Sábado, 27 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Silvio Persivo

O ACASO QUE NOS PROTEGE...


 

Silvio Persivo (*)

Também deu nome à muitas ruas de Porto Velho

Alguns bons pensadores afirmam que o acaso tem um papel muito mais forte no sucesso ou na existência de algum acontecimento mais do que se pensa. Lembro-me que li a tese, num livro de grande qualidade, de Leonard Mlodinow denominado de “O Andar do Bêbado”. Nele Leonard consegue explicar que, na vida, a aleatoriedade é um fato e que, muitas vezes, ocorre contra a lógica comum. Ele ressaltou, por exemplo, que, ao contrário do que pensam os torcedores, que pedem a dispensa do técnico quando o time vai mal que, em média, elas não tiveram nenhum efeito num  desempenho melhor da equipe. Efetivamente, embora tente criar uma teoria de como o acaso acontece, deixa bem claro que nem mesmo a quantidade de informações influem muito, ou seja, os insucessos acontecem com excesso ou falta de informações. Para ele, há, em qualquer série de eventos aleatórios, uma grande probabilidade de que um acontecimento extraordinário (bom ou ruim) seja seguido, por puro acaso, de um acontecimento mais corriqueiro. De qualquer forma o que ele escreveu, como escreveram outros, é que se o acaso é inevitável, então a sorte é fundamental para algum acontecimento, de forma que o diferencial pode não ser o talento (ainda que necessário), mas, a persistência. Digo mesmo a teimosia.

Tudo isto foi uma longa introdução para um evento de pura sorte que me aconteceu. O Flávio Daniel Pereira, que foi carnavalesco e sindicalista reconhecido em Porto Velho, precisava de uma dica de um economista e, vejam que, por acaso, veio me procurar. E, de fato, quem saiu ganhando fui eu. Na conversa ele me lembrou uma pessoa que teve um papel fundamental em Porto Velho que foi o seu Miranda, com o nome por extenso de Luis Borges de Miranda, que, por sinal, nem sabia é o pai da mulher dele. Seu Miranda, uma figura esquecida no tempo, foi um dessesO ACASO QUE NOS PROTEGE... - Gente de Opinião heróis anônimos, como a Maria Helita Ferreira, que também foi responsável pelo cadastro e abertura de muitas ruas e avenidas de Porto Velho e outras cidades que dela dependiam no passado. Foram pessoas que fizeram história sem se preocupar em ficar ricos ou preservar seus feitos, mas, que merecem não serem esquecidos e terem o seu valor preservado.

Flávio Daniel (foto), com uma excelente memória, recordou como seu Miranda deu o nome de muitas das ruas de Porto Velho. A rua Brasília, por exemplo, só teve este nome porque na ocasião a nova capital federal estava sendo inaugurada. Outros nomes que foram postos por seu Miranda foram os de Getúlio Vargas, Salgado Filho e João Goulart, uma homenagem que ele, como um bom “cutuba” fez aos políticos de seu partido. Assim como homenageou os amigos, como Elias Gorayeb, Rafael Vaz e Silva entre outros, bem como, criado pela ditadura o Estado da Guanabara virou rua graças a ele. E, vejam o acaso dos acasos, quando abriram a rodoviária e permitiram novas ruas, começou a denominá-las com nomes de países, porém, como não gostava de argentinos, chegou na vez dos “Hermanos” ele , no meio dos países, colocou lá uma diminuição de importância e vejam a rua, que seria Argentina, virou rua Buenos Aires.  Como se vê o acaso é muito mais forte do que se pensa. Tanto que não fosse ele não seria lembrado da origem de muitos nomes das ruas de Porto Velho.

(*) É professor de Economia Internacional da UNIR e Doutor em Desenvolvimento Sócio-Ambiental pelo NAEA/UFPª.
 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSábado, 27 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Reflexões transitórias de fim de ano

Reflexões transitórias de fim de ano

Sim, minha querida, estou preso em mim mesmo. Nunca poderei deixar de ser eu mesmo. O mundo, o meu amor por você somente pode existir se meu “eu” ex

Split Payment: o Grande Desafio para os Negócios em 2026

Split Payment: o Grande Desafio para os Negócios em 2026

A partir do próximo ano, o Brasil, por força da reforma tributária, irá começar a implantar o split payment, um mecanismo que modifica a forma como

Esperando para ver o que fazer

Esperando para ver o que fazer

É inevitável que, quando chega o fim do ano, as pessoas e as empresas recaíam no ciclo de sempre: analisar o que se passou, verificar os erros e os

Baixa taxa de desemprego: pleno emprego ou ilusão

Baixa taxa de desemprego: pleno emprego ou ilusão

A taxa de desemprego no Brasil manteve-se em 5,6% no trimestre encerrado em agosto de 2025, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí

Gente de Opinião Sábado, 27 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)