Do monte

Fiquei duas semanas sem escrever o artigo costumeiro. Resolvi dá uma folga pros neurônios e pros leitores. Subi o morro pra olhar o cenário, buscando uma visão melhor do desenrolar dos acontecimentos. Não posso olvidar que a sociedade brasileira está vivendo um momento singular. Ao mesmo tempo em que o Supremo Tribunal Federal escreve uma nova página da história jurídica do nosso país, estamos envolvidos no tão temido processo eleitoral que elegerá milhares de pessoas para comandar as quase sei mil prefeituras e câmaras municipais do Brasil. Espécie de grande ensaio que as forças políticas realizam para, dentro de mais dois anos, definir quem de fato detém o poder de uma das maiores economias de um dos maiores países do mundo.

Mas essa grandeza não trouxe só benefícios. O malefício veio junto e ampliado.  Enquanto o julgamento do mensalão corre e a campanha eleitoral transcorre, vemos que estas ações não são antagônicas e, por isso mesmo, não se excluem. Como muitos pensaram e temiam. Mas percebemos que a corrupção progride, avança, se capilariza. E encontra espaços entre personalidades do mundo jurídico e judicial, terreno fértil entre políticos e empresários e horizonte no Congresso Nacional. De todos os males deste Brasil grande, a corrupção é a mais cruel. Além de destroçar valores, desmontar caráteres e enegrecer a alma nacional, tira o pão do que tem fome, o remédio de quem está doente, o lar da família de quem não tem onde morar e a escola de quem não tem onde estudar.

Enquanto o Supremo está dizendo ‘olhem, prestem atenção, não vamos mais aceitar a impunidade’ os personagens das sombras dão risadas e acreditam que ‘tudo é somente um blefe’ e, pior, têm convicção de que ‘somos mais espertos que estes idiotas que se deixaram pegar’. A tradução da bandidagem do baixo clero então é clara: ‘ôpa! Tá pra nós’ e vamos sequestrar, matar, assaltar, roubar, estourar caixas de banco. E agora, para desmoralizar o estado e provar sua incapacidade de reagir, a onda é primeiro atacar os quartéis, matar uns guardas e obrigar os demais a arrebentar banco junto com a quadrilha. Ou seja, transformar o agente da lei em comparsa do crime que tem dever de combater. É este Brasil do outro lado da moeda que apequena, encolhe e humilha o Brasil grande e vistoso que acolherá as Olimpíadas, o Congresso Mundial da Juventude e a Copa do Mundo.

Precisamos ainda de uma boa caminhada para por este país nos trilhos. E o exemplo de que a tarefa não é curta nem pequena está bem entre nós. Em recente edição a Época registrou que o deputado federal Dodadon negou entrevista ao sentir que o repórter era ‘maligno’. Quem está condenado a 13 anos de cadeia é ele e não o jornalista. Logo o Caramunhão é o senhor Donadon.  Mas por que esta atitude? Por pura confiança na impunidade. Seu último recurso, lá no Supremo que o condenou, teve o julgamento adiado por onze vezes. Enquanto isso ele canta debochadamente nas festas de rodeio. O médico e lutador Sérgio, deduz: ‘ se o Donador pode, também posso’ e manda ver porrada e garrafada em quem cumpre o ofício de registrar e publicar suas estripolias de agente público. E Rubinho vira o alvo e vítima. Sei o que é isso, companheiro!

Fonte: OsmarSilva – [email protected]