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Montezuma Cruz

Mistérios prolongam estudos na Serra Muralha – 2


 Mistérios prolongam estudos na Serra Muralha – 2  - Gente de Opinião
Lugar a ser estudado profundamente

MONTEZUMA  CRUZ E CARLOS ARAÚJO
Em Vista Alegre do Abunã

 

Para o geólogo Amilcar Adamy, da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM–Serviço Geológico Brasileiro), as pedras encimadas ao redor do topo da Serra da Muralha revelariam a presença humana possivelmente no período pré-inca (século XV).

“A vegetação aqui era formada por savana, e isso possibilitava visão mais ampla de quem se aproximava”, explicou.

O paleontólogo da Universidade Federal do Acre (Ufac), Alceu Ranzi, comentou em 2008: “Essa muralha seria um artefato natural da geologia ou uma obra antropogênica? Se obra de humanos, seria dos tempos coloniais ou de antes da chegada dos europeus conquistadores?”.

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Pedagoga Géssica Lana bebe água de cipó

Tomando-se as características da suíte intrusiva Serra da Providência, datada de 1,57 milhão de anos, a idade da Serra da Muralha pode enquadrar-se nessa classificação de idade, estimou o geólogo Marcos Quadros, da CPRM.

Segundo estudos mencionados por Adamy, a ocupação do Vale do Madeira deixou vestígios de fragmentos de cerâmica estimados entre seis e sete mil anos. No segundo período da ocupação, de 800 a dois mil anos, surgiram geoglifos na região. Projeto coordenado pela arqueóloga Denise Schaan, da Universidade Federal do Pará, catalogou mais de 250.0

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Na volta, expedicionários reconhecem rochas graníticas e vegetação próxima à serra

Para o professor licenciado em História pela Ufac, Eduardo de Araújo Carneiro, os primeiros habitantes da Amazônia chegaram por volta de 1.500 a.C. [alguns pesquisadores defendem a hipótese de que a presença indígena remonta os anos de 31.500 a.C.]. “Cerca de seis milhões de índios aqui estavam antes da chegada dos portugueses em 1616”, ele disse.

“A arqueologia amazônica está sendo reescrita”, disse Denise Schaan. Segundo ela, data de 1970 a instalação de um programa nacional de identificação de sítios arqueológicos, graças a um convênio entre a Smithsonian Institution, de Washington (EUA) e o CNPq.

“Em 1542, Gonzalo Pizarro [irmão do conquistador espanhol Francisco Pizarro] buscava o lendário Eldorado. Mais tarde, as correrias teriam estabelecido a disputa entre povos da planície e os das montanhas”, lembrou o professor Solano Lopes.


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O jipeiro Elias Jouayed Almeida aponta o cacto nascido na rocha granítica

Nessas correrias, seringalistas reuniam até 50 homens armados para atacarem aldeias, matarem os líderes, escravizarem outros e cooptarem índias para servirem de mulheres no seringal.

A muralha intriga a todos: o muro fortaleza provaria a conquista de Paucarmayo? As terras do Acre e Rondônia fariam parte do Antisuyu, a Terra do Leste do grande Império Inca também conhecido como Tawantisuyu?

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O escritor Cláudio Feitosa esteve na serra aos 14 anos de idade,
em 1947 /Foto cedida por Abnael Machado

IBGE vasculha os cantões

Há quatro anos na gerência regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Luiz Cleyton Holanda Lobato está ansioso à espera do seu primeiro censo, previsto para 2018.

Membro ativo do Centro de Estudos Geográficos da Amazônia na Unir, ele busca consolidar sua formação com a vontade de orientar recém-chegados às cinco agências do IBGE no interior de Rondônia.

“Passo-lhes a minha experiência”, disse referindo-se à oportunidade de observar moradores escondidos nos cantões de unidades florestais ou habitando margens de rios.

“Se o pesquisador não tiver suficiente vontade, essa gente entra na margem de erro, por isso temos que nos certificar de que realmente existem”, alertou.

Quase 40 anos atrás, a contagem de pessoas era facilitada por borrifadores de veneno da extinta Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam). Eram os conhecidos agentes mata-mosquitos que informavam aos Correios e ao Incra o endereço exato das pessoas. Que só eles sabiam.

“Depois do censo, vamos organizar a expedição ‘Rondônia no avesso’, para percorrer 1,5 mil quilômetros de estradas antigas entre a BR-364 [trecho rumo ao Acre] e Vilhena [divisa com Mato Grosso]”, comprometeu-se Luiz Cleyton.

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Comerciante e jipeiro Raimundo Aguiar e o diretor
do Parque Nacional Mapinguari, Wilhan Rocha Assunção

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