Sábado, 17 de maio de 2014 - 05h32
Silvio Persivo (*)
As próximas eleições presidenciais, pelo menos no Facebook, onde, supostamente, estão pessoas de classe média e escolaridade um pouco acima da média, de fato, já começaram pelas manifestações constantes das pessoas. Um dado que se ressalta é que, pelo menos no Face, o Partido dos Trabalhadores já perdeu feio a batalha de argumentos. Não somente porque desertaram do partido importantes ícones que, no passado, levantaram a sua bandeira, como pela completa falta de argumentos e de esperança que o governo e Dilma podem oferecer. O caso mais recente do cantor Ney Matogrosso é exemplar. Ney, um artista normalmente tímido, não aguentou o clima do país e desabafou, numa entrevista à televisão portuguesa, afirmando que as coisas no Brasil andam ruins pela ineficiência governamental e os péssimos serviços públicos. O que fizeram em relação as suas declarações? Procuraram desqualificá-lo ora dizendo que está senil ou que, agora, deixou de ser rebelde, pela idade não é uma pessoa digital, nem capaz de avaliar bem a situação, enfim, é um títere da Rede Globo. Mas, ninguém vem dizer, em público, que a segurança é ótima, a educação é a melhor do mundo ou a nossa saúde é padrão Fifa, que as estradas são tapetes ou o transporte coletivo é de primeiro mundo.
Aliás, apesar de ser o governo quem alimenta a imprensa, inclusive de recursos, a cegueira ideológica (ou muitas vezes intere$$eira) faz com que se venda a farsa de que a imprensa cria um discurso oposicionista, em especial a Globo que oculta o que pode dos “malfeitos” do governo, de que tudo vai mal no país. É menos verdade. Acontece é que as coisas vão mesmo muito mal e não é possível ocultar, com tanta deterioração em todos os setores, daí que a proteção que a imprensa tenta dar ao governo se torna vulnerável. Não dá mais, como no passado, para ficar somente cantando loas, como nos tempos de Lula da Silva. Até porque a imagem de Dilma é de um ser completamente distante, incapaz de, ao menos, fazer o jogo de cena que o metalúrgico fazia de que se importava com as pessoas.
Um dado muito interessante da pesquisa Datafolha mais recente é de que, num segundo turno, entre os entrevistados de renda familiar de 2 a 5 salários mínimos, Dilma tem uma intenção de voto de 43% contra 39% de Aécio Neves. Ou seja, é um empate técnico mesmo entre os mais pobres. E isto deve se acentuar ainda mais com a Copa quando serão mostrados os gigantescos, e suntuosos, estádios recém construidos, com fartos recursos públicos, que contrastam com as dificuldades de uma população que consumiu muito se endividando e, hoje, em especial nas cidades, enfrenta uma grave crise urbana. É uma questão que deve ficar clara com os estádios: se podem se fazer estádios com qualidade por que não se pode ter escolas, hospitais, creches, transporte público e segurança de que tanto precisamos? E o atual governo, no poder faz 12 anos, não pode mais colocar a culpa da má qualidade de tais serviços em FHC. Neste sentido a Copa é uma herança mais que maldita de Lula para Dilma. Que vai haver segundo turno ninguém mais duvida, porém, o que é mais surpreendente é a velocidade que se observa na aceitação que o discurso oposicionista passou a ter e, mesmo nas classes de menor renda, a certeza que o governo se exauriu e que está na hora de trocar de governo. E se este sentimento se acelerar, como parece que está se acelerando, Eduardo Campos passa a ter uma grande chance de crescimento e a mudança, então, será inevitável. Se o time não joga bem, o primeiro que cai é o técnico.
(*)É doutor em Desenvolvimento Sustentável pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da UFPª .
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