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Gente de Opinião

Osmar Silva

Cem anos de abandono


Gostando ou não, temos que aceitar o fato: Porto Velho é a mais maltratada capital de estado do Brasil. Além de ser a mais feia das cidades do estado, é a de pior qualidade de vida. Não que não haja cidades no interior de Rondônia sofrendo com o descaso, incompetência e a corrupção endêmica. Jaru, Buritis e Cacoal são exemplos desses malefícios. Ainda assim seus habitantes, que chegam aqui, constatam que suas cidades ainda estão em melhores condições que a capital do estado.

Mas tem o outro lado da moeda: Porto Velho é uma cidade onde corre dinheiro. Um lugar bom para fazer a vida. O comércio, a indústria, a agricultura familiar e a pecuária crescem. As dezenas de invasões urbanas e a multiplicação de condomínios e edifícios comprovam a expansão vertical e horizontal da cidade. Mesmo com grande parte desse crescimento ocorrendo através de invasões de terras públicas e privada. Tem sido assim nos últimos trinta anos. Pois há uma força que vem desse chão, que faz pulsar a cidade e prende quem põe os pés nessa terra.

Com esse dinamismo independente, Porto Velho é uma cidade onde não falta trabalho. Que oferece a todos, espaço para se estabelecer e crescer. Costuma é faltar mão de obra especializada para atender o mercado de trabalho. É um lugar onde o povo trabalha, gera riquezas e consome. E por que então esse desmazelo com uma cidade tão generosa e acolhedora?

Por pura inconsciência política dos eleitores. Pela excessiva ganância dos seus políticos, incompetência e irresponsabilidade dos seus gestores. Verdadeiros ilusionistas eleitorais. Ou então, por destino ou má sorte.

O fato é que se você perguntar a qualquer um quem foi o melhor prefeito da cidade nas últimas décadas, só um nome vem à mente: Chiquilito Erse. E se indagar quem foi o pior, não é difícil ouvir: todos os demais. Aliás, esses ‘demais’, vêm realizando uma aposta maligna: ser pior que o antecessor. Mesmo quando o estado ajuda. O resultado é esse que nos rouba a autoestima, nos envergonha e nos humilha diariamente.

Uma cidade que tem uma das mais belas histórias do país, mais que assiste os seus símbolos sendo desprezados, abandonados, aviltados. Parece ser de propósito que é para o sujeito nunca mais vir aqui querendo saber o que restou da lendária Estrada de ferro Madeira Mamoré, Cemitério da Candelária, Caixas D’água Três Maria, Prédio do Relógio, Cine Resk, Porto do Cai N’àgua e Forte Príncipe da Beira. Sugere ser um pacto satânico em plena execução para apagar o nosso passado, a nossa história, a nossa cultura.

Esquecem que um povo sem passado, sem história, e sem cultura é um povo sem futuro. Uma nação que não merece respeito. Tudo que ela produz, não tem o valor merecido. Toda sua riqueza, é subvalorizada. Essa a lei que rege o mercado.

A verdade é que a nossa capital precisa de um milagre urgente. Qual? O de atrair para a sua direção, cidadãos de fato responsáveis, honestos, trabalhadores, comprometidos com seu povo, numa sucessão de gestões de qualidade, para reverter essa letargia mortal.

Só assim nossos netos verão o Porto Velho que nós sonhamos ter. Não alimento ilusões de vê esta cidade, que aprendi amar, com a mesma qualidade de vida de Ariquemes, Ji-Paraná, Montenegro, Vilhena, Rolim de Moura e tantas outras do nosso estado. E olhem que as mais velhas só tem trinta anos. Porto Velho tem cem. De abandono e dilapidação. De solidão. Salvo raras exceções.

OsmarSilva – Jornalista – sr.osmarsilva@gmail.com

                            

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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