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Silvio Persivo

A festa triunfal da Alemanha no Mineirão


  A festa triunfal da Alemanha no Mineirão - Gente de Opinião

Não, meus amigos, eu não estou triste. Desagradavelmente surpreendido, mas, não triste. Como analista pensava ser muito difícil o Brasil ganhar da Alemanha, mas, como torcedor esperava que os deuses do futebol acordassem o talento que Oscar ou Fred possuem, que, de repente, como acontece tantas vezes, o time se encontrasse e se reconhecesse dentro de campo. Pedi que os deuses acordassem nossos craques. Eles, no entanto, são caprichosos e resolveram acordar a inspiração alemã transformando o que poderia ter sido um jogo numa ópera burlesca, numa tragédia cômica em que um time, um time só jogava e fazia o que bem desejava em campo. Sejamos francos: a seleção brasileira esteve ausente do Mineirão.

Foi, e isto só merece aplausos, uma exibição de gala de 20 minutos da seleção alemã. Dos 10 aos 29 minutos fizeram, nada mais, nada menos que cinco gols! Depois do terceiro poderiam ter retirado o time do Brasil do gramado que não faria diferença. O jogo poderia ter terminado 8X0, mas, terminou 7x1! O que importa isto antes ou agora? Estava escrito, e nenhum dos adivinhos mais conhecidos e mais afamados, previu ou deu indícios de que sofreríamos uma goleada histórica, um chocolate acachapante, monumental. Diante de um resultado assim não há como buscar culpados. Poderia ser o Felipão que não viu a periculosidade e o jogo compacto do adversário, sua capacidade de, com rapidez e precisão, liquidar uma partida. Ou mesmo Parreira que colocou nossa mão na taça sem que jogássemos o mínimo para merecê-la. Isto, porém, seria uma injustiça colossal. Estava escrito que pagaríamos pelo nosso excesso de confiança, que não poderíamos fazer, como fizemos, um jogo perigosamente para a frente e ofensivo contra uma equipe tida como melhor e mais preparada. Todavia, agora, que a partida terminou somos profetas do passado, um mero esquadrinhador de uma partida que, para nós, brasileiros, deve ser lembrada como a vitória de um time melhor e mais preparado sobre a pretensão vaidosa de ganhar sem uma equipe competitiva e apenas com o talento e a raça. A vitória da Alemanha foi a vitória de quem, além de se preparar, jogou nos erros do adversário e jogou uma semifinal de Copa do Mundo como se deve jogar: com aplicação e vontade de vencer.

Repito que não estou triste. E nem deve ficar triste quem gosta de futebol, do futebol brasileiro, principalmente. Assistimos a vitória de quem jogou melhor e, ao mesmo tempo, de forma esmagadora acabou o tempo de pensar que podemos ser melhores sem treinamento, sem tática, sem esforço e sem organização. Para o Brasil é bom, ótimo que a derrota tenha sido tão humilhante, tão vexatória. Só assim iremos mudar a gestão do nosso futebol. Só assim aprenderemos que o talento somente não basta. É preciso organização, tática, suor e respeito aos outros times. A Alemanha mostrou tudo isto é merece os nossos aplausos. Nós temos que absorver a lição e refazer o nosso futebol. Se não fizermos isto, certamente, outras humilhações nos serão ainda impostas. Não vale a pena chorar pelo trabalho que não foi feito. Precisamos voltar a ter organização no futebol e formar jogadores na base, nos nossos times para voltar aos bons tempos em que jogar contra as melhores seleções não possa ser uma demonstração do quanto estamos despreparados para ganhar uma Copa.

Fonte: Blog "Um Estranho no Ninho" (spersivo.blogspot.com.br).

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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