Terça-feira, 8 de setembro de 2020 - 06h52
Não somente porque meu celular
pegou um vírus, mas, também por estar de férias, tenho dado um tempo para ler,
ouvir música, ficar fora do mundo digital, de forma que não tenho dado muita
atenção as mensagens, inclusive do whatsapp. Então só agora vi, que o
jornalista Lucio Albuquerque me enviou uma provocação, com uma notícia do
“Expressão Rondônia” sob o título “Projeto de Lei quer acabar com o dinheiro em
espécie no Brasil” e me pergunta “Amigo, o que você pensa disso?”. Com certeza
seria para alguma matéria dele, mas, depois de seis dias não tem mais como
servir para ele, mas, me serviu para pensar um pouco sobre o tema. É uma ideia
disparatada? Não. Inclusive não seria de imediato, mas, no prazo de cinco anos.
Não seria o fim do dinheiro, mas, a adoção da moeda digital. Isto não é nem uma
ideia nova. Já, em 1999, Milton Friedman, economista e ganhador do prêmio
Nobel, um conhecido liberal, afirmava: “A internet será uma das principais
forças para reduzir o papel dos governos. A única coisa que está faltando, mas,
que será desenvolvida em breve, é um dinheiro eletrônico confiável”. Embutido
aí se encontra o fim do dinheiro físico e a ideia, defendida não somente por
ele, de que a moeda deveria ser uma instituição privada, num regime
concorrencial e que as pessoas poderiam escolher que moeda usar. Hoje, a moeda
que Friedman esperava que fosse feita já existe: o Bitcoin, que é privada e
permite que as pessoas façam transações entre si sem interferência de ninguém.
Mas, o Bitcoin é apenas a ponta do iceberg de uma mudança completa na forma que
usaremos o dinheiro, pois, acreditem existem mais de 2.000 moedas
criptodigitais querendo substituir as outras e o dinheiro, fora outros tipos de
experiência. É minha convicção de que o dinheiro vai ganhar novos formatos, terá
diferentes emissores e circulará livre pela internet como, hoje, se manda
mensagens ou textos. Penso que, nos próximos anos, teremos um aplicativo no
celular que será uma carteira digital onde guardaremos os diferentes tipos de
dinheiro ou ativos digitais. Isto é o futuro. E agora é possível prescindir do
dinheiro fisíco no Brasil? Se olharmos para outros países mais adiantados, por
exemplo, a Suécia, mais de 80% de suas transações não são mais físicas e se
estima que, em 2023, não haverá mais circulação de cédula física. Na China,
outro exemplo de progresso do digital, os aplicativos, praticamente, acabaram
com a circulação de papel moeda. Dois aplicativos, juntos, o WeChat e o AliPay,
no 1º trimestre de 2019, transacionavam quase 8 trilhões de dólares.
Estimava-se que mais de 85% da população chinesa faziam seus pagamentos por
celular.
A difícil e necessária convivência com o celular
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