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Gente de Opinião

Osmar Silva

Não gosto de injustiça



Sim, fui subversivo sim senhor. Lutei contra a polícia da ditadura militar no Rio de Janeiro. Os ‘catarinas’ vinham pra cima com seus cavalos e cassetetes tamanha família. Batendo sem dó nem piedade. Revidávamos com pedras e paus e corríamos. Participei de protestos públicos na Cinelândia, em frente ao Teatro Municipal e de carreatas na Avenida Rio Branco, fechando trânsito.

Eu era calabouciano. Comia e estudava no Calabouço. Filiado na UME, União Metropolitana dos Estudantes do Rio de Janeiro, ajudava fazer o Jornal dos Estudantes. Era um tempo em que os estudantes discutiam política no almoço e no jantar. E eu tinha um sonho.

Invadiram meu apartamento alugado bem em frente ao Calabouço, e quebraram tudo. Morava com dois amigos. Sumiram com eles.  Escapei por estar num protesto no Largo da Glória. Fugi para Minas Gerais. Acabaram com o Calabouço e com o meu sonho de ser advogado.

Esse introito é para pontuar que, por razões óbvias, não gostava de militar. Pra mim eram todos iguais. Tinha deles a pior imagem. Até conhecer o coronel Jorge Teixeira de Oliveira e através dele, prestar atenção no que os coronéis Mário Andreazza e João Baptista Figueiredo faziam em favor de Rondônia, minha nova terra.

Mudei. Passei a separar o joio do trigo. E ver qualidade onde só via defeitos. Por isso, posso afirmar que, neste dia 4 de janeiro de 2016, quando comemoramos o 34º aniversário de instalação do Estado, além dos heróis já amplamente reverenciados, temos que reconhecer o papel decisivo do presidente João Baptista de Figueiredo na criação do Estado de Rondônia.

Tudo bem que ele era presidente do Brasil na ditadura militar. O último. Tudo bem que ele gostava mais do cheiro dos cavalos que do povo. Mas é indiscutível que ele gostava de Rondônia e de sua gente. Não criou o estado quando o combatente deputado federal Jerônimo Santana, do PMDB, pediu. Mas acolheu a ideia e aguardou o momento.

O momento surgiu quando seu companheiro de caserna deixou a bem sucedida gestão na prefeitura de Manaus. Mandou para cá o coronel Jorge Teixeira para transformar o território em estado. O todo poderoso ministro do Interior, Mário Andreazza, parceiro de armas, engajou-se plenamente no projeto. Por determinação de Figueiredo. E o fez, também, pela a amizade que dedicava ao Teixeirão.

A partir daí não faltou nada para Rondônia. Sonhos impossíveis como a Hidrelétrica de Samuel e a BR-364 se materializaram. A reforma agrária que estigmatizou tantas lideranças brasileiras, aqui ocorria com o beneplácito de um sistema de governo que cassou e baniu os arautos da dita distribuição de terras.

Tudo bem que se afirme que o projeto tinha como finalidade política aumentar os votos do PDS, partido que apoiava a ditadura, no Colégio Eleitoral do Congresso Nacional para eleger mais um presidente ditatorial e derrotar o democrata Ulisses Guimarães e o seu PMDB.

Mas eu o vi o João Baptista em várias ocasiões em Porto Velho, Ariquemes, Ouro Preto. Bem de pertinho, falando com as pessoas, com lideranças rurais, com colonos, entregando títulos de terra emitidos pelo Incra. Era visível sua satisfação. Não era somente interesse nos votos do colegiado. Havia o sorriso, o gostar do que estava fazendo.

Temos os municípios de Teixeirópolis e Jorge Teixeira homenageando o Teixeirão. Temos o Mário Andreazza. E temos até o Presidente Médici. O que esse tirano fez por Rondônia? Mas desconheço sequer uma avenida importante em um dos nossos municípios com o nome de João Baptista de Figueiredo. E este fez. Poderia deixar de fazer a hora que quisesse.

E o Teixeirão não se cansava de informar:”estou cumprindo uma missão do presidente Figueiredo: transformar Rondônia em estado”.  

Não é hora de corrigirmos a injustiça?

OsmarSilva – Jornalista – [email protected]

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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