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Osmar Silva

A Princesinha da BR-364



Meus olhos, ávidos e curiosos, em recente viagem, varriam o cenário atual das primeiras cidades que encontrei às margens da BR-364 quando cheguei a Rondônia no começo de 1979. Buscavam, na paisagem, vestígios de um passado recente, de somente 36 anos, menos que pessoa na metade da vida. Mas diante da grandeza e da modernidade destas cidades, chego a ter a impressão que procurava sinais de um tempo longínquo. 

É a sensação que causa, a qualquer um, o tamanho, a efervescência econômica e a qualidade de vida de Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal, Pimenta Bueno e Vilhena, as cinco primeiras cidades às margens da rodovia que corta Rondônia ao meio, de Norte a Sul. Entretanto, estes centros urbanos, como outros mais jovens e de igual quilate, só têm 38 anos. Organizadas e bonitas, parecem ter a idade das boas cidades de qualquer estado do País. Não é espantoso?

Hoje, dia 11 de outubro, é o aniversário de Ariquemes, tão jovem e tão sedutora. O professor e ex-prefeito Pedro Tavares Batalha, a chamava de ‘Princesinha da BR-364’. Mas a nova Ariquemes tem o seu DNA num tempo muito mais distante. Vem das eras da tribo dos povos Ahôpôvo, também chamados de Arikême, mesmo nome do rio às margens do qual viviam, na região hoje conhecida como Vale do Jamari. A mesma já conhecida, nos idos de 1794, por aventureiros diversos, por suas especiarias, entre elas, o cacau. Fruto nativo e abundante, entre seringueiras e castanheiras, açaís e bacabeiras, buritis e babaçus e tantas outras riquezas.

No século XIX, nasceu o Seringal Papagaios com sede às margens do Rio Jamari, dominando a região e disputando territórios com os índios Arikêmes. Ali, ficava o Porto Papagaios e, naquele local, começou a se formar a Vila de Papagaios. Era do primeiro ciclo da borracha. Os nordestinos avançavam nos coração do ‘Inferno Verde’. E aumentava conflito com os índios.

Coube ao Marechal Rondon intermediar o primeiro ato de pacificação das partes em conflitos nas terras dos Arikêmes, agora também terras de seringueiros. Ele viu-se contingenciado a esta ação pacifista para poder cumprir sua missão de instalar um posto dos correios e telégrafos naquele local, no ano de 1909, quando chegou às margens do Rio Jamari, em sua terceira expedição.

Na Praça Marechal Rondon, no bairro do mesmo, antiga Vila Papagaios, existe um museu instalado na antiga sede dos Correios e Telégrafos, construída pelo grande sertanista que empresta seu nome a Rondônia, contando um pouco desta história. Nele tem, também, exemplares e até um filme premiado numa das primeiras edições do FestCineAmazônia, contando a história do Jornal O Parceleiro, fundado em Ariquemes, em 1979, por este escriba que o dirigiu por quase duas décadas.  

Mas Ariquemes teve seu nome em documento oficial, em 1915, quando nasceu como o III Distrito do Município de Santo Antônio do Rio Madeira, do Estado da Amazônia. Mas em 1943, o gaucho de São Borja, Getúlio Vargas, presidente da República, mudou a identidade da vila. Agora era Vila de Ariquemes, pertencente ao Município de Porto Velho, do Território Federal do Guaporé que, em 1956, passou a se chamar Território Federal de Rondônia.

E assim permanece até 11 de outubro de 1977 quando, o coronel João Baptista Figueiredo governava o Brasil, o coronel Humberto Guedes dirigia Rondônia e o arquiteto Antônio Carpintero  cuidava de Porto Velho. Neste dia nasceu o Município de Ariquemes, tendo a vila do mesmo nome como sede.

A partir de sua independência, Ariquemes inicia um novo tempo. O tempo da colonização. E muda de lugar. É aqui que eu me insiro e participo da sua história. Mas isso é assunto para outro artigo.

Sou filho, Ariquemes. Te amo muito. Parabéns!

OsmarSilva – Jornalista – [email protected]

        

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