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Osmar Silva

Pioneiros ao vento


Aqueles rostos de pele curtida e olhos arregalados tinham razão para tanta ansiedade. Eles esperaram muito esse dia. Foram entrevistados, contaram suas histórias, suas experiências e os seus sonhos. Constituíam um grupo de umas trinta famílias que iriam entrar para a história da colonização de Rondônia como os primeiros habitantes a desbravar a selva onde, mais tarde, se consolidaria um dos mais pujantes municípios de Rondônia: Buritis. Talvez alguns ainda estejam por lá. Ou, pelo menos, alguns dos descendentes.

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William Cury
 

Reunidos no antigo prédio do Núcleo de Apoio Urbano de Apoio Rural-Nuar, de Boa Vista, selecionados por Álvaro Ronconi, administrador da vila e coadjuvado por esse escriba, que acompanhou todo o processo. Registrava os feitos daquele tempo no jornal O Parceleiro que Ronconi recebia e redespachava para as comunidades rurais. Naquela manhã aquele grupo inaugurou uma estrada de terra de sessenta quilômetros, em direção à Gleba Buritis. Foram os primeiros ‘assentados’ ao logo da rodovia aberta por ordem do governador Jerônimo Santana, em 1987, após longas argumentações do deputado federal Francisco Sales. Em diversas ocasiões Ronconi participou das negociações, por defender com muito ardor o projeto.

Após estas trinta famílias não parou mais de chegar mudanças nas terras dos Buritis. Eram famílias sobradas dos assentamentos do Incra em Ariquemes e, principalmente, de Boa Vista. A parceria entre Álvaro e Francisco Sales rendia frutos. Ela vinha desde 1979 quando o deputado era prefeito de Ariquemes e fundou Boa Vista, nomeando Ronconi como seu administrador. Juntos, à época, abriam centenas de quilômetros de estradas, rasgando as matas virgens daquelas paragens para permitir o assentamento de milhares de colonos vindos de todos os cantos do Brasil.

Os dois abriram ruas, avenidas e praças. Através da Codaron, Companhia de Desenvolvimento Agropecuário de Rondônia – se não me engano era esse o nome -, dirigida pelo agrônomo William Cury e menina dos olhos do governador Jorge Teixeira de Oliveira, instalaram armazém da rede nacional Cibrazem, construíram a sede administrativa do distrito contendo escritórios da Emater, da Codaran, da Secretaria de Agricultura e da subprefeitura. Até hoje, é lá que funciona a Prefeitura do Município de Montenegro, no mesmo prédio da antiga Boa Vista.

Esses dois personagens são os pais destes importantes municípios do Vale do Jamari na Região da Produção. E por que lhes conto essa história? Porque dia desses almoçando com meu segundo filho, doutor Thiago Patta da Silva, médico cirurgião bariátrico, fui apresentado à sua namorada. E me chamou a atenção o sobrenome Ronconi da bonita moça. Após esclarecer-me completou: era meu tio, o senhor não sabe? Ele morreu a um mês. Atropelado, na porta do sítio onde morava, às margens da BR-421. Entre as duas cidades que ajudou a criar. Sem reverências nem notas de pesar. Nem dos Legislativos nem dos Executivos. Morreu da mesma forma que seu irmão, Justino, muito tempo atrás, na mesma rodovia, ao lado do seu sítio, onde também morava. Não acumulou fortuna. Sua vida útil foi doada ao próximo. Esse é o seu galardão. Eu sei, eu vi.

 Osmar Silva / [email protected]

 

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Fonte: Jornalista Osmar Silva/DRT 1035 - [email protected]
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