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Silvio Santos

ANTONIO MONTEIRO: De Rondônia para o sertão da Bahia


 

ANTONIO MONTEIRO: De Rondônia para o sertão da Bahia  - Gente de Opinião
ANTONIO MONTEIRO: De Rondônia para o sertão da Bahia  - Gente de Opinião

Escritor volta à Bahia e com sua esposa coordena o projeto Talentos de Queimadas 


Antônio Monteiro veio da cidade de Queimadas (BA), para Porto Velho como integrante da 1ª turma de sargentos concursados da Policia Militar de Rondônia em 1977. O tempo passou e Monteiro que desde seus dezenove anos enveredou pelos meios literários, escrevendo seu primeiro romance, “História de Moleques de Rua” (até hoje inédito), tendo publicado os livros: Liane, A Saga do Plano Federal dos Policiais e Bombeiros Militares de Rondônia, Retratos da Vida, 620 Gírias e Frases das Cadeias Brasileiras, Gírias Faladas entre Gays, Varal da Poesia, A Mão de Deus, A Cobrinha que Queria ser Diferente (infantil) e Antologias de Poesias, Crônicas e Contos (em parceria com sua esposa Mônica Monteiro) pela Editora All Print de São Paulo, especialmente editado para 14ª Bienal do Rio de Janeiro. “O interessante foi que em 30 anos da existência da editora foi a primeira vez que um casal de baianos e queimadenses publicaram ao mesmo tempo suas crônicas numa mesma antologia. Sendo Mônica Monteiro elogiada por todos os escritores”, conta Antônio.

Em 2008, em virtude de um tratamento de saúde, Antônio Monteiro retornou a sua cidade natal Queimadas no estado da Bahia e ao chegar, tomou conhecimento que tinha existido o grande poeta Nonato Marques, falecido em 2006 aos 96 anos de idade. “Então questionei: Não é apenas o Nonato Marques que existe na literatura queimadenses, existem muitos outros”. Diante disso, Monteiro e sua esposa Mônica realizaram o 1º Sarau poético, literário e musical da cidade e então descobriram vários talentos da prosa da poesia, das artes cênicas e da música queimadense. “Após a realização de vários saraus tivemos a idéia de reunir os talentos da nossa cidade em um único livro que denominamos – “Talentos de Queimadas”, que será publicado neste mês de janeiro. Vale salientar que a primeira reunião dos talentos de Queimadas aconteceu em 24 de junho de 2009. Nesta reunião compareceram Alessandra Ayres, Andressa Gabrielle (14 nos), Luciana Nascimento (10 anos), Magnelia Pereira, Mônica Monteiro, Raquel Nascimento, Antônio Monteiro, Carlos Alexandre, Carlinhos de Bentinho, Dininho Sales (77 anos – Grande estudioso da vida do poeta Castro Alves), José Moura (NOZA - 82 anos, grande estudioso da vida de Lampião), Raimundo Barbosa e Raildo Pinheiro. O livro é uma homenagem a Nonato Marques, o Poeta da Baixinha.

Antônio Monteiro contou com o apoio cultural das seguintes pessoas: Secretário Municipal de Educação Professor Leonir Florionir (doação pessoal) e da Vereadora Polyana além de alguns empresários que colaboram com pequenas importâncias para os autores e não para o Projeto.

O lançamento do livro está previsto para este mês de janeiro com a seguinte programação: Saída da Estação Ferroviária da Leste Brasileiro às 19h, com caminhada até a igreja velha onde os Talentos e a comunidade farão discursos. Apresentação de grupos teatrais e músicos da cidade e em seguida o lançamento oficial do livro “Talentos de Queimadas”. Na apresentação do livro a professora Carla Regina Soares de Souza escreve: 

Apresentação

Empenhando-se diuturnamente na semeadura dessa paixão indisfarçável pelo universo das letras, Antônio e Mônica Monteiro têm-se transformado em nossos embaixadores da poesia e do registro da palavra. Ao mesmo tempo, magnetizados e magnetizantes, atraem para o universo literário todos aqueles que, de alguma forma, desejam expressar, através da escrita, o seu estar e a sua visão de mundo. Os que aqui expõem a sua veia literária foram provocados e instigados a saírem da concha dos seus universos particulares e a compartilharem conosco suas inquietações e sensações, apresentando-nos o modo como vêem as cenas do cotidiano, os seres, a vida, a morte, as dores e as saudades. Os estilos são os mais diversos, indo do protesto ao gesto de mais intensa ternura diante da vida e do devotamento pelo ser amado; da militância ao espanto e encantamento pelos bichos, pela natureza, pelas coisas mais simples do dia a dia. Guiados pelas indagações diante do mundo e pelo desejo de comunhão com a humanidade, colocam-nos suas reflexões e memórias ou lançam à vida, cá fora, o seu grito de angústia, a sua dor-denúncia. Estabelecem, assim, o fluxo da poesia, comunicando a sua solidão com outras solidões na lição bem aprendida com o poeta Mário Quintana.

Não é fácil, sobretudo para “escritores de primeira viagem”, lançar um livro no Brasil. Que dizer então se o pedaço de Brasil de onde se ousa publicar um livro é a nossa Queimada? Sem uma biblioteca, sem a preocupação de se preservar o patrimônio histórico, sem uma política de incentivo às artes e à cultura, tudo aqui é falta, tudo vai adquirindo o caráter de efemeridade. Nos dizeres do poeta José Raimundo Barbosa: “Queimadas, cidade do Já Teve, / do inexistente agora (...)”. Aqui nasceu e viveu Antônio Nonato Marques, membro da Academia de Letras da Bahia. Vários livros publicados, dentre eles Santo Antônio das Queimadas, uma narrativa histórica da nossa terra. Para nosso ilustre patrício, que tão amorosamente cantou em versos e contou em prosa a história de nossa gente, nenhum memorial. A casa em que Nonato viveu não guarda a sua biografia, os seus escritos, os seus livros, os seus objetos. Não está exposta para que as novas gerações o conheçam. Repetindo os versos do poeta José Raimundo, “cidade do inexistente”. Dor e tristeza.

Os versos de Luciana Nascimento “Pedra do Pão / Sabor de Mel” são ilustrativos da expressão máxima, ao mesmo tempo, de felicidade, dor e saudade de um recorte de tempo vivido - e hoje tristemente perdido -, de uma história simultaneamente real e mágica, e eternizada apenas nas lembranças dos que se deleitaram nas águas amigas do velho Itapicuru. Nosso rio-irmão, que banhou o “sabor de mel da Pedra do Pão”, é mais uma referência que atesta o despojamento dos nossos bens afetivos, históricos e vitais que nos têm sido impostos ininterruptamente.

Então, assim, na “cidade do inexistente” este livro é um acontecimento. Não simplesmente pela sua concretização material, mas, especialmente, pelo que traz no seu escopo: a exposição do desejo de dizer, através dos fios da memória ou da ficção literária, o que nós fomos, o que somos o que queremos e o que podemos ser. Publicar um livro é a concretização de um projeto de vida numa linha eternamente contínua que nos entrelaça em todas as gerações.

Aos escritores que aqui debutam ofereço os ensinamentos de José Paulo Paes: “todo e qualquer poeta deve preservar o menino que todos trazemos dentro de nós, mas que a vida prática nos obriga frequentemente a renegar. O poeta é aquele que se recusa a renegá-lo. E, paradoxalmente, é esse menino que torna o poeta o mais agudo dos adultos”.

Queimadas/BA, 29 de novembro de 2009
Carla Regina Soares de Souza
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual de Santa Cruz
Professora de Língua Portuguesa, Literatura e Língua Inglesa do Colégio Estadual Santo Antônio das Queimadas 

Fonte: Sílvio Santos - [email protected]   
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