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Gente de Opinião

Samuel Saraiva

Carta aberta à Presidenta Dilma


 


SENHORES,


 

Há mais de 2 anos temos solicitado apoio do governo brasileiro para que interceda junto ao governo estadunidense no caso Graciela Saraiva, neta do ex-combatente brasileiro da Segunda Guerra Mundial (Jairo Saraiva).

Em novembro de 2010, Graciela foi expulsa da corporação sob acusação de “abuso de drogas”. Exame de rotina constatou codeína em sua urina. Tratava-se de Tylenol 3, analgésico sintético que copia a morfina, por ela usado após prescrição de um dentista de Maryland. Na época, o laboratório emitiu laudo que a inocentou de culpa. O Conselho de Revisão da Marinha aceitou as provas, devolvendo-lhe a “honra”. Recentemente, outro Conselho da própria Marinha, encarregado de corrigir os Registros Militares, composto por três membros, negou-se a reparar a injustiça, não admitindo peso aos méritos da decisão anterior tomada pelo Conselho de Revisão. 

Em resposta aos apelos feitos ao governo brasileiro, temos encontrado a indiferença: "Isso é assunto interno do governo americano, e ela (Graciela) não está sendo perseguida por ser brasileira.”. Esta última frase foi postada no tweeter e dirigida a mim pelo site do Ministério das Relações Exteriores.

Presidenta, nosso Brasil sempre foi por tradição um país solidário e respeitador dos direitos humanos e nunca se negou a INTERCEDER (o que não significa ingerência) em favor de qualquer ser humano, independentemente da nacionalidade. A injustiça que afeta uma pessoa é a mesma que afeta a humanidade como um todo, e não podemos avalizar isso, sobretudo quando o injustiçado, além de um passaporte brasileiro, possui a nacionalidade que representa a essência e a índole do povo brasileiro, que no passado acolheu seus antecedentes quando imigraram em difícil situação a nossa Pátria. 

A petição on-line apresentada ao Ministro da Marinha americana recebeu o testemunho de 400 apoiadores das mais variadas nacionalidades que compartem a visão de que a injustiça é uma ameaça à própria humanidade, e sua defesa postula-se acima de sectarismo de qualquer natureza.



Seu mandato de presidenta a reveste da responsabilidade constitucional e moral de defender Graciela, cujo sacrifício além-mar na guerra contra o terrorismo e a pirataria lhe rendeu o reconhecimento da OTAN e do Departamento de Defesa na forma de condecorações que lhe foram retiradas e depois devolvidas, num gesto de reparação da injustiça que a está massacrando impiedosamente.

A mácula em seus antecedentes marcará para sempre a vida que apenas começa e que está pautada na honestidade e na bravura herdada de seu avô, Capitão Jairo Saraiva que ombro a ombro lutou com os tradicionais amigos aliados americanos nos campos de Monte Castelo, na Itália. Uma palavra sua dirigida ao Presidente Obama em favor dessa jovem brasileira teria o significado de uma justa homenagem aos ex-combatentes brasileiros e a ela mesma, pelo exemplo de luta e desprendimento em uma causa que ameaça a humanidade como um todo na forma de terrorismo e pirataria.

O caso de Graciela foi divulgado no Brasil e nos EUA pela imprensa séria e empenhada na defesa da cidadania e dos direitos humanos.
 


Sou de origem amazônica (Rondoniense), e mesmo estando há mais de 20 anos residindo longe do Brasil, nunca deixei de exercer minha cidadania e oferecer ideias para amenizar o sofrimento de nossos compatriotas que optaram pelo auto exílio. Estes suprem suas famílias enviando remessas para a economia brasileira, o que significa a entrada bilhões de dólares anuais em nosso país. Entretanto, eles não possuem voz nem voto, somente o direito de contribuir.  Mais ainda: morrem desamparados e, por falta de legislação ou dotação orçamentária, suas famílias no Brasil, também contribuintes do erário, não podem ter seus restos mortais repatriados. Falta, sobretudo, vontade política e sentimento humanitário. A título de comprovar essa informação, leia a justificativa do Projeto de Lei Complementar 559/2010 e a Proposta de Emenda à Constituição 436/2009, respaldada por mais de 180 deputados federais, ambas de minha autoria, acolhidas e apresentadas pelo Exmo. Deputado Federal Manoel Júnior. A primeira "dispondo sobre a criação de contribuição social sobre as remessas de dinheiro de pessoas físicas residentes no exterior para pessoas físicas ou jurídicas residentes, ou com sede e/ou filial no Brasil, a fim de prover recursos para atendimento de brasileiros em situações emergenciais no exterior.". A segunda  “Acrescenta o parágrafo 3º ao art. 45 da Constituição Federal para conceder aos brasileiros residentes no exterior o direito de eleger seus representantes à Câmara dos Deputados.”


Reitero, portanto, o pedido para que interceda junto ao Presidente Obama, assim como já fez no passado o Senador Acir Gurgacz, em favor de Graciela. Não se trata de uma iraniana supostamente adúltera condenada à morte por apedrejamento, não se trata da ação questionável de uma pacifista, não se trata de um senador boliviano e prófugo de seu país processado por corrupção. GRACIELA SARAIVA é simplesmente alguém que se negou a abrir mão da nacionalidade brasileira por ter orgulho de sua pátria e precisa de solidariedade para livrar-se de uma inaceitável injustiça.


 
Respeitosamente,


 
Samuel Saraiva

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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