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Montezuma Cruz

No reino encantado das águas do Rio Guaporé


Agência Amazônia mostra as riquezas do Guaporé e a ameaça à floresta na fronteira Brasil-Bolívia.  Canoeiros e exímios nadadores (FOTO) assim são os filhos e netos de seringueiros amazônicos.

Agência Amazônia 
Montezuma cruz

RESERVA EXTRATIVISTA RIO PRETO, RO — O céu brilha forte ao entardecer na Serra dos Pacaas-novos. O verde e o azul são impressionantes na Amazônia Ocidental. As águas do rio estão subindo. O rio comanda a vida, lembra o escritor acreano Leandro Tocantins. Nesta época do ano, os rios são as principais estradas para os seringueiros e ribeirinhos desta parte da Amazônia Ocidental, fronteiriça à Bolívia.

Crianças completam a quarta série e não têm mais escola. O menino Fabrício, dois anos, foi picado por insetos, sofreu uma inflamação e as feridas estão bem visíveis. Algumas casas têm antena parabólica. Os computadores fornecidos pelo Ministério da Educação ainda não chegaram. Passaram perto e já prestam serviços às reservas indígenas do Acre.

Visitamos a Reserva Extrativista do Rio Preto (Resex) para uma série de matérias que a Agência Amazônia está apurando na fronteira brasileira com a Bolívia, em Guajará-Mirim, a 364 quilômetros da capital, Porto Velho. Guajará é um dos maiores municípios do País e está na lista dos que mais conservam o ecossistema. A série é produzida pelos editores Ana Maria Mejia e Montezuma Cruz. Eles estão na região desde o início de janeiro. 

 No reino encantado das águas do Rio Guaporé - Gente de Opinião
Os gêmeos Helton e Hatirson completaram nove anos no Natal /M.CRUZ  
Vimos o pequeno salão coberto de palha de palmeira, os enfeites de Natal, os meninos e os vira-latas magros do seringueiro Napoleão Rodrigues, 59 anos. Napoleão está feliz: plantou quatro mil pés de café da variedade arábica, colhe castanha e látex. A mulher e as filhas fabricam sabonetes, farinha e outros produtos à base de babaçu. Os preços são acessíveis, a partir de R$ 1, e os produtos atendem a encomendas. 

Outras pessoas produzem farinha puba, colhem castanha-do-Brasil, extraem óleo de copaíba, preparam mudas de jatobá e de outras espécies nativas. Tudo para ser replantado ali mesmo. Mas a safra de cupuaçu se perde nos quintais. Alguém precisa comprá-las para mover a indústria de bombons e achocolatados. 

O Natal foi lindo também na floresta, contam os seringueiros e castanheiros. Três netos de Napoleão comemoraram aniversário no dia 25. Dos deles, os gêmeos Hatirson e Helton, 9 anos, sorriem. Gostam do lugar. O período natalino também foi de muito de reflexão. A menos de 50 quilômetros da Resex, o verde está ameaçado pela ganância desenfreada do homem: as castanheiras vêm sendo derrubadas impiedosamente no município de Nova Mamoré.

Do comércio bilateral com a Bolívia à polícia, há notícias boas e ruins. A região é exuberante, mas está carente de médicos, anestesistas, professores, policiais e até padres. Contaremos tudo isso a partir da primeira semana de fevereiro. Com muitas fotos do cotidiano de uma das mais bonitas regiões da Amazônia.

Geografia da região

No reino encantado das águas do Rio Guaporé - Gente de Opinião▪ O Vale do Guaporé é a zona de transição entre o Pantanal Mato-Grossense e a Amazônia.

▪ O rio Guaporé nasce no Mato Grosso e estende-se por 1.224 quilômetros até desaguar no Rio Mamoré, no Sudoeste de Rondônia.

▪ O Mamoré vem da Bolívia e mantém esse nome até encontrar o rio Beni, vindo do Altiplano Boliviano, para formar o rio Madeira.

▪ Desde Vila Bela da Santíssima Trindade, em Mato Grosso (região aurífera nos tempos de colônia) até Guajará-Mirim, o Guaporé e o Mamoré formam uma hidrovia com 1.400 quilômetros de extensão.

Fonte:Montezuma Cruz -  Agênciaamazônia (contato@agenciamazonia.com.br)  
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