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Gente de Opinião

Serpa do Amaral

Taba do Cacique comemorou 76 anos de Bainha


 

Por Antônio Serpa do Amaral Filho
 

Sábado passado, 16 de agosto, a Taba do Cacique reuniu todas as tribos do samba numa espetacular homenagem ao maior sambista vivo do Estado de Rondônia: Waldemir Pinheiro da Silva, o popular Bainha. Com seus 76 anos bem vividos, Bainha é o Rei da Malandragem Guaporé. Compositor e campeão de carnaval e festival, ele é hoje um verdadeiro ícone da cultura popular de Porto Velho. Sua história de vida se confunde necessariamente com a trajetória de vida de vários blocos, bares, personagens, composições populares e escolas de samba da capital. Até com as raízes mais profundas da gênese rondoniana ele se confunde: nasceu no histórico Distrito de Príncipe da Beira. Daí o grande número de bambas na tradicional casa noturna de Porto Velho, que este ano completa 48 de existência e de boêmia, sob a administração de Carmênio Barroso.Taba do Cacique comemorou 76 anos de Bainha - Gente de Opinião

Apresentando-se musicalmente para o grande público, Bainha diz textualmente numa de suas muitas composições: “Eu sou da 7 de Setembro, lá do Quilômetro Um, terra de gente bamba, de muita mulher, carnaval e samba”. O compositor criou raízes na região do Km Um, onde passou a morar quando ainda criança veio residir em Porto Velho com seu pai Francisco Pinheiro da Silva e sua mãe dona Maria Rodrigues da Silva, a Dona Marieta, famosa pelo tacacá que vendia no bairro e com o qual ajudou a criar os seus rebentos.

Na Taba do Cacique, a promotora da festa, a Escola de Samba Asfaltão, reuniu não apenas sambistas, mas também jornalistas, escritores, artistas plásticos, empresários, intérpretes, gente do teatro, do artesanato, do folclore, do cinema e das artes em geral, numa miscelânea de identidades e atividades culturais que convergiram para conjugar um único verbo: aplaudir Bainha! Lá esteve, por exemplo, o cantor e compositor Erivaldo Melo Trindade, o Bado; Norman Johnson, Adaides Batista da Silva, o Dadá, Sílvio Santos, Cabeleira, Ernesto Melo e a Fina Flor do Samba, os mestres de bateria Oscar e Admilson Knightz, Macumba, Misteira, Zé Baixinho, Cabo Sena, as Pastoras do Asfaltão, Altair dos Santos Lopes, o Tatá, Carlinhos do Tacacá da Isaura, Dr. José Maria Ortiz, Pedro Wilson, Carlos Portela, Sandro Bacelar, Beto César e tantos outros.  Nos bastidores, os portovelhenses desfolhavam um buquê de saudosistas memórias. O homenageado transitava com desenvoltura por entre os convidados, sabendo ser um orgulho e uma referência para muito deles.

Bainha não é bom só de samba. Também já foi bom de bola. No auge da juventude teve vaga garantida no Clube de Regatas do Flamengo, Clube Rio Negro, Bancrévea Clube, Clube Sete de Setembro e São Francisco Esporte Clube, do bairro do Mocambo. Mas o espírito do artista é mesmo tricolor de coração. Durante a festa de aniversário foi lembrado que ele participou da fundação de várias agremiações carnavalescas, como: Independentes do KM-1, Bloco do Bode, Só Vai Quem Bebe, Unidos da Nova Porto Velho, Unidos da Castanheira e a Diplomatas do Samba. Sua cátedrahonoris causa foi construída na faculdade da vida, cantando na varanda do Porto Velho Hotel, no Conjunto Bossa Nova, ao lado de Manga Rosa, Cabeleira e Paulo Santos, e convivendo à noite na Boate do Brandão, Tambaqui de Ouro, Zé Curica, Taba do Cacique, Maria Eunice, Arariboia, devidamente acompanhado de amigos como Totó, Inácio Campos, o Grande Bola Sete, Cocó, Meireles, Cabeleira, Leônidas Chester, Roosevelt e Maturim, Sílvio Santos e Ernesto Melo. Até Ogan no Terreiro Santa Bárbara o Bainha foi.

Ao final da festa, a samba de roda desembocou numa mesa só pra diretoria. Ali estavam Basinho, Dyenes Almeida, Ernesto Melo, Zé Baixinho, Misteira e Bainha. E as estórias e o samba na sua forma mais autêntica, a da espontaneidade, nesse momento vieram à tona. Babá, que fez mungango com os orixás e se deu mal no palco, foi lembrado. Rosa, o amor mais barraqueiro e encrenqueiro de Bainha, também foi relembrado. Bainha aprendeu o bê a bá na da escola de Noel Rosa e sabe que o samba não nasce no morro nem nasce no asfalto, o samba nasce no coração! Bainha já vem, Espírito de Luz, cantando os versos do samba que seduz!

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