Sexta-feira, 18 de maio de 2012 - 18h21
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Donos de mineradora não falavam nos lucros, mas lamentavam quase sempre “a manutenção do maquinário, a alta folha de pagamento de funcionários, a segurança de peças, implementos e viaturas, e gastos com energia elétrica / MÁRIO REZENDE – BLOG CONTANDO CASOS |
MONTEZUMA CRUZ
Editor de Amazônias
O ano é 1985. Espalhados nos dois setores de lavra em que se divide a Mineração Oriente Novo (Liberdade e Pombal, antiga Grota do Alemão), os equipamentos dessa empresa impressionam. A mesma operação feita de modo artesanal e primitivo pelo garimpeiro manual, as plantas gigantescas “deslameiam” o minério, selecionam e, em frações de segundos, obtêm a produção de dez homens juntos.
A operação começa com uma bomba que puxa toneladas de água de um reservatório. Essa água é esguichada violentamente contra os paredões de terra das grotas, formados no meio da floresta. A mistura de areia, água e minerais diversos é, em seguida, escoada por uma segunda tubulação para o jig, um gigantesco complexo de máquinas que seleciona os minérios; a cassiterita, o mais pesado, fica no fundo. As cargas vão para as carrocerias dos caminhões.
Quanta ingratidão na conversa daqueles dirigentes! Deixavam de analisar os milhares de cruzeiros que brotavam à flor da terra em cada segundo da operação para lamentar “a manutenção do maquinário; a alta folha de pagamento de funcionários; a segurança de peças, implementos e viaturas; e gastos com energia elétrica”, quando a Oriente Novo tinha a sua própria usina.
Lamuriavam isso e mais o “risco da invasão de clandestinos.” Gerentes da mineradora procuravam a imprensa para reforçar a denúncia da “presença de milhares de garimpeiros despejados do Setor Balateiro pela Brascan”, em Campo Novo.
O choro de barriga cheia era desmascarado rapidamente. Numa quinta-feira, quando os repórteres chegaram ao local depararam com apenas uma dezena de homens bateando nos refugos (*). Sebastião Carvalho da Silva, um dos “clandestinos”, coitado, não sabia direito que pela lei ainda vigente estava sujeito a ser preso por essa atividade.
Cansado e entristecido com o clima de perseguição, a partir daí ele se fixava num único objetivo: a abertura da temporada de ouro no Rio Madeira. “Quero matar a fome da mulher e de meus quatro filhos que estão me esperando em Ouro Preto (do Oeste).” Disse isso jogando uma pequena pedra de cassiterita num saquinho plástico. No fundo havia uma quantidade que não enchia três colheres de sopa.
Era a “produção” de dois dias. Ao lado da batéia e da enxada, outro saco, de farinha. Era o almoço.
NOTA
(*) Refugos são montes de areia deixados pelas jigs após a lavra do minério.
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