Quinta-feira, 7 de outubro de 2010 - 20h35
Chico da Silva acompanhado por Ênio, Beto Ramos, Serginho, Sargento Ney, Oscar, Karatê, Áureo, Assis, Sérgio Ramos e Bainha |
Um verdadeiro fazedor da arte popular do nosso chão montou sua banca artística na calçada do Bar do Zizi, no Mercado Cultural de Porto Velho, onde acontece todas as sextas-feiras os módulos do Projeto Fina Flor do Samba. Chama-se Francisco Ferreira da Silva, de pia batismal e certidão de nascimento. Mas no coração do povo manauara ele é conhecido apenas por Chico da Silva. Um Francisco cantante, um Chico compositor. É sambista de boa cepa, mas também faz música de boi-bumbá. Seu coração de curumim criado sem cueca nos arredores de Parintins bate cadenciado na cores azul e branco, mas seu grande sucesso nacional veio na bandeira degradê da nação que venera a figura folclórica do boi vermelho, vermelhaço, vermelhão.
Chico tem inúmeras músicas gravadas por gente de renome na calçada da fama da chamada Música Popular Brasileira, como Alcione, a Marron, por exemplo. Mas disso não faz muito alarde. Sua alma de caboclo lhe faz sábio e comedido. No Bar do Zizi, apenas cantou. Chegou, cumprimentou o público e cantou com alma de artista o que sabe cantar e compor: samba. Boa parte do público conhecia suas composições, por isso interpretou com ele, em coro, os velhos sucessos do artista. Empolgado com o coral de vozes entoando suas composições, ele caminhou no meio do povo, feliz e descontraído, como um ribeirinho dando canga pé em beira rio de água doce.
Chico da Silva no Mercado Cultural |
Chico canta como quem joga conversa fora do botequim da esquina – descontraidamente, olhando nos olhos das pessoas, despojado e contente. Atuando no palco, não inventa moda nem falsetes de última hora. Deixa fluir simplesmente, em vários figurinos rítmicos, o seu esquadrão do samba, enquanto um pandeiro rebate no gol e na defesa bate o tamborim. Caprichoso por formação e batismo, ele também compõe para o boi Garantido, posto que no Amazonas a artista nenhum é dado o direito de se atrever a cantar música de apenas um boi. Sua sina franciscana lhe fez nascer na da cidade da ilha tupinabarama, mas cedo ganhou o mundo e já trabalhou até com um dos monstros sagrados da cultura nacional: o sambista Martinho da Vila. Quando desfrutava o apogeu da carreira artística uma doença grave tentou roubar-lhe a saúde e a voz. Todavia, ele lutou feito um bravo guerreiro dos parintintins e soube vencer a enfermidade, conseguindo também recuperar a voz que, no dia 01 de outubro último, ecoou por todo o quadrante do centro histórico da capital, no palco do Fina Flor do Samba.
É preciso muito amor, Sufoco, O Barba Azul, Bailarina e Convite a Roberto Carlos foram algumas das criações que Chico da Silva mostrou ao público rondoniense. Ele foi trazido à capital pelo compositor e intérprete Ernesto Melo, graças a uma super-vaquinha que arrecadou dinheiro de vários simpatizantes do projeto cultural que acontece no Mercado Cultural de Porto Velho. O que era pra ser um show transformou-se numa grande festa popular. Calcula-se ter sido o segundo maior público do Projeto Fina do Samba até hoje. Apesar da chuva ter jogado muita água na apresentação de Chico da Silva, ele soube conquistar o coração da platéia, fazendo-a dançar e cantar suas músicas, como um regente bem-amado conduzindo a massa à performance de uma ópera popular, na qual o povo é quem produz o show e assina a direção.
Chico da Silva poderia holywoodianamente seguir cantando na chuva, porque o show desse caboclo é bom até debaixo d’água!
Fonte: Antônio Serpa do Amaral - [email protected]
Gentedeopinião / AMAZÔNIAS / RondôniaINCA / OpiniaoTV
Energia & Meio Ambiente / Siga o Gentedeopinião noTwitter / YouTube
Turismo / Imagens da História
Os homens do poder sempre passarão; o bom humor, passarim!
Apesar do vazio cultural, da perda irreparável para o humanismo e para a criatividade brasileira e do profundo incômodo emocional provocado pela par
A origem do nome das Três Marias – as estrelas cintilantes da nossa identidade cultural
Em Porto Velho, todo mundo sabe que as caixas d’água instaladas numa praça do bairro Caiari são popularmente chamadas de Três Marias! Porém, ninguém
Brasil e o Guaporé, tudo a ver!
A obra do jornalista Zola Xavier, Uma Frente Popular no Oeste do Brasil, que será lançada em breve na Casa da Cultura de Porto Velho, desponta hoje
Os Trapezistas do Circo da Fuleragem Assaltaram o Mercado Cultural
O bafo sonoro do berimbau de lata repercutiu azedo e cativante ao mesmo tempo, enquanto Dom Lauro verbalizava um canto tribal, tomando para si o cocar