Segunda-feira, 25 de agosto de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Montezuma Cruz

Ministro manda e garimpeiros ficam em Periquitos


 Gente de Opinião
MONTEZUMA CRUZ
Editor de Amazônias

 

“Só sairemos mortos. Quem sobreviver colocará os corpos dos companheiros em frente ao Palácio do Governo, para que Rondônia e o Brasil saibam do massacre de uma classe indefesa que só quer continuar ajudando o desenvolvimento do estado”. Era agosto de 1985 e a C.R. Almeida seguia pressionando por todos os lados possíveis: detentora de direitos de pesquisa queria áreas preferencialmente sem garimpeiros por perto.
 

Esse tom dramático de um nordestino simples, corajoso e que preferiu o anonimato, serviu também para chamar a atenção de Brasília aos acontecimentos em Periquitos, no Rio Madeira, a 70 quilômetros de Guajará-Mirim. Mais de 18 mil homens aguardavam o pronunciamento do ministro da Justiça, Fernando Lyra.Ministro manda e garimpeiros ficam em Periquitos - Gente de Opinião
 

E lá veio Lyra, pondo em banho-maria uma liminar do juiz Sulaiman Miguel Neto, da Comarca de Guajará-Mirim, que determinou a retirada deles no prazo de 15 dias, a contar de 24 de agosto.
 

Cinco dias antes o governo estadual havia entrado com recurso no Tribunal de Justiça para sustar a medida que determinava à Secretaria de Segurança Pública ajudar no despejo dos garimpeiros. Assim, a secretaria acionou o comando da PM e pelo menos duzentos policiais militares foram deslocados para a região. Em vez de expulsarem os garimpeiros, os Pms fizeram uma operação de desarmamento, buscando prender traficantes de drogas.
 

No entanto, o alívio da classe pouco espanto causava à poderosa C.R. Almeida. A decisão de expulsar os garimpeiros concentrados ao longo de 50 km do rio partiu do Departamento Nacional de Produção Mineral, com a alegação de que a o garimpo produzia uma média de 80 a 100 quilos de ouro por semana. Era o que se chamava na época uma “grande fofoca.”
 

A C.R. Almeida se considerava a sublocatária maior das terras e das águas e não abria mão dos seus direitos legais. Desmentia na ocasião, à imprensa, a alardeada intenção de estudar uma proposta da Associação das Indústrias Extrativas de Minérios de Rondônia, no sentido de permitir a mineração, desde que recebesse a título de royaltie (compensação por área explorada) 10% da produção do ouro.
 

Exercia mesmo um poder. Seus advogados afirmavam nas entrevistas que a empresa “não tinha que negociar nada em cima dos seus direitos.”

 
 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSegunda-feira, 25 de agosto de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Histórias que a transparência não conta – nem faz questão

Histórias que a transparência não conta – nem faz questão

É por demais conhecida a história mineral rondoniense, mas a sua parte oculta atual segue inalterada. Nunca interessou à Transparência Governamental

Oitavo torneio hoasqueiro da amizade será neste fim de semana, no Aluizão

Oitavo torneio hoasqueiro da amizade será neste fim de semana, no Aluizão

Neste fim de semana, o 8º Torneio da Amizade, de Futebol Society promovido pela Associação Casa da União Novo Horizonte, com apoio da Superintendênc

Hospital São José socorria o povo doente, quase um século atrás

Hospital São José socorria o povo doente, quase um século atrás

Só o Hospital São José tratava 169 casos de paludismo em 1934. A malária, doença infecciosa causada por parasitas do gênero Plasmodium, transmitidos p

Lodi, mestre das letras, lança “Varadouro”, contando a história de Maria da Onça

Lodi, mestre das letras, lança “Varadouro”, contando a história de Maria da Onça

Ao longo de duas décadas o escritor, jornalista e poeta Edson Lodi Campos Soares vem resgatando notáveis personagens da Amazônia Brasileira, cuja vi

Gente de Opinião Segunda-feira, 25 de agosto de 2025 | Porto Velho (RO)