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Osmar Silva

O clube


O clube mais fechado do Brasil, composto por 81 seletos membros, cassou um dos seus sócios nesta tarde do dia 11 de julho de 2012. Não adiantou o discurso de inocência e de conduta ilibada. Os pedidos de desculpas e de perdão, humildemente dirigidos a um plenário vazio. Os apelos chegaram tarde de mais. A sorte estava selada. O promotor público de Goiás, Demóstenes Torres, levantou-se da cadeira que ocupara por nove anos, expulso por 56 votos de condenação, mas levando ainda, 19 sufrágios de velhos e condescendentes companheiros. Foi muito. Na verdade, não merecia nenhum.

O senador construiu uma carreira sólida, participativa, respeitosa como um dos mais legítimos defensores da ética e da moral neste país. Sua conduta íntegra o credenciava como exemplo de político a ser seguido e o colocava no patamar dos raros personagens públicos digno do respeito de todos. Da situação e da oposição. Ele era diferente. E isso o distinguia dos demais. Mas por trás desta imagem reluzente, minuciosamente cuidada, havia cupins e traças corroendo-lhe a alma, consumindo-lhe os valores. E acabou caindo na cilada de ‘enganar a poucos por algum tempo, mas não a todos o tempo todo’. E se perdeu.

Em 188 anos este emérito clube do Brasil, cheio de virtudes aparentes e vícios endêmicos, cassou somente dois sócios: Luiz Estevão, do Distrito Federal em 2000 e, agora, Demóstenes Torres. Ambos em pleno século XXI. Esta seletíssima casa, não nos iludamos, não os cassou por seus malfeitos, por suas ações corruptas ou pelos seus comportamentos aéticos. Não. Eu não acredito nisso. Foram cassados por que mentiram e trairam, não ao povo brasileiro ou ao Brasil. Mas aos membros do clube. E isso não se faz. Demóstenes comportou-se como diferente, e não era. Falou como diferente, e não era. Era igualzinho à maioria dos seus pares. Ora, onde já se viu tamanha desfaçatez?

Este clube chamado Senado Federal, exerce o mais fantástico corporativismo do Brasil. Não importa as peraltices nem a bandeira que cada um empunhe. Depois que chega lá, ganha uma blindagem que nem o presidente da república tem. Este é, ao mesmo tempo, o sócio e o único eleitor do seu clube. Tudo numa só pessoa. É o rei da solidão. Lembram do Collor de Melo implorando ‘não me deixem só?’. Pois é. Mas no Senado, não. Lá vigoram as leis dos Mosqueteiros ‘todos por um e um por todos’ e a do Gerson de ‘levar vantagem em tudo’. Lembram do quanto protegeram o Expedito Junior? E para melhorar, eles, os senadores, têm direito a suplentes sem nenhum voto. Pode ser qualquer um. Até o pai. O Senado é um clube familiar. Por isso a traição é imperdoável.

Esta é a grande hipocrisia da política brasileira. Tudo tem duplo sentido, duas leituras, linhas e entre-linhas. Veja-se agora, por exemplos, as declarações de rendas dos candidatos a prefeitos e vereadores dos 5.564 municípios do Brasil. É até sacanagem. Aqui em Porto Velho, por exemplo, tem candidatos a prefeito empresários, ricos e famosos, declarando patrimônio de R$ 4 milhões. Por esse valor não entregam nem o prédio sede dos seus negócios, e o resto? O resto está em nomes de laranjas, ocultos, escondidos da Receita Federal e da fama de pedinte do eleitorado brasileiro.

Não está na hora de uma lei cruzar estas informações com os cadastros bancários onde o sujeito supervaloriza seus bens? Ou de uma norma que obrigue a Receita Federal, o Ministério Público, o Tribunal de Contas e até mesmo a Polícia Federal apurar estas informações como condição para diplomar se for eleito? Hein!!!

Fonte: Osmar Silva
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