Sábado, 18 de maio de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Silvio Persivo

Reflexão de Fim de Ano


Os bons navegadores-dizem os velhos pescadores do meu perdido Ceará-são como os rios que contornam os obstáculos, simplificam a vida. Assim, logo depois de um momento em que, pelo menos em tese, deve ser de renovação da esperança, de renascimento, de lembrar que Jesus, seja santo, filho de Deus ou mito, nasceu numa manjedoura para nos salvar, não é hora de ficar chorando as pitangas ou lamentando os acontecimentos. A vida é bela, principalmente pelo inesperado. Por ser uma gangorra onde os sem memória e os sem escrúpulos sempre pagam pelo que fazem quando pensam que são espertos. Uma nação, é preciso saber, não se faz com discursos, espertezas, mistificação. Isto é o auto-engano. Uma nação se faz com pessoas que respeitam as regras, que compartilham projetos, ideais e criam um grau de confiança mútua nos quais as leis são simples confirmação de uma forma de viver que se vive.

Vivemos tempos sumamente interessantes nos quais parece ser impossível ser alguém socialmente sem se deixar vencer pelas teses vigentes de que o que vale é o poder a todo custo ou o ter a qualquer custo também. Até nas novelas globais os mocinhos, agora, são bandidos sejam da alta, da média ou baixa camada. Nunca antes neste país a falta de educação, de respeito aos valores humanos e ao bom comportamento social estiveram tão em alta enquanto se tecem loas aos "melhores índices econômicos de uma década". Efetivamente não há nada de muito novo no que acontece. Estamos numa época em que os mais velhos, abusados e maus costumes fazem os novos dias. Numa época em que as palavras perdem o sentido para coonestar a farsa dos bons tempos que a mídia propala, mas que não chegam, de fato, ao povo, que iludidos por migalhas e pelo alargamento do crédito se embalam num consumismo sem base, que, como corolário, deve trazer, no futuro, somente dor e desespero.

A verdade verdadeira é que, por mais que a luta tenha sido grande e o caminho árduo, nós mudamos muito pouco do que herdamos de nossos pais. Pode-se até dizer que "ainda somos os mesmos" apenas vivemos um pouco diferentes e mais rápidos. É a certeza de tal rapidez que me embala nestes dias que são tão antigos e, ao mesmo tempo, tão novos. Já existiram inimigos, verdades e muros tidos como eternos que, como por encanto, sumiram e são, hoje, só lembranças. Este tempo atual, com todas as suas nuances de engano e de metamorfose, também irá passar. E é belo saber que os Judas, por mais punhados de moedas que recebam, não escapam do remorso e da história que, embora escrita pelos vencedores, somente recolhe os que resistem, os que lutam sempre, os indispensáveis. A vida é bela. A vida é renovação. E a renovação como o tempo é irreversível. Os ventos da liberdade e da consciência sempre soprarão para o lado da verdade de forma, companheiros, que espero, luto, sonho com o amanhã melhor. Se há uma coisa que é imprescindível não é ganhar, mas sonhar pela esperança que um dia há de colorir a vida depois dos tempos da escuridão. È imprescindível sonhar. E, mais ainda, sonhar o sonho impossível de um amanhã de paz, de liberdade e de democracia.

Fonte: [email protected]

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSábado, 18 de maio de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

A lição do Rio Grande do Sul

A lição do Rio Grande do Sul

O que, sem politizar no sentido menor, mas pensando na grande política, o que nos mostra o desastre das enchentes no Rio Grande do Sul? Mostra que,

Uma homenagem merecida a um grande mestre

Uma homenagem merecida a um grande mestre

Ontem (26/04), na reunião do Departamento Acadêmico de Ciências Econômicas-DACE da Fundação Universidade Federal de Rondônia, os professores do curs

Um livro demasiado humano

Um livro demasiado humano

Recebi, por intermédio do influenciador cultural Vasco Câmara, o livro de João Luís Gonçalves “Cidadãos com Deficiência-Visão Histórica”, da Edições

A difícil e necessária convivência com o celular

A difícil e necessária convivência com o celular

Efetivamente, apesar da minha idade, sou um fã de novidades e de tecnologia. Regularmente escrevo sobre economia criativa e sobre Inteligência Artif

Gente de Opinião Sábado, 18 de maio de 2024 | Porto Velho (RO)