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Silvio Santos

BETO CEZAR - O samba carioca de Rondônia


 BETO CEZAR - O samba carioca de Rondônia - Gente de Opinião

 

Na hora que essa moça chega perto/A lei da gravidade perde a validade/A luz não anda mais em linha reta/O ninho, devaneio de um poeta/Na hora que essa moça chega perto/Meu sangue corre mais que o permitido/O mundo fica todo em preto e branco/Porque ela rouba todo colorido/Na hora que essa moça chega perto eu agradeço a Deus porque ela exise/Na hora que ela chega eu me liberto na hora que ela vai eu fico triste...
 

Com certeza esse poema em forma de samba, de autoria de Carlos Colla será sucesso nacional na voz do cantor Beto Cezar. Beto Cezar é o nome artístico do Rondoniense de Porto Velho Augusto Cezar de Almeida Batista que também é conhecido como “Carimbó”. “Foi o Royce do Cavaco que sugeriu a mudança para Beto Cezar alegando que não tinha nada a ver o nome Carimbó para um cantor de samba”.

Na praia há mais de 20 anos, Beto Cezar em breve, de acordo com declarações do compositor e produtor musical Carlos Colla, será a grande atração nacional do mundo do samba. “Beto Cezar está pronto para assumir sua vaga no cenário do samba nacional”, disse Carlos Colla.

Na batalha para conseguir alcançar seus objetivos, Beto Cezar passou por várias situações que hoje são consideradas pitorescas e contadas como piada. “Já pensou, recém chegado em São Paulo fui pagar a conta no restaurante e o gerente disse que meu dinheiro era falso!”. Essas e outras histórias da saga do Beto para conseguir ser reconhecido como sambista compositor e cantor nos chamados grandes centros, você vai ficar sabendo ao ler a entrevista que segue. Hoje Beto Cezar freqüenta rodas de samba no Rio de Janeiro cantando ao lado de grandes expoentes do samba carioca como Dunga, Monarco, Júnior do Flamengo e Alceu Maia. Aliás, no CD que está sendo produzido pelo Carlos Colla e o Alceu Maia, Beto Cezar vai gravar a música que já é sucesso nas rodas de samba em Porto Velho cujo refrão diz o seguinte: “Você tem que botar, pouco pó, pra poupar pó de café”. Amor não tem idade é outro sucesso que vai estar no disco que deve sair em breve.

Beto Cezar é a prova de que a persistência é companheira inseparável de quem almeja alguma coisa na vida. “Se você quer vencer, não desista no primeiro obstáculo”,

 

E N T R E V I S T A

 

Zk – Qual seu nome de batismo?

Beto Cezar – Augusto Cezar de Almeida Batista.  Por muito tempo atendi pelo apelido de “Carimbó”, pelo envolvimento com o samba de raiz fui aconselhado a mudar para Beto Cezar.

 

Zk – Por falar em sambista. Como foi que o grande compositor e produtor musical Carlos Colla, se interessou em produzir seu próximo trabalho musical em CD?

Beto Cezar – Na realidade meu primeiro contato com ele foi através do Orkut. Depois tive a sorte de trazê-lo para fazer um show em Porto Velho e consegui mostrar alguns trabalhos meus. O interessante foi que quando conheci a obra dele, um compositor gravado pelos mais renomados cantores brasileiros e até do exterior, pensei, será que esse cara é meu colega?

 

Zk – Por que você pensou assim?

Beto Cezar – Acontece que queira ou não queira, existe o preconceito dos sambistas lá do sul para com a gente aqui do norte. Diante disso e ao passar a conhecer o trabalho do Carlos Colla, resolvi tirar minhas dúvidas, se eu era bom compositor ou não.

 

Zk – E o resultado?

Beto Cezar – O resultado foi que resolvi encarar o Carlos Colla e para minha sorte ele gostou do meu trabalho, cai na graça do cara. Hoje quando chego no Rio de Janeiro sou recebido e considerado como sambista, já não fazem aquela pergunta: Lá em Rondônia tem sambista? Agora sou considerado do meio deles.

 

Zk – Como foi que o Carlos Colla se interessou realmente pelo seu trabalho ao ponto de se oferecer para produzir um CD?

Beto Cezar – Foi mais um susto na minha vida. Uma pessoa do naipe do Carlos Colla se oferecer para produzir o meu disco, quase tenho um piripaque. Ele chegou comigo e perguntou se eu não queria gravar um CD produzido por ele e mais, que quem iria dirigir as gravações e fazer os arranjos seria o Alceu Maia. Meu amigo, foi difícil conter a emoção. Me beliscava, dava chute na canela para ter certeza de que não estava sonhando.

 

Zk – Vamos falar sobre o Alceu Maia?

Beto Cezar – Alceu Maia é considerado um dos melhores cavaquinistas do Brasil e do mundo, já gravou com os mais renomados artistas brasileiros como Chico Buarque, Simone, Alcione, Martinho da Vila, enfim.  É um dos produtores do CD dos sambas enredos das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Você pode assisti-lo toda terça feira no Canal Brasil junto com o Diogo Nogueira participando do Programa Samba na Gamboa.

 

Zk – E o que foi que fez com que você acreditasse que realmente o Carlos estava interessado em produzir o seu trabalho?

Beto Cezar – Essa certeza veio quando fui ao Rio de Janeiro e ele me recebeu muito bem em sua casa, me colocando frente a frente com as feras do samba. Apesar de já ter tocado com o Júnior do Flamengo, estive também com a Tia Doca e ser amigo do grande Monarco entre outros sambistas considerados.

 

Zk – Como foi à história do Caviar?

Beto Cezar – Foi o seguinte: O Carlos Colla me convidou para jantar na casa dele e na hora tudo na mesa, vi aquela pasta preta que ele passava no pão e fiz o mesmo, que coisa gostosa, aquilo me deixou encabulado, pois não sabia que pasta era aquela. Então deixei a vergonha de lado e perguntei ao Carlos o que era aquilo, ele respondeu isso é Caviar Beto!

 

Zk – Vamos deixar o Carlos Colla de lado para falar sobre sua trajetória. Sabemos que você já gravou dois CDs. Como foi que tudo começou?

Beto Cezar – Poucas pessoas sabem que essa minha ficção pelo samba vem de muito longe. Tudo começou quando a escola de samba Pobres do Caiari inaugurou seu barracão e começou a promover noitadas de samba e pagode, isso pelos idos dos anos oitenta, quando participava do Grupo MOPA – Mocidade do Pagode que tocava todas as sexta feiras no barracão do Caiari. Depois de algum tempo deixei o grupo, mas, de vez em quando subia no palco e dava uma palinha. Depois comecei a compor alguns sambas e resolvi gravar um CD. Isso já era o final da década de noventa.

 

Zk – Fala sobre esse primeiro CD?

Beto Cezar – Resolvi gravar o CD com músicas de minha autoria e algumas de compositores de Porto Velho como Bainha, Baba, Ernesto Melo e Silvio Santos. Queria mostrar aos colegas o nosso trabalho, foi um CD vamos dizer assim, caseiro, mesmo assim consegui vender mais de mil cópias o que foi muito bom. Acontece que ainda assinava como Cezar Carimbo. O título de CD “Amor ao Samba”.

 

Zk – De onde veio esse apelido de Carimbo?

Beto Cezar – Acontece que fui jogador de futebol. Aliás, até bem considerado e respeitado entre os boleiros. O apelido de Carimbo é de infância quando jogava nas divisões de base. Veio justamente nessa época porque eu ficava fazendo firulas na frente dos zagueiros e naquele tempo o ritmo da moda era o Carimbó paraense e então a turma dizia que eu ficava dançando Carimbo na frente dos adversários o apelido pegou e até hoje muita gente só me conhece como Carimbó.

 

Zk – E o segundo CD?

Beto Cezar – Depois que gravei o primeiro disco vi que tinha condições de alçar vôos mais altos, mas para isso era preciso ser conhecido pelos grandes sambistas. Então para manter um contato mais freqüente com esses artistas dei uma de empresário e comecei a trazer cantores, compositores de samba para se apresentar em Porto Velho. Foi aí que contratei o Royce do Cavaco um sambista paulista. Em Porto Velho ele ao ouvir aquele CD disse que se eu o quisesse produziria um CD bem melhor. Então aceitei o desafio e dias depois estava no estúdio em São Paulo gravando meu segundo disco sob a direção do Royce do Cavaco.

 

Zk – Essa sua ida para São Paulo tem umas histórias interessantes. Conta pra gente como elas aconteceram?

Beto Cezar – Fazer o que fiz pouca gente tem coragem, aliás, só quem é doido faz o que eu fiz. Graças ao amigo Brasil uma pessoa que realmente acredita no meu trabalho consegui viajar. Ele me deu R$ 200,00. Deixei R$ 100,00 em casa e levei o troco. Ao chegar no hotel em São Paulo a gerencia queria que pagasse dez diárias adiantadas aí me aperreei, argumentei que estava chegando e que o dinheiro estava no banco e coisa e tal, enfim consegui enrolar o pessoal do hotel.

 

Zk – E a história do dinheiro falso?

Beto Cezar – Depois que resolvi o problema do hotel, fui almoçar, isso já era quase três horas da tarde. Ao pagar a conta no restaurante, o gerente me chamou a parte e perguntou, “O senhor não tem outra nota de R$ 50,00?” Perguntei por que e ele me disse que aquela nota era falsa. Naquele momento o filme que passou na minha cabeça foi horrível, primeiro pensei que o gerente do restaurante iria chamar a PM e eu seria preso e o pior, era que não tinha como explicar o porquê de estar de possa de dinheiro falso, vi o projeto do segundo CD descendo pelo ralo.

 

Zk – E aí o que aconteceu?

Beto Cezar - Aconteceu que o cara do restaurante foi muito legal, compreendeu a minha situação e ficou por isso mesmo, paguei a conta com a nota boa e fui embora. Foi minha primeira vitória no rumo da gravação do meu segundo disco.

 

Zk – E a história do lanche dos músicos?

Beto Cezar – Depois do problema da nota falsa deu pra entender que fiquei apenas com menos de R$ 50,00. Bom! No intervalo da gravação já estava íntimo com os músicos e eles comigo, aí um gaiato, sempre tem um, falou de lá. “Hoje o lanche é por conta do artista de Rondônia o grande sambista Beto Cezar”. Corri até o banheiro para verificar quanto me restava no bolso, contei e a mixaria deu R$ 38,00 aí foi que foi, sabe quanto lanches eu tinha que pagar? Justamente 38.

 

Zk – O dinheiro deu?

Beto Cezar – Desci no rumo de uma lanchonete que ficava perto do estúdio e convenci o vendedor a me vender trinta e oito lanche por apenas R$ 28,00 fiquei com dez para almoçar no outro dia e os músicos fizeram a maior festa comigo “Esse é o cara” diziam. Não foi mole o que passei para conseguir gravar meu segundo disco.

 

Zk – Tem mais algum “causo” relativo à gravação desse CD?

Beto Cezar – Tem sim! As gravações terminaram e eu tinha que vir embora, acontece que não tinha dinheiro para pagar o hotel. Quando sai de Porto Velho para São Paulo deixei um bocado de papel assinado para uma pessoa que ficou de depositar na minha conta. Era empréstimo que até o dia da minha volta, não foi depositado. A passagem já estava comprada. O Royce me ligou dizendo que iria passar no hotel para me levar pro aeroporto mais cedo, em virtude do trânsito de São Paulo. Ainda perguntou se estava tudo bem e eu respondi que sim. Só que não tinha um tostão para sanar a dívida com o hotel

 

Zk – Resultado?

Beto Cezar – Apelei para a Mamãe, naquele dia eu sabia que o pagamento dela estaria no banco, então liguei e contei minha história e ela me disse que tinha que pagar suas contas, inclusive de água e luz que estavam atrasadas. Pelo amor de Deus não pague nada mamãe, mande dinheiro que o Royce está passando aqui no hotel e eu não tenho dinheiro para pagar as diárias. Mamãe concordou e deu o dinheiro para minha mulher Caricia depositar, enquanto isso, fui para a agencia bancária esperar cair o depósito, foi aí que bateu o desespero!

 

Zk – Que desespero?

Beto Cezar – Acontece que ela depositou no caixa eletrônico em envelope e só estaria disponível no outro dia. Meu Deus do Céu e agora? Não teve jeito, sentei na frente do gerente do banco e expliquei minha situação, chorei de verdade! Ele entendeu, consultou minha conta, ligou para Porto Velho, falou com o gerente da agencia daqui e liberou o dinheiro. Quando o Royce chegou ao hotel eu estava feliz da vida esperando por ele com a mala pronta.

 

Zk – Qual foi a música de sucesso desse segundo disco?

Beto Cezar – O interessante foi isso. Entre as que mais tocaram estava a “Amor não tem idade” que eu havia gravado naquele meu primeiro CD. O Royce ao ouvi-la resolveu regravar e ela voltou a ser uma das mais tocadas do disco. Essa música deve ser muito boa mesmo porque o Carlos Colla também pediu pra incluir no próximo CD.

 

Zk – Voltando ao terceiro CD. Como está o repertório?

Beto Cezar – O repertório é dos melhores com músicas minha, do Carlos Colla, do Alceu Maia e da Sara uma sambista carioca indicada pelo Carlos. O que está faltando é o financeiro.

 

Zk – Quanto mais ou menos falta para você entrar em estúdio?

Beto Cezar – Falta muito pouco, não adiante falar em valores. O que posso dizer é que o Carlos Colla propriamente não cobrou nada para produzir o disco, vamos ter que pagar apenas o estúdio já que a pedido do Carlos o Alceu Maia praticamente não cobrou nada também.

 

Zk – E o que você está fazendo para arrecadar o valor do aluguel do estúdio?

Beto Cezar – To vendendo CD antecipado, muitas pessoas estão colaborando, além disso, tenho investido trazendo shows de sambistas do Rio de Janeiro de São Paulo, isso, apesar de não dar muito lucro dá pro gasto, a Fundação Iaripuna colaborou contratando os shows do Dunga e do Royce do Cavaco. Estou me virando, porém, preciso de mais patrocínio e aqui da sua coluna apelo aos empresários de Porto Velho e de Rondônia. Quem quiser investir no Beto Cezar é só ligar para 9223-4450.

 

Zk – Qual a contrapartida?

Beto Cezar – Segundo o Carlos Colla e você pode conferir essa declaração no Youtube. “Jamais pensei em encontrar um sambista com o potencial dos sambistas cariocas tão longe do Rio, Beto Cezar. No máximo em dois anos vamos lutar para conseguir um autografo dele”. É isso aí!

 

Zk – Para encerrar. Aonde a gente pode apreciar o Beto Cezar cantando?

Beto Cezar – Estou me apresentando toda quinta feira no Canteiros. Tai uma boa pedida para quem quiser ajudar a gravação do meu terceiro CD. É só comparecer no Canteiros e pagar o couvert. As sextas feiras, sempre dou uma canja no Mercado Cultural cantando com a turma da Fina Flor do Samba. Quer me contratar liga para 9223-4450.

 

 

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 Fonte: Sílvio Santos - [email protected]  
 
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