uma porrada segura, aí eu me acordei e fui pra cima dele, a gana foi tanta que logo o levei a nocaute. O Terror Baiano subiu no ringue me levantou e enquanto o outro agonizava na lona, eu era aclamado como vencedor. No outro dia todo mundo, por onde eu passava dizia, olha o campeão, campeão!

Zk – Vamos falar do Fernando o menino traquino que matou o jacaré da Praça Aluizio Ferreira. Como foi que isso aconteceu?
Fernando Farinas – Quando inauguraram a Praça Aluizio Ferreira ela tinha uma espécie de lago, com duas pontezinhas. Aquele lago, nós meninos do bairro Caiari, transformamos em piscina e toda tarde, ou até durante o dia todo, a gente ficava nadando. Por conta disso, colocaram um Jacaré que era para inibir a gurizada de tomar banho ali. Foi então que a turma se reuniu e me deu a missão de liquidar o jacaré. Peguei uma espingarda que tinha lá em casa, coloquei cartucho e fui até a praça. Quando o jacaré subiu para respirar eu atirei, Pô! e saí gritando, matei o jacaré, matei o jacaré e virei herói, a gurizada quando me via dizia, foi ele quem matou o jacaré da praça e eu ficava todo cheio, na época, estava com uns 15 anos. Logo depois, aos 17 anos conheci aquela que se transformou em minha mulher e fui a Brasilia.

Zk – O que Brasília tem a ver com essa história da sua futura mulher?
Fernando Farinas – Acontece que naquela época, o ponto de encontro dos categas e turistas, era o Porto Velho Hotel e ali, nós criamos um clube social, Hi Fi Juventude Clube, o Luiz Tourinho era o encarregado de colocar o que acontecia no Hi Fi Juventude Clube no jornal Alto Madeira e então nossas festas era bastantes concorridas. O clube era tão badalado, era a "bossa” da época que nem todas as moças poderiam freqüentar.

Zk – Que história é essa de nem todas as moças poderem entrar no Clube?
Fernando Farinas – Pois é, naquele tempo moça "Falada", não podia entrar em festa da sociedade e o nosso clube era freqüentado pela sociedade portovelhense. O negócio era jogo duro naquele tempo.

Zk – E a história do encontro com o presidente João Goulart em Brasília?
Fernando Farinas –  Como integrante do Hi Fi pintei um pergaminho em homenagem ao presidente João Goulart e esse pergaminho foi assinado inclusive pelo governador da época o Wadir Darwiche Zacarias e fomos em caravana a Brasília, eu o Fernando Filho do deputado Renato Medeiros, o jornalista Vinícius Danim e outros que não lembro, e, lá em Brasilia fomos recebidos no palácio do planalto pelo presidente João Goulart. Depois que ele recebeu o pergaminho elogiou o meu trabalho e me ofereceu uma bolsa de estudo na França.

Zk – Qual a arte pintada no pergaminho?
Fernando Farinas – Tinha o rosto do presidente da república, o palácio do planalto, e por trás a bandeira brasileira; o brasão do Brasil e o brasão de Brasília e em cima, estava escrito, Honra ao Mérito, o trabalho foi assinado por autoridades de Rondônia e inclusive pelo governador do amazonas Gilberto Mestrinho.

Zk  - E por que você não foi estudar na França?
Fernando Farinas – Acontece que na época eu era recém casado e viajar para longe da mulher novinha era complicado, então agradeci a bolsa de estudo que me foi oferecida pelo presidente da República Dr. João Goulart, para ficar com a minha família. Não me arrependi e não me arrependo até hoje.

Zk – Depois que o presidente recebeu o seu trabalho artístico o que aconteceu, além da bolsa de estudos?
Fernando Farinas – Através do deputado Renato Medeiros consegui colocar várias obras minhas, para pessoas influentes como Jucelino Kubstchek; o próprio João Goulart; Mauro Borges; Irmãos Valle os maiores incorporadores de Goiânia; Paulo Otávio; Existem prédios lá em Goiânia só com quadros meus. Também fui secretário da UNE.

Zk – Foi eleito?
Fernando Farinas – Então! Fui eleito primeiro secretário de artes plásticas da executiva da União Nacional dos Estudantes – UNE e fui convidado para o primeiro encontro nacional na Bahia onde tive a oportunidade de mostrar meus trabalhos e os trabalhos dos artistas estudantes goianos.

Zk – Já que entramos no assunto. Quando foi que você percebeu que tinha o dom de desenhar, de pintar quadros?
Fernando Farinas – Foi naturalmente. Aqui tinha um professor, um gordão que não lembro o nome dele agora que falou, o Fernando tem o dom de desenhar, isso porque eu olhava pra qualquer coisa, em especial o rosto das pessoas e em poucos segundos colocava no papel, era e é muito rápido esse processo que tenho dentro de mim. Outra coisa que também fazia e faço com rapidez, são esculturas, foi daí que o professor me incentivou e me ensinou algumas técnicas, daí pra frente, passei de pintor desenhista a artista plástico, com telas vendidas por quase todo o Brasil e até no exterior. Tem também os carros alegóricos.

Zk – De escola de samba?
Fernando Farinas – Naquele tempo, quem mandava no carnaval de Porto Velho eram os clubes sociais como Bancrévea, Ypiranga e outros. Fiz o primeiro carro alegórico que desfilou no carnaval de Porto Velho. O carro foi para o bloco do Bancrévea Clube que naquele ano, tirou em primeiro lugar no desfile carnavalesco, que aconteceu na Avenida Presidente Dutra.

Zk – Por falar em alegoria carnavalesca. Você atuou também como decorador de ambientes?
Fernando Farinas – Na época decorei todos os clubes de Porto Velho, Bancrévea, Ypiranga; Guaporé e Danúbio Azul não escapou um, mais recentemente decorei também o Ferroviário. Também decorei clubes em Campinas (SP), Goiânia (GO).

Zk – E a história da ilustração de um livro sobre Bernardo Saião?
Fernando Farinas – Um jornalista amigo meu, estava escrevendo o livro “A Saga de Bernardo Saião” e me convidou para ser o ilustrador, viajamos pelo interior de Goiás visitando as casas onde morou Bernardo Saião e eu desenhei todas essas casas e outros lugares onde Saião viveu.

Zk – Então você viveu por muito tempo no estado de Goiás?
Fernando Farinas – Até hoje moro em Goiânia, de vez em quando venho a Porto Velho rever os amigos e familiares, sempre fico uma temporada aqui, mas, moro mesmo, é lá em Goiânia. Quando estava ilustrando o livro sobre Bernardo Saião conheci o Siqueira Campos e depois fui trabalhar com ele na política como pintor.

Zk – Já em Palmas?
Fernando Farinas – Não! Naquele tempo, ele nem imaginava que seria o primeiro governador de Palmas e nem que seria um dos criadores do estado de Tocantins. Aliás, se eu tivesse ido pra lá quando ele era governador, tinha me dado bem, acontece que nunca me preocupei com esse negócio de dinheiro, o artista mesmo, não se preocupa com dinheiro, nós artistas, nos preocupamos com a vida, com o ser humano.

Zk – E em Porto Velho quem tem obras suas?
Fernando Farinas – Aqui, tem a família do Fuad Darwiche; a família Lacerda do Cine Veneza; a Brasil Telecom e muitos outras empresas e pessoas. Mas tenho mais obras mesmo é em Goiânia e Brasília, inclusive um jornal de Brasília quando eu vinha pra cá desta vez, me chamou e convidou para quando eu voltasse participar de uma entrevista para falar da minha obra.

Zk – Você pinta em qual estilo?
Fernando Farinas – Pinto Clássico e Impressionista, não gosto muito do abstrato não. O Clássico é uma pintura que faço rápida apesar dos detalhes.

Zk – Faça uma comparação entre a Porto Velho do seu tempo de adolescente e a de agora?
Fernando Farinas – Naquele tempo Porto Velho era mais bonito do que agora no contexto da sociedade humana, todo mundo se conhecia, todo se dava, agora não, um tem medo do outro por causa da violência.

Zk – Quem ainda mora aqui da sua família?
Fernando Farinas – Aqui moram, meu irmão, minha irmã e três filhos meus. O resto mora em Goiânia.

Zk – O que você gostaria de pintar sobre Porto Velho?
Fernando Farinas – Gostaria de pintar todos os homens e mulheres importantes da história de Porto Velho

Zk – Você casou muito novo. com quem?
Fernando Farinas – Acontece que tanto como a Ursula minha mulher, éramos muito jovens, ela tinha 17 anos e eu não tinha 20. Em conseqüência disso ninguém das nossas famílias aprovavam nossa união foi então que resolvemos fugi para Brasília.

Zk – Como foi essa fuga?
Fernando Farinas – Pegamos carona num caminhão até Cuiabá. Quando chegamos em Cuiabá foi que a história foi triste.

Zk – Por que triste?
Fernando Farinas – Porque fui pro hotel com a cara e a coragem, aliás com uma fotografia do presidente João Goulart e uma carta de apresentação do governador de Rondônia na época o Fuad Darwiche. Aí fui pro hotel confiante de que conseguiria dinheiro l, uma verdadeira aventura, os dias foram passando e nada de pintar trabalho e nem dinheiro pra pagar as diárias. O dono hotel tinha visto uma fotografia minha com o presidente João Goulart e por isso pensava que realmente eu era uma pessoa importante e mais, todo mundo pensava que era filho do deputado federal Renato Medeiros o Fernando Medeiros por que tinha pedido uma ligação pro deputado Renato Medeiros lá do hotel, com isso eles me tratavam a pão de ló. Eu tinha levado comigo o tio do Jorge Marin, um boliviano. Para encurtar a história, fui até a delegacia apresentar o Boliviano porque era de lei, e lá eu disse que se tratava de um político muito influente da Bolívia, acontece que o ‘velho” era meio surdo, e eu disse que ele tinha se refugiado no Brasil porque na época tinha acontecido um conflito em seu país e ele se refugiou no Brasil mas, agora como tudo estava calma, queria voltar ao seu país via Corumbá, tudo papo furado.

Zk – E o que aconteceu?
Fernando Farinas – O delegado olhou pra ele, examinou bem e disse: Ele não tem cara de político não, esse cara tá te enganando. O delegado então foi interroga-lo e como ele não havia escutado a minha estória, falou outra coisa e então a coisa se complicou. O jeito foi a gente fugir de novo.

Zk – E essa fuga como foi?
Fernando Farinas – O delegado falou pra mim, “A tarde quero ele aqui”. Deixei meu terno e meu relógio empenhado no hotel. Para nossa sorte encontramos aquele motorista que tinha nos dado carona em Porto Velho e conhecemos uma mulher que nos levou para casa dela onde ficamos por dois dias e depois fomos de caminhão até Campo Grande.

Zk – Para encerrar. Se alguém quiser adquirir seus trabalhos e até contrata-lo para fazer decoração deve ligar pra onde?
Fernando Farinas –  Hoje vivo apenas da pintura e da decoração. Inclusive, vou a Goiânia buscar uns quadros meus para fazer uma exposição da Casa da Cultura Ivan Marrocos. O telefone é (69) 3229-0959

Fonte: Sílvio Santos

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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